Já faz um bom tempo em que as manhãs de sábado chegam meio pesadas, com alguma má notícia chocante. Mas esta semana… digamos que o final de semana começou mais cedo e a notícia triste veio no despertar da sexta-feira. A morte de Anthony Bourdain.

Ele se tornou conhecido, muito mais do que por ter sido chef, pelos seus programas de TV em que corria o mundo mostrando a cultura de cada lugar, a partir da gastronomia. Ao contrário de chefs como Gordon Ramsay, Jamie Oliver e até o não chef made in Brasil Rodrigo Hilbert, a prioridade de Bourdain era mostrar o mundo como ele é – e como, normalmente, a gente não vê. Tendo meio que largado mão de seu passado como chef, ele não usava as viagens como referência para recriar pratos (e lançar livros). Ele experimentava, mostrava a realidade ao redor, conversava com chefs locais e “pessoas comuns”… e pronto. Sem apropriação da cena alheia.

Para um sujeito que parecia ser tão sarcástico, cético, tão “sex, drugs and rock’n’roll“, tão outsider… a gente pode até estranhar que seus programas fossem tão respeitosos e, a gente até pode dizer, empáticos. Suas incursões a zonas de guerra civil (ou não civil) atestam esse espírito de reportagem engajada.

Ele tinha 61 anos, estava gravando um episódio de seu Parts Unknown (produzido pela CNN, o que é bem sintomático) na França. Foi encontrado morto em seu quarto de hotel pelo amigo e chef Eric Ripert, que publicou em suas redes sociais: “rezo, do fundo do meu coração, que ele esteja em paz“. É ele quem está junto de Bourdain na foto aí acima. E abaixo.

 

O desejo de Ripert se justifica pelas declarações de que Bourdain sofria há muitos anos de depressão. E depressão, a gente sabe, pode ficar bem disfarçada, enquanto a pessoa parece ser bem resolvida, bem-sucedida e razoavelmente feliz. É muito triste e, mesmo de longe, a sensação de perda que a gente sente é tremendamente real.

Para homenageá-lo, que tal uma playlist que foi feita por um usuário do Spotify, com músicas que fizeram parte da trilha de um dos programas dele?