Quadro de professores graduados em Brusque ainda não atinge 100%

O ideal, segundo especialista, é que todos os contratados tenham formação superior

Quadro de professores graduados em Brusque ainda não atinge 100%

O ideal, segundo especialista, é que todos os contratados tenham formação superior

Em Brusque, cerca de 80% dos professores da rede municipal e 63% da rede estadual estão habilitados, ou seja, possuem formação superior em pedagogia ou em áreas específicas da licenciatura, como matemática e história. O número, de acordo com a mestre em Educação da Univali, Sandra Cristina da Silva, não é o ideal, uma vez que apenas os profissionais com graduação têm conhecimento específico.

Através da qualificação, explica Sandra, os professores agregam “lições indispensáveis” para aplicação no dia a dia da sala de aula. Ao contrário dos não habilitados, que não desfrutaram do ensino e não têm os mesmos conhecimentos adquiridos na formação superior. A especialista também afirma que, cada vez mais, os alunos exigem qualidade na educação e essa qualidade só é transmitida, como em qualquer outra área, por profissionais graduados.

“Os profissionais atuantes nas redes municipais e estaduais precisam ter formação superior. Os graduados compreendem a importância do planejamento das aulas, aprendem a planejá-las, aprendem sobre as necessidades do aluno e aprendem, principalmente, como transmitir os conhecimentos adquiridos na universidade. O que se espera de uma rede de ensino é que ela foque nos profissionais formados e auxilie para aumentar a qualificação”, diz.

Ao mesmo tempo em que Sandra solicita a contratação de professores com nível superior, os responsáveis pelas redes estaduais e municipais de Brusque e a coordenação do curso de Pedagogia da Unifebe se contrapõem na questão da falta de profissionais no mercado. A coordenadora do curso de Pedagogia, Marcilene Popper Gomes, afirma que a desvalorização do profissional de ensino pesa no momento de escolher a formação.
“Ser professor não traz retorno financeiro. Há muitas pessoas que gostam de lecionar, mas decidem não se dedicar a isso em relação aos baixos salários. Houve um aumento nos salários nos últimos tempos, mas mesmo assim ele ainda não acompanha o crescimento do mercado. Está muito difícil encontrar professores habilitados na região”.

De acordo com Marcilene, devido à falta de procura pelos cursos de licenciatura, a Unifebe fechou os cursos de História e de Letras. No entanto, nos últimos três anos, a procura pelo curso de Pedagogia aumentou. As turmas, que antes tinham cerca de 15 alunos, hoje contam com cerca de 35 acadêmicos.

Embora os cursos tenham fechado as portas por falta de interesse, o gerente da Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Brusque, Rodrigo Cesari, reclama da falta de opções oferecidas pelas universidades da região. Ele diz que, além das poucas possibilidades, as áreas são limitadas.

“Há poucas opções de atuação e pouco oferecimento de curso pelas universidades na nossa região. Isso faz com que as pessoas que buscam matemática, química, física e biologia migrem para outras cidades. E assim fazem carreira longe daqui. Essas quatro áreas são as mais difíceis de encontrar professores formados”.

Enquanto o gerente da SDR aponta a falta de cursos como responsável por afastar os profissionais e a coordenadora da Pedagogia aponta o salário, a secretária de Educação de Brusque, Gleusa Fischer, aborda a falta de interesse das pessoas pela carreira de professor. Isso se dá, segundo ela, em virtude de outras alternativas de empregos existentes na cidade. A secretária defende também que, ao contrário do que diz Sandra, a profissão está mais valorizada financeiramente.

“O nível de interesse pela profissão de professor é pouco na região, mas gradativamente as universidades estão oferecendo opções. E ser professor é muito bom, tem uma série de vantagens, como fazer parte da educação de milhares de crianças e jovens. A profissão é muito conceituada e está cada dia mais sendo valorizada, inclusive no lado financeiro”.

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