Reunião sugere criação de grupo de trabalho para discutir situação dos moradores de rua em Brusque
Encontro foi realizado na noite desta quinta-feira
Reunião sugere criação de grupo de trabalho para discutir situação dos moradores de rua em Brusque
Encontro foi realizado na noite desta quinta-feira
- 17/11/2021
- 21:00
Encontro realizado na Câmara de Vereadores discutiu na noite desta quarta-feira, 17, a situação dos moradores de rua em Brusque. A reunião foi proposta pelo presidente da casa, Alessandro Simas, com o objetivo de encontrar soluções para o problema que é considerado grave.
“Tenho recebido reclamações constantes de moradores e proprietários de estabelecimentos que são interpelados diariamente por esses cidadãos”, relata Simas.
O presidente da Câmara também levantou a questão do albergue e do Centro Pop, instituições destinadas a atender os moradores de rua, que estão localizadas no Centro da cidade.
“Ali não é o lugar adequado para o albergue. O objetivo dessa reunião é que a gente possa criar mecanismo para dar um basta nesta situação que temos hoje. Tínhamos um problema pequeno, que foi se tornando médio e hoje a realidade é um grande problema”.
O comandante do 18º Batalhão de Polícia Militar de Brusque, tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho, afirma que atualmente a cidade tem mais de 150 moradores de rua, inclusive, com problemas com drogas.
Ferreira Filho também apontou a localização do Centro Pop como um problema. Para ele, o ideal seria transferir a instituição para algum bairro. “O Centro Pop no Centro da cidade é como um hotel para eles. Precisa urgente sair dali e ir para um bairro. Hoje, o morador de rua olha Brusque com bons olhos porque as pessoas ajudam muito. Não podemos dar esmola, isso estimula eles ficarem na rua”.
Entre as sugestões do comandante para o problema, está a criação de um grupo de trabalho envolvendo os órgãos de segurança da cidade, a Secretaria de Assistência Social e entidades. O tenente-coronel também pediu a aprovação de um projeto de lei que proíba o consumo de bebida alcoólica nas ruas de Brusque.
“A PM não vai conseguir resolver o problema sozinha. Se não unirmos forças para resgatar a dignidade, os valores, ensinar a trabalhar, cumprir regras, não vai dar certo. Enquanto for só direitos e deveres zero, o problema vai só agravar”.
O suplente de vereador Valmir Ludvig afirma que é difícil mudar a cultura de uma pessoa de uma hora para outra e, por isso, o diálogo é o melhor caminho para tentar resolver a situação.
“Eles não são vagabundos, a droga não está só no meio deles, está nos apartamentos de gente rica também. 90% dos moradores de rua querem sair dessa situação, mas não conseguem. Ter uma boa relação com eles é possível e quem sabe nessa boa relação se consegue resolver”.
Acordos sem sucesso
A coordenadora do Centro Pop, Fabiana Santos Gascoin explicou sobre as abordagens realizadas pela equipe às pessoas em situação de rua. De acordo com ela, o caso das proximidades da Figueira, no Centro 2, é diferente do que ocorreu com o prédio dos Correios, por exemplo.
“Agora, não há invasão de um prédio, eles ficam na rua. Já tentamos acordos com essas pessoas, mas tem alguns muito debilitados pelo álcool, pelas drogas e não aceitam. A maioria são moradores de Brusque há mais de 10 anos e agora estão na rua. Acredito que é válido intensificar a abordagem, mas só eu e mais uma pessoa não consegue. Precisamos de muito apoio”.
O secretário de Assistência Social, Jocimar dos Santos, destaca a dificuldade de resolver a situação, já que este não é um problema exclusivo de Brusque e é bastante complexo. “Fazemos abordagens, tentamos tirar eles da situação, mas não aceitam. Eles migram de um lugar para outro, não podemos exigir que saiam da rua. Temos leis que precisam ser seguidas. Fechar o albergue e o Centro Pop não vai resolver, vai piorar a situação”.
Também participaram da reunião representantes do Conseg, da Comissão de Direitos Humanos da OAB e da Defensoria Pública.