
Uma dor forte na mama enquanto executava tarefas de rotina foi o que fez Katia Aparecida Padoani Vequi, 53 anos, buscar atendimento médico. Após vários exames, incluindo uma ultrassonografia, ela recebeu o temido diagnóstico: câncer de mama.
O ano era 2020 e além de lidar com todos os desafios da doença recém-descoberta, Katia deu início ao tratamento em meio a uma pandemia e a todas as incertezas daquele período. “Foi tudo muito rápido. Em um mês, fiz a cirurgia, uma mastectomia total da mama esquerda, e logo também iniciei as sessões de quimioterapia. E fiquei perdida, se ouvia muita coisa, ainda mais com uma pandemia, então minha filha me incentivou a procurar a Rede Feminina”, conta.
Com a pandemia de Covid-19, as atividades presenciais da instituição não estavam sendo realizadas. Sem poder contar com o acolhimento presencial dos grupos da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brusque, Katia encontrou amparo em uma das profissionais da entidade. “A Adriana, fisioterapeuta, foi quem me acolheu. Eu estava muito perdida. Quando fiz quimioterapia eu passei muito mal, tive que ficar internada em isolamento. Eu tinha muito medo da Covid, porque para mim seria fatal. A Rede me ajudou demais nesse período”, conta.

Em 2021, Katia iniciou as sessões de radioterapia, realizadas diariamente em Blumenau. Ela era uma das pacientes beneficiadas pelo serviço de transporte da Rede. “Ali, eu comecei a admirar ainda mais o trabalho realizado pelas voluntárias”.
Com o término das sessões, no fim de 2021, Katia imaginava que o pior havia passado. Mas o início do ano seguinte trouxe outro desafio: o emocional. “Nos anos anteriores eu enfrentei tudo. Aí, quando baixou a adrenalina, eu só queria ficar em casa. Estava muito deprimida”. Foi um encontro casual no mercado com uma voluntária, Marilete, que reacendeu sua vontade de reagir. “Ela comentou que os grupos de apoio tinham voltado e me incentivou a vir. Esperei mais um mês e comecei a participar”.

A cada novo encontro, o desejo de retribuir o que recebeu da Rede só aumentava. “Eu via o trabalho das voluntárias e pensava muito sobre a doação delas, o trabalho maravilhoso que fazem. Decidi que quando eu pudesse, também me doaria”, relata. Ainda durante o período de tratamento, Katia foi convidada a ajudar no brechó da instituição. “No primeiro ou segundo dia no grupo, a coordenadora da lojinha comentou que as pacientes podiam ajudar. Para mim foi algo natural, fui gostando, e hoje eu amo”.
Atualmente, Katia atua como voluntária no brechó a cada 15 dias e também em outras atividades, como pedágios e eventos. “Esse final de ano é pra eu ter alta, ainda estou no período dos cinco anos, mas já posso dizer que estou voluntariando na lojinha e quero fazer mais ainda”, afirma.

O espaço, além de ser um ponto de acolhida e convivência, é também uma das principais fontes de recursos da Rede. “É pela loja que conseguimos manter as atividades, fazer exames, pagar a gasolina para levar as pacientes a Blumenau”, explica.
Katia fala com orgulho da nova fase que se aproxima: “Ano que vem vou ficar só no voluntariado. Quero passar por vários setores para me descobrir, mas sei que na lojinha vou continuar porque gosto muito”. Para ela, o mais importante é o acolhimento com sorriso e leveza. “Ver que é natural faz toda a diferença. Hoje mesmo ainda frequentando o grupo, me sinto mais como um apoio para as mulheres que estão chegando do que como paciente. Sou a prova de que é possível passar pela doença e faço questão de contar a minha história, como forma de incentivar as mulheres a lutarem com ainda mais confiança”.

Chegando ao fim do ciclo de cinco anos como paciente, e prestes a receber a tão esperada alta, Katia quer seguir o exemplo de tantas mulheres que a inspiraram. “Vejo tantos exemplos de pessoas que passaram por isso há muitos anos e hoje estão aqui, fortes, dando exemplo. É isso que quero ser: uma referência para as pessoas acreditarem que é possível, sim”.
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