Estou cada dia que passa mais assustada com o aumento do feminicídio no Brasil e, principalmente em SC. Não houve um dia na semana em que não foi veiculado a notícia de que uma mulher foi morta pelo parceiro.

Só no ano passado, foram 1.133 mulheres mortas no Brasil e neste ano estamos quase ultrapassando essa marca. É assustador ver que, apesar das leis, mulheres morrem nas mãos daqueles que, um dia, disseram que as amavam.

Infelizmente, o homem não aceita perder, tem aqueles que pensam: “se não for minha, não será de mais ninguém!”. Por puro egoísmo, acabam com a vida da parceira de maneira cruel e brutal.

Isso quando não tem filhos no meio. Quando tem, o caso fica ainda mais grave. Quando não ficam órfãos, acabam mortos simplesmente porque o parceiro não aceitou a separação. Muitas ficam com medo de denunciar, porque são financeiramente dependentes, porque não lhes é permitido trabalhar. Quando denunciam, muitas vezes voltam atrás porque acreditam que o parceiro vai mudar. Não vai!

De que adiantam medidas protetivas, se não temos contingente policial para cumpri-las? De que adianta a denúncia se, às vezes, até na própria delegacia que deveria apoiá-la, tira a mulher do status de vítima, para a de causadora de conflito?

Não temos políticas públicas de apoio a essas mulheres. Não temos uma rede que as acolha!

Aqui no Brasil, temos muito que progredir no que diz respeito a leis de proteção às mulheres. Eu sou mãe de meninos. Estou os educando para respeitar as mulheres, quero que eles saibam que quando um relacionamento termina, há várias outras mulheres no mundo, que todo término deve ser respeitoso e que jamais, em tempo algum, a violência será aceita.

Como mãe de menina, educo minha filha para jamais aceitar que, seja quem for, a faça se sentir inferior. Que jamais aceite qualquer tipo de violência. Que ela não dependa de homem para nada. Que um relacionamento é soma, respeito e que quem estiver com ela deve saber disso!

Essa violência está me assustando. Espero que o próximo governante do nosso país crie leis mais severas contra o feminicídio e também maneiras mais eficientes de proteger a mulher e seus descendentes.

Precisamos gritar muito alto, pois o silêncio é a pior das prisões.

Carina Raquel Podiatsky – agente comunitário de saúde