Em Nova Trento, Rosamaria fala sobre Olimpíadas, formação, futuro e passagem por Brusque

Medalhista de prata em Tóquio, atleta é homenageada na cidade natal e já se prepara rumo ao Sul-Americano

Em Nova Trento, Rosamaria fala sobre Olimpíadas, formação, futuro e passagem por Brusque

Medalhista de prata em Tóquio, atleta é homenageada na cidade natal e já se prepara rumo ao Sul-Americano

A medalhista olímpica Rosamaria Montibeller recebeu a imprensa na Prefeitura de Nova Trento na manhã desta sexta-feira, 13, para falar da campanha nos Jogos de Tóquio, de seu futuro e de sua formação no vôlei pelo projeto da cidade. A oposta da seleção brasileira de vôlei e do Igor Gorgonzola Volley Novara-ITA levou a medalha de prata e recebeu homenagens das autoridades presentes.

Em 2010, aos 16 anos, Rosamaria representou Brusque nos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), realizados na cidade. Foi uma das primeiras competições adultas disputadas pela atleta, que se destacou e chegou a jogar pelo Brusque/Guabifios na Superliga 2010-11. Ela já integrava as seleções de base na época.

“Lembro que fui sem muita expectativa. Fomos para compor a equipe de Brusque nos Jasc. Teve a Superliga ali, e joguei pela equipe do Brusque/Guabifios, logo depois. Lembro de ser uma menina, de ter ido me divertir. Não esperávamos chegar na final [a equipe ficou com a prata após final contra Rio do Sul], a gente conseguiu fazer um trabalho legal. Tenho a imagem do ginásio na minha cabeça, e foi um dos primeiros passos da carreira. Foi super importante.”

Prata

Rosamaria afirma que o ciclo olímpico da seleção dos Estados Unidos foi mais regular com menos mudanças na equipe. Ela reitera a força da equipe brasileira, mas afirma que preparação foi fundamental para que as adversárias terminassem com o ouro.

“Estávamos almejando o ouro, óbvio, Cada campeonato, cada time tem uma história, sua realidade. Mas não éramos colocadas como favoritas. Por isso digo que conquistamos a prata. Nosso time corria por fora. Havia outros times fora de série, muitas coisas colocavam a gente como quarta ou quinta força. (…) Sei que conquistei a vaga para estar lá.”

A oposta relata que ainda está longe de chegar ao seu auge, e espera evoluir muito tecnicamente na sequência da carreira. Ela citou o exemplo da meio-de-rede Carol Gattaz, sua colega de seleção aos 40 anos.

Fama

O desempenho de Rosamaria nas Olimpíadas a tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, trazendo inúmeros fãs, elogios e memes. Seu perfil no Instagram superou a marca de 1 milhão de seguidores.

“Não trouxe como pressão [o reconhecimento], mas como coroação de um trabalho que fiz. Claro, falaram muito meu nome, mas foi um trabalho de equipe muito forte. Gosto muito de ressaltar isto. Se eu consegui entrar naquele momento e ser decisiva em momentos importantes foi porque a gente trabalhou muito. Trabalhei muito sem saber se viria uma oportunidade. A oportunidade apareceu e eu consegui desempenhar um papel importante. Eu e toda a equipe, naquele jogo contra a Rússia.”

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Foto: João Vítor Roberge/O Município

Investimentos na base

Perguntada sobre os incentivos que as categorias de base precisam ter para a formação de novas atletas, Rosamaria comentou sobre a necessidade que as diferentes modalidades precisam para ter condições decentes de conquista. Para a medalhista, as histórias de superação podem ser bonitas, mas não teriam tantas dificuldades se o esporte recebesse o apoio adequado.

“A gente tem que parar de achar lindo, ‘ai, ele superou as dificuldades’. Claro que é bonito, mas não precisa, às vezes, ser tão difícil. A gente tem que melhorar esse cenário para os atletas, para que cada vez mais veja estas medalhas para o Brasil. Material humano a gente tem, capacidade a gente tem, então a gente tem que facilitar o caminho. A história de superação, mas às vezes não precisa de tanto sofrimento. A gente tem condição de melhorar a vida destes atletas.”

“Na Olimpíada, todo mundo acha lindo. Mas e nos quatro anos antes? É este tipo de orgulho que a gente tem que ter, de ter ajudado alguém a conquistar a medalha. Principalmente nos esportes individuais, em que falta bastante incentivo para se chegar a uma Olimpíada, que é a cereja do bolo, mas o trabalho foi feito lá atrás.”

Recuo

Rosamaria também lembra do período de transição na Itália, no qual acabou se afastando da seleção brasileira para superar uma fase mais complicada da carreira. Ela não se arrepende e vê o momento como fundamental para chegar a Tóquio da forma que chegou.

“A gente passa por muitas fases na vida. Houve um período em que estive muito saturada, que eu queria voltar a ter prazer no que fazia. Estava muito difícil naquele momento. Eu jogo vôlei desde os oito anos, respiro vôlei 24h por dia desde os oito anos.

“Eu precisava de um momento para mim, e foi difícil chegar a esta decisão, de estar abrindo mão de um espaço na seleção. Mas, pensando na frente, era o que eu precisava. Acho que cheguei às Olimpíadas de Tóquio por ter dado um passo para trás naquele momento. E quando estava na seleção, eu estava 110%.”

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Foto: João Vítor Roberge/O Município

Clube

Rosamaria é um dos reforços do Igor Volley Novara, uma das principais equipes da Itália, para a temporada 2021-22. Ela disputará a Série A, a grande liga do país, e também a Champions League. E lá, reencontrará o técnico Stefano Lavarini, com o qual trabalhou no Minas; A neotrentina o enfrentou algumas vezes na seleção, já que ele é o técnico da Coreia do Sul, semifinalista olímpica.

“A presença de Lavarini em Novara foi decisiva para Rosamaria deixar o Casalmaggiore e ir para um clube maior. “Foi meu primeiro técnico estrangeiro, lembro muito do aprendizado que tive com ele naquele ano no Minas. Temos uma ótima relação e com certeza pesou para minha decisão no Novara”, comenta.

“Ele faz um ótimo trabalho na Itália desde que voltou para lá. É um técnico em crescimento, espero que possamos crescer juntos. O Novara é um clube super tradicional, espero continuar aprendendo bastante com ele.”

Início no vôlei

Rosamaria relata que não começou no vôlei para ser profissional, mas sim para ter a prática esportiva na infância por saúde e diversão.

“Comecei neste intuito. No começo eu odiava, a Vandeca [técnica na base] sabe. Eu chorava, não queria ir. Ninguém me obrigou. Mas aos pouquinhos eu me apaixonei. Meus pais e minha irmã nunca me deixaram desistir. Foram muitas fases difíceis, de dúvidas. Eu falava que não queria mais, que queria ir embora. Momentos em que a gente perde a lucidez. E eu tinha pessoas ao meu lado que me ajudavam a organizar os pensamentos. A Vandeca foi, por muitas vezes, esta pessoa também.”

“Só tenho a agradecer a todo mundo que, quando eu não acreditava que ia dar certo, acreditou por mim. Me deu força, aquele incentivo que eu precisava nos momentos difíceis. Às vezes a gente perde a lucidez e quer jogar tudo pro alto, e não é bem assim.”


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