Mais uma vez, acabou a minha infância. Ok, eu sei, é uma infância que já foi assassinada e ressuscitada várias vezes. A cada ídolo que morre, a cada série que é relançada em caixas… a infância vai ou volta, comprovando, toda vez, que nossas primeiras memórias são sempre as mais fortes.

Tive a sorte de nascer a tempo de ver a série Batman de 1966 na TV, praticamente em tempo real (claro, respeitando a demora natural, naqueles tempos, para que as novidades gringas chegassem à nossa TV).

Para mim, a série que costuma ser rotulada como camp é a primeira referência, quando penso no Homem-Morcego. Não li gibis antes, não conhecia o espírito mais soturno do personagem. Para mim, Batman começou com Adam West, com as histórias passadas na mesma bat-hora, no mesmo bat-canal, com o Robin de Burt Ward exclamando “santos anagramas, Batman” e, claro, todas as onomatopeias. Pow! Bam! Kapow! Zlopp!

As cores. Os vilões. Os convidados famosos nas famosas cenas da janela que se abria enquanto a dupla dinâmica fingia que escalava prédios. Os figurinos replicáveis. Os efeitos toscos que não diminuíam em nada a credibilidade de cada história. A violência muito reduzida (os mocinhos não mataram nenhum vilão nas três temporadas da série!), o humor adorável, o exagero na medida certa.

Agora, ficamos sem o humor verdadeiro de Adam West, morto aos 88 anos, vítima da leucemia. Ainda bem que houve tempo para homenageá-lo em um episódio agora imperdível de The Big Bang Theory.

Santa injustiça essa morte, Batman!