Todos os anos o elenco da peça Paixão e Morte de um Homem Livre conta com várias pessoas para interpretar Jesus. O intuito é otimizar a apresentação, tendo em vista a largura do palco e a necessidade de estar presente na maioria das cenas, é difícil para apenas uma pessoa fazer o personagem.

Por esse motivo, oito pessoas darão vida ao nazareno que foi crucificado, durante 32 cenas da paixão e morte de Cristo. Neste ano, Jesus é quem narra sua própria história.

Voluntários contam como receberam o convite para interpretarem o personagem principal / Foto: Ideia Comunicação

O bebê Jesus
A pequena Lorena Delagnelo Kormann tem três meses e um papel importante na peça. Ela interpretará Jesus Cristo quando bebê. A mãe, Camila Delagnelo Kormann, acredita que o fator decisivo para escolha da bebê foi o fato dela também participar da peça, interpretando Veronica. A personagem acompanha a via sacra de Jesus e é responsável por enxugar o rosto dele na primeira queda do nazareno.

Veja também:
Imóvel dos Correios: tribunal adia julgamento de recurso da Comunidade Luterana 

Dentista brusquense viaja até a Angola para auxiliar povoado carente

Justiça condena loja de Brusque a indenizar cliente que teve veículo furtado em estacionamento

 

Camila conta que quando Lorena recebeu o convite, ela e o esposo ficaram extremamente felizes. A família tem um forte envolvimento com a igreja e a comunidade, motivo que Camila considera que também pesou na escolha dos papéis.

Lorena Delagnelo Kormann, no colo da mãe Camila, interpretará Jesus quando bebê / Foto: Eliz Haacke

Ela afirma que será difícil segurar a emoção no dia, tanto por ver a filha no palco quanto pelo papel que fará na peça. “Estou tentando me preparar para isso, mas com certeza será um dia de muita emoção. A expectativa, em primeiro lugar, é que ela fique tranquila no dia”, enfatiza.

Dedicação ao papel
Com apenas oito anos, Alois Baumgärtner Kohler interpretará Jesus enquanto criança. No entanto, não é a primeira vez que ele participa da peça. Quando ainda estava grávida, a mãe, Edivania Baumgärtner Kohler, já participava do espetáculo.

O menino também chegou a fazer uma participação como povo, mas o convite para ator principal surgiu nesta edição. Ele recorda que estava na residência de um dos amiguinhos e soube que uma surpresa lhe aguardava.

Alois Baumgärtner Kohler com a mãe Edivania que está muito feliz pela participação do filho / Foto: Eliz Haacke

Alois ficou muito emocionado com o pedido. A mãe explica que a família participa da peça há anos, mas esta será a primeira vez que alguém fará o personagem mais importante. “Fiquei muito feliz por esse momento porque combina com ele. Ele é uma criança muito participativa na comunidade”, afirma Edivania.

Ela também revela que durante à noite antes de dormir, muitas vezes encontrou Alois estudando as falas. Para ela, apesar de ser criança, ele não negou a responsabilidade e se dedicou integralmente ao personagem.

Preparação
Quem assume o papel de Jesus na adolescência é Valter João Rieg, 14, que foi convidado pelo professor Marcelo Carminatti para participar da peça.

Ele achava que o papel seria mais difícil, mas com todos os ensaios garante que está mais fácil. Além disso, Rieg já participou de um teatro em um acampamento, fato que lhe trouxe mais experiência. Mesmo assim, ele está ansioso para viver Jesus nos dias 18 e 19 de abril.

Valter João Rieg recebeu o apoio dos pais para participar da peça / Foto: Eliz Haacke

Tranquilidade
Pela nona vez Fabio Luis Kormann, 50, dará vida ao nazareno. Ele lembra que na primeira vez que interpretou o papel ficou surpreso com o convite. “Tudo era novidade. Toda equipe e toda estrutura eram bem maiores do que eu conhecia”, relembra.

Hoje ele fica mais tranquilo antes de subir ao palco. Neste ano ele participará de quatro cenas e afirma que as expectativas são boas. Para entrar no personagem, Kormann procura se aprofundar nos textos da bíblia, assiste filmes que retratam a história de Jesus e procura fazer um momento de silêncio para se concentrar.

“Com a apresentação dos outros personagens, porque seremos cinco Jesus, um se espelha no outro e conseguimos dar uma desenvoltura melhor no palco”, diz.

