Rede de Vizinhos ajuda a reduzir criminalidade no bairro Águas Claras

Programa implantado em 2016 integra a comunidade aos policiais militares

Rede de Vizinhos ajuda a reduzir criminalidade no bairro Águas Claras

Programa implantado em 2016 integra a comunidade aos policiais militares

A sensação de insegurança no bairro Águas Claras levou moradores a buscarem apoio da Polícia Militar. Desde os primeiros contatos, eles partiram para a implantação do programa Rede de Vizinhos, há cerca de dois anos, com três células atuantes no bairro.

A escolha do ano de 2016 para implantação não foi por acaso. O ano é indicado por comerciantes do bairro como um dos anos com maior taxa de furtos e roubos em estabelecimentos e residências.

Pelo Rede de Vizinhos, um grupo de Whatsapp auxilia no repasse de informações entre os integrantes. Para fazer parte dele, e da rede, moradores e comerciantes são cadastrados e as informações complementam os bancos de dados da Polícia Militar. Policiais e contatos de setores internos do órgão também fazem parte do grupo.

Moradora do Águas Claras, Maria Vargas acredita que a presença mais recorrente da PM no bairro auxiliou a reduzir a sensação de insegurança, considerada crescente nos últimos anos.

A rotina do bairro, de acordo com ela, começou a ser alterada nos últimos 15 anos, com o aumento rápido da população local. Apesar da casa dela não ter sido alvo de furtos, considera a recorrência de casos entre vizinhos e moradores de ruas próximas preocupante. “Desde que me conheço por gente, nunca tinha visto algo assim”.

Dois furtos em um dia
Até a implantação da Rede de Vizinhos a rotina do lojista Vander Knihs era de apreensão. A sensação de segurança do bairro onde nasceu já era só uma lembrança. “Na minha infância as casas aqui não precisavam de muro, hoje, a minha tem um de dois metros e não deixo roupa no varal”.

Administrador do grupo de uma das células do bairro, lembra ter decidido procurar o programa após uma série de furtos no comércio local, em 2016, que durou cerca de dois meses. Só a loja de roupas dele foi furtada duas vezes em um mesmo dia.

O primeiro caso ocorreu durante a tarde, quando dois homens em uma moto cometeram o crime na loja dele e em uma farmácia próxima. Na época, levaram o celular de uma funcionária. Durante a noite, três pessoas em um carro quebraram a vitrine e levaram cerca de R$ 50 mil em produtos.

Para garantir o funcionamento do grupo, afirma, eles são criteriosos na avaliação de novos membros. O controle do conteúdo também é feito, como forma de facilitar o acesso às informações. Hoje, são 78 integrantes, entre moradores, comerciantes e representantes da PM.

Aloísio Colzani mora e mantém um mercado no bairro há seis anos. Membro da Rede de Vizinhos desde o início do programa no bairro, viu na medida uma forma de prevenção. “É uma boa ferramenta. Claro que, se um bandido quer assaltar, ele vai assaltar, mas acaba inibindo muitos casos”.

Desde o início do programa, afirma ter percebido uma união maior maior entre comerciantes e moradores. Com a troca de mensagens, além de evitar casos mais sérios, o empresário destaca a possibilidade de redobrar a atenção para golpes percebidos pelos colegas, como distribuição de notas falsas.

Proximidade comunitária
Medidas semelhantes ocorrem no estado desde 2016, segundo o sargento da PM de Brusque, Edson Sidney Gielow. Ele acompanhou a implantação do projeto no bairro e destaca os efeitos do programa na sensação de segurança dos moradores e comerciantes locais.

Com os debates motivados com a organização do grupo já foi possível organizar melhorias no bairro, como no caso da rua Arnaldo Lusolli. A via acumulava ocorrências de furtos devido à rotina dos moradores e falta de vigilância no local. “Quando não há uma vigilância natural, o criminoso acaba procurando estes locais”.

Parcerias entre membros da rede, polícia e poder público levaram a melhorias na iluminação pública, roçadas e instalação de câmeras de monitoramento. Segundo ele, iniciativas semelhantes também auxiliam no fortalecimento de vínculos não só entre a PM e a comunidade,mas entre moradores das áreas atendidas pelo programa.

O sargento salienta que a comunicação mais próxima e o repasse de informações pelas redes sociais não substitui o contato pelo 190. Considera as informações repassadas pelos diferentes grupos criados pelo programa como canais de auxílio para o trabalho das equipes e como ferramenta de prevenção entre os membros.

Reflexos nos números
De acordo com Gielow, só na área atendida pelo 18º Batalhão da PM, 58 redes foram criadas e outros cinco pedidos estão sendo analisados para implantação. No caso do bairro Águas Claras, três células foram criadas. Os resultados estão nos números de ocorrências atendidas no município.

O sargento reconhece a dificuldade de se encontrar uma solução para as demandas da segurança pública, mas destaca os resultados atingidos com a integração comunitária.

Desde a implantação da rede, o número de roubos caiu de 203, em 2016 para 93, em 2017. Entre os furtos, com comerciantes como as vítimas mais comuns, a queda foi de 716 para 662 entre os dois anos. Em 2018, foram 46 casos de roubo até o momento, um a menos, em comparação com o mesmo período do ano passado. Os furtos passaram de 312 para 298.

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