2018 foi (já podemos falar neste ano no passado, será?) um ano em que muitos artistas mais velhos morreram. A gente fica triste, mas sempre existe o consolo de que a pessoa viveu bastante, consolidou sua obra e deixou seu legado. Não é o caso de Arthur Maia.

O baixista, um dos mais conceituados do Brasil, morreu na manhã do último sábado, de parada cardíaca. Tinha 56 anos.

Ele tocou em discos de todo o primeiro time da MPB – de Gil a Marisa Monte – e lançou discos mais alinhados ao jazz e ao funk. Fez parte da banda Black Rio, do Cama de Gato e, na área mais pop, do Egotrip (junto com Pedro Gil).

A notícia da morte do músico disparou um gatilho de homenagens merecidas. Caetano Veloso publicou em suas redes sociais: “um infarto levou, ainda muito jovem para isso, o nosso amado Arthur Maia. Tive o prazer de tocar com ele tantas vezes, em palcos e estúdios. Um dos reis do suingue brasileiro, Arthur tinha aquele toque de Niterói. Foi contrabaixista de Gilberto Gil por muito tempo. No show do Tropicalia 2, ele nos acompanhou, Gil e eu tivemos, juntos, o peso harmônico e rítmico do talento. Sentiremos sempre saudade dele“.

Por outro lado… seres que habitam as caixas de comentários dos portais de notícia não perderam tempo. Entre outros absurdos, houve quem dissesse que todo artista é vagabundo e maconheiro, que já foi tarde, que devia ter levado junto toda a “corja da MPB”. Houve quem dissesse “e daí, eu nunca nem ouvi falar nele”, como se a ignorância fosse algo de que a gente deva se orgulhar.

É de se lamentar a morte de um grande músico. E também a morte dos limites e do bom senso. E o fortalecimento da boçalidade egocêntrica. Vivemos uma verdadeira egotrip sem destino.