Fabio Luis Kormann confessa que se espelha nos colegas de palco para manter o mesmo nível na atuação / Fabio Luis Kormann

O narrador
A maior responsabilidade da peça ficou a cargo de Carlos Woitexen Filho, 49, que além de interpretar Jesus, é o narrador do teatro. Neste ano, Cristo narrará sua própria história. Ele participa da peça desde 1994, mas faz o papel do protagonista desde 2001.

Com sorriso no rosto, Woitexen avalia que encenar Jesus é indescritível. “Não tem emoção maior do que fazer esse papel.” Ele já ouviu de alguns colegas que por interpretar o mesmo personagem a tanto tempo, já sabe como fazer. No entanto, ele garante que nunca é a mesma coisa.

“Cada ensaio é sempre uma emoção nova, é algo que desperta uma espiritualidade maior que sempre cresce”, enfatiza. Ele garante que até hoje ainda sente o frio na barriga antes de subir ao palco.

Carlos Woitexen Filho dá vida a Jesus Cristo e narra o teatro neste ano / Foto: Eliz Haacke

Por interpretar o personagem mais importante, o ator procura “manter numa linha na minha vida pessoal também”. O católico cultiva a religião desde criança, coisa que aprendeu com os pais que o ensinaram a seguir o caminho de Deus. Por isso, ele considera que a peça tem muitos valores, mas o principal é a fé.

Paz interior
Jansen Gums, 37, já havia interpretado Jesus na edição de 2017 e foi convidado para viver o Nazareno novamente neste ano. Está é a sexta vez que ele participa da encenação. Para ele, dar vida a Cristo é uma experiência incrível. “Poder reviver o que essa pessoa passou há muitos anos é muito emocionante”, revela.

Cada apresentação do teatro proporciona uma emoção diferente para Gums. Ele compara o ambiente dos ensaios a um retiro espiritual. “As coisas aqui são calmas, tranquilas. De forma simples e humilde você consegue apresentar um bom espetáculo”, pontua.

Jansen Gums interpreta Jesus pela segunda vez / Foto: Eliz Haacke

De soldado para Jesus
Pela segunda vez, Vagner Jose Valentim, 33, participa do teatro. Ele conta com alegria que na edição de 2017 interpretou um soldado e para este ano foi chamado para fazer o papel principal. “De soldado já saltar logo para Jesus que é o papel principal foi uma coisa bem nova para mim e até um pouco assustadora”, confessa.

Após algumas conversas com a diretora Rejane Habtzreuter Schilndwein e o diretor da edição passada, Marcelo Carminatti, Valentim afirma que ambos passaram tranquilidade para ele, o que motivou na aceitação do papel.

Vagner Jose Valentim fez o papel de um soldado na última edição e agora será Jesus Cristo / Foto: Eliz Haacke

Como o personagem é uma novidade, ele procurou embasamento nos atores das outras edições para manter o ritmo apresentado pelo teatro. Além disso, ele também buscou inspiração em filmes que retratam a vida de Cristo.

Veja também:
Samae de Brusque emitiu 41 advertências durante período do decreto de racionamento 

Procurando imóveis? Encontre milhares de opções em Brusque e região

Evanio Prestini cancela pedido de habeas corpus no STJ

Ele participará de cinco cenas e confessa que está ansioso para a estreia. “É quando o coração vai bater mais forte então a expectativa é imensa para aquela hora”, revela.

Novo desafio
Participando do teatro desde 2005, é a primeira vez que Inacio Nuss Junior, 38, viverá o protagonista da peça. Ele encara o papel como um desafio e diz que ficou motivado e empolgado com o convite.

É a primeira vez que Inacio Nuss Junior viverá Jesus Cristo no palco do teatro / Foto: Eliz Haacke

Para ele, o teatro já faz parte da páscoa e nos anos em que não existe a apresentação, o período pascal é diferente. “O ano que tem o teatro a tua páscoa é diferente e tem mais sentido, porque são vários domingos que você vem aqui, se prepara, antes do teatro tem a questão espiritual com a oração. Então tudo isso vai ajudando e a páscoa acaba sendo diferente”, enfatiza.

Segundo Nuss, todos os personagens são de suma importância para o sucesso do teatro. Ele acredita que por interpretar Jesus, qualquer gesto acaba sendo importante para o público. “Se cada um faz bem feito, com emoção e carinho, tudo acontece e acaba tendo um final feliz”, finaliza.