Pela primeira vez na História estamos vendo uma geração que possivelmente viverá menos que seus pais e avós. Tal fato se deve à obesidade e as complicações metabólicas decorrentes da mesma. A obesidade acarreta milhares de pessoas no mundo inteiro e diferentes fatores ambientais podem contribuir para esse aumento, entre eles o fator alimentar, e mais especificamente o refrigerante.

O refrigerante começa a ser oferecido para crianças ainda muito jovens, talvez pelo fato da publicidade em cima desses produtos ser tão grande e tão forte, que a família inteira acaba acreditando que são bons para as crianças e muita gente acha um absurdo “privá-las” de comer “coisas de criança”.

“-Tadinhas das crianças que não tomam refrigerantes, deixe elas viverem e experimentarem as coisas boas da vida”. Essa frase já foi dita ou ouvida por você? Pois bem, o refrigerante é uma bebida extremamente rica em açúcar. Açúcar simples, altamente absorvido em questão de minutos, que causam um estrago enorme no seu corpo, aumentando a produção de insulina, fazendo seu fígado trabalhar rapidamente convertendo esse açúcar em gordura. A cafeína presente nessa bebida, fará você dilatar suas pupilas e sua pressão arterial poderá subir. O corpo responderá jogando mais açúcar na corrente sanguínea, virando uma bola de neve. O refrigerante é adicionado de ácido fosfórico, que mascara o sabor ultra doce para você não vomitar quando tomar. Esse ácido é absorvido junto com o açúcar e se liga ao cálcio, magnésio e zinco tirando elementos ósseos para manutenção do ph sanguíneo, podendo aumentar o risco de osteoporose e pedras nos rins.

refriOutros estudos demostram que o ácido fosfórico (também presentes nos sucos de caixa, sucos em pó, e alguns alimentos industrializados) inibe uma enzima chamada FGF23 (fator de crescimento de fibroblastos) que impedem a conversão de 25- OH – vit D em 1-2 – OH vit D a forma ativa da vitamina D, agravando o risco de desenvolver doenças.

Além disso, temos o corante caramelo 4 ou corante artificial marrom em refrigerantes colas e outros produtos. Esse produto é feito a partir da reação da amônia com açúcares sulfitos sob alta pressão e temperaturas. Reações químicas resultam na formação de 2-metilimidazol e 4-metilimidazol que, em estudos realizados pelo governo norte-americano, foram relacionados aos cânceres de pulmão, fígado, tireóide ou leucemia nos ratos de laboratório. Engraçado que nos EUA a quantidade máxima de 4-metilimidazol é até 4 mg, sendo que no Brasil é permitido 267 mg, a maior quantidade encontrada de 9 países.

Mas não pensem que a solução é substituir o refrigerante pelo zero. Eles são muitas vezes piores devido ao tipo de adoçante adicionado, que tem mostrado uma relação com diversas alterações orgânicas como: perda da função renal, aumento da prevalência de obesidade, aumento de apetite, alteração dentária, hiperestimulação pancreática para liberação de insulina (levando à falência do pâncreas e diabetes). Vamos combinar que gostoso é. Porém, trata-se de uma questão de hábito. Depois da diminuição do consumo, o efeito causado pela quantidade de açúcar e cafeína fará você diminuir a procura.

O Ministério da Saúde vem tentando regular as propagandas destinadas ao público infantil e a disponibilidade de produtos processados e ultra processados nas escolas, mas só isso não basta, já que os produtos continuam sendo vendidos em todos os lugares. É necessário resgatarmos nossa relação com a “comida de verdade” e vocês pais, comecem a se questionar o que realmente é saudável para seu filho. Criança não sabe distinguir o certo do errado. O paladar de todas as pessoas sempre vai optar pelo sabor mais doce e mais gorduroso, é da nossa natureza. Cabe a nós sabermos educar corretamente e impor limites. Por isso, refrigerante,  de vez em nunca.

 

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Ariane Serpa – Nutricionista