Prefeito Bóca Cunha, candidato à reeleição, fala sobre seu governo e explica suas propostas de campanha

"Nós conhecemos perfeitamente a situação da prefeitura", afirma Bóca

Prefeito Bóca Cunha, candidato à reeleição, fala sobre seu governo e explica suas propostas de campanha

"Nós conhecemos perfeitamente a situação da prefeitura", afirma Bóca

O prefeito José Luiz Cunha, o Bóca (PP), lutou como pôde para garantir um mandato de pouco menos de seis meses. Venceu a eleição indireta realizada em junho, tendo o voto de nove dos 15 vereadores, mas ainda protagoniza disputa judicial com o presidente da Câmara, Roberto Prudêncio Neto (PSD), o qual classifica a eleição como “fraude eleitoral”.

A primeira pergunta a ele direcionada, durante a sabatina, está relacionada ao orçamento da prefeitura. Como se trata do último ano de governo, é preciso que as contas fechem adequadamente no fim do ano, que já teve bastante percalços, em virtude do troca-troca de cargos comissionados, que gera custos elevados de rescisão contratual.

Bóca, por sua vez, disse que não será fácil fechar as contas no fim do ano. Ele afirma que pegou a prefeitura, em junho, com o orçamento bastante comprometido.

“Não vai ser tranquilo para fechar, porque pegamos a prefeitura no mês de junho, quando o orçamento anual estava consumido em mais de 70%, no primeiro semestre”, diz Bóca, o qual informou que os recursos estão sendo utilizados prioritariamente para bancar despesas com saúde.

Caso seja eleito, ele prevê um cenário de dificuldade nas finanças. “O plano de governo do Bóca Cunha e do Sapelli é para os quatro anos, não adianta fazer grandes promessas, não há recursos. E não adianta dizer que vai buscar recursos em Brasília, pois o governo federal e o governo do estado não estão repassando os recursos para as prefeituras”, afirma Bóca.

A indústria e o comércio estão tendo dificuldades, o que reduz o caixa da prefeitura. “Antes de fazer tantas promessas, procure saber de onde vão buscar o recurso”, afirma. “Nós conhecemos perfeitamente a situação da prefeitura”.


Fila zero na saúde

Em seu plano de governo, Bóca promete zerar a fila de espera na saúde pública, na qual a população espera por consultas e exames por prazos a perder de vista. Ele foi questionado sobre como pretende viabilizar essa proposta.

Disse, inicialmente, que a proposta é para alcançar a fila zero em quatro anos de mandato, não imediatamente.

“Nós queremos deixar a fila zero para exames básicos, consultas médicas para o povo mais carente da cidade. Em quatro anos queremos acabar com as filas”, afirma o candidato.

Ele ressalta que há procedimentos de alta complexidade que não competem ao município, mas ao estado, e nesse caso não há como o município intervir.

O prefeito reclama também da falta de pagamentos de mais de R$ 1 milhão, por parte dos governos federal e estadual, que causam problemas no orçamento da saúde.


Tratamento de esgoto

Na gestão de Bóca, foi cancelado o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) que buscava participação da iniciativa privada na implantação do tratamento de esgoto em Brusque. Sua gestão também emitiu parecer que considerou “inviável” a proposta da Rio Vivo Ambiental de iniciar o processo.

“Eu quero ser o primeiro a tratar o esgoto residencial, no qual não tem tratamento nenhum. É um absurdo”, afirma. “De uma maneira ou de outra, vamos fazer”.

O candidato afirma que ainda não sabe ao certo qual modelo deve ser implantado para iniciar o tratamento de esgoto.

Ele diz que é possível isso ser feito pelo Samae, e que poderá buscar financiamento nacional ou internacional, além de parceria público-privada. “São modelos que não decidimos ainda, a partir do dia 2 de janeiro vamos trabalhar neste sentido para ver qual é o melhor”.


Vagas em creche

Bóca também afirma que pretende diminuir a demanda reprimida de crianças que aguardam por vagas nas creches públicas. Bóca não explicou, contudo, se irá construir mais unidades.

Porém, diz que sua prioridade é fazer a manutenção e reforma das já existentes. “Construíram, construíram e construíram, e manutenção zero”, disse, “primeiro vamos fazer a manutenção das creches, reformar, é uma das primeiras metas”.

Ele relembra a entrega da creche do bairro Jardim Maluche, no Antigo Senac, e a trata como realização de seu governo. “Em 60 dias de governo, entregamos uma creche com 200 vagas”.

No entanto, a creche foi iniciada no governo Paulo Eccel (PT), e a reforma continuou durante o governo Prudêncio, cabendo a Bóca apenas a finalização dos detalhes e inauguração.

Ele ressalta, porém, a continuidade. “O Bóca Cunha, ao assumir o governo, não paralisou nenhuma obra”.


Soluções para o trânsito

Há uma discussão que não é consenso entre os candidatos sobre qual deve ser o modal a ser privilegiado no trânsito de Brusque, para dar mais fluidez.

O prefeito Bóca, por sua vez, defende duas propostas. A primeira, de imediato, é abrir novas ruas, mesmo que sem asfalto, que custa caro. “Falar em anel viário é muito fácil, abrir lá, abrir aqui, mas é tudo milhões de reais”.

Ele cita uma estrada antiga que ligava Nova Trento ao Paquetá, a qual pretende abrir para desafogar o trânsito, e também outra, de Varginha para Guabiruba.

Seu outro projeto, já anunciado antes, é a criação de quatro subprefeituras, para descentralizar a máquina pública, levando aos bairros uma estrutura básica. Na visão de Bóca, isso diminuirá, também, o movimento de veículos do bairro para o Centro.


Prolongamento da Beira Rio

Tramitou durante anos pedido de R$ 4 milhões ao Badesc para continuidade do prolongamento da avenida Beira Rio, no sentido Santa Terezinha. Passaram três prefeitos, mas até agora nenhum centavo foi liberado. Em cidades vizinhas, os pedidos de financiamento andaram mais rápido.

Segundo Bóca, atualmente a situação é de que o recurso está disponível, mas a prefeitura está impedida de licitar a obra, por causa do período eleitoral. ele garante, porém, que isso será feito assim que acabar a eleição, e, portanto, será possível avançar quase meio quilômetro na obra.


Segurança pública e guarda

As ideias de segurança pública do candidato não incluem, a princípio, a criação de uma guarda patrimonial, como alguns candidatos estão sugerindo.

“Segurança pública não é responsabilidade do município. Podemos fazer uma guarda armada? Podemos. Mas não é simples, só colocar arma e policiais dentro de uma viatura. Tem que ter autorização do Ministério da Justiça, do poder Judiciário”, afirma Bóca, o qual diz que tem um projeto “mais arrojado”, que consiste em colocar câmeras nas entradas e saídas da cidade, para inibir as pessoas que querem praticar crimes.


Reforma administrativa

Quando assumiu o governo, em junho, Bóca retirou o projeto do seu antecessor, o qual pretendia extinguir algumas secretarias e unir outras. Ele justifica.

“Retirei porque entendendo que isso cabe ao prefeito que toma posse em 1º de janeiro, estou há seis meses, não caberia nem ao ex-prefeito nem ao atual fazer a reforma administrativa na prefeitura”, afirma o candidato do PP.

Ele garante que, se eleito novamente, irá fazer a reforma administrativa, e diz que parte de sua equipe já está trabalhando nisso. Não adianta, porém, nenhuma intenção de corte ou fusão de secretarias.

“Só depois dos meus técnicos apresentarem o anteprojeto”, diz, explicando que ele será debatido com a sociedade, com entidades de classe, a Câmara de Vereadores e o Sindicato dos Servidores Públicos municipais.


Geração de emprego

O candidato foi questionado a respeito de suas propostas para geração de emprego, o qual no último ano teve um decréscimo significativo, em relação aos anos anteriores. Para ele, o início da solução deste problema é colocar um empresário na pasta de Desenvolvimento Econômico.
Segundo Bóca, “não falta empresário bom em Brusque”, e é preciso “começar a dar apoio e incentivo à pequena, média, e grande empresa brusquense”.


Patrimônio histórico

Em seu plano de governo, o prefeito Bóca Cunha promete “proteger os casarões históricos” por meio de tombamento. No entanto, nos últimos anos alguns pedidos passaram pelos gabinetes dos prefeitos, como dos imóveis da Igreja Luterana e o casarão de Dom Joaquim, mas os casos não foram resolvidos.

Bóca diz que, se eleito, vai rever a legislação sobre patrimônio histórico. Ele diz que não pretende acabar com o tombamento, mas mudar sua concepção.

“Vamos mudar. Se não tem recursos para saúde, para educação, vou começar a reformar prédios tombados? Acho que tem que rever, conversar com a sociedade e com os engenheiros e analisar o que é melhor”.

Bóca cita Curitiba como o modelo que pretende implantar, se eleito. “Lá, quando se faz um tombamento, se recua uns quatro metros, preserva a casa, a iniciativa privada cuida, e se constrói um prédio atrás ou ao lado dela. Esta é a minha ideia”, diz.


Confira entrevista na integra:

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