Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Nossas crianças, nossa responsabilidade

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Nossas crianças, nossa responsabilidade

Rosemari Glatz

Na última segunda-feira, 12, comemoramos o Dia das Crianças no Brasil. O dia das nossas crianças. É possível que muitos tenham ido às compras para presentear seus filhos, afilhados, sobrinhos, netos, e por aí vai. Presenteamos, muitas vezes sem saber por que o fazemos. Simplesmente “seguimos a manada” e, ocasionalmente, compramos presentes supérfluos, descartáveis e até inúteis. Dinheiro jogado fora e oportunidade perdida. Mais teria valido um abraço e um beijo carinhoso, e um sincero “eu te amo, minha criança”.

O Dia das Crianças é comemorado em diferentes países e cada um escolhe uma data e como quer celebrar. O Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF convencionou o dia 20 de novembro para se comemorar a data, pois, nesse dia, em 1959, foi oficializada a Declaração dos Direitos da Criança, que estabeleceu uma série de direitos válidos a todas as crianças do mundo, tais como alimentação, amor e educação. No Brasil, o dia 12 de outubro foi instituído pelo decreto nº 4.867/1924, como o dia oficial para a comemoração do Dia das Crianças. A data não “pegou” imediatamente. Depois de mais de trinta anos é que a data começou a se consolidar, principalmente em função de uma campanha de marketing bem-sucedida da indústria de brinquedos Estrela. A campanha publicitária atraiu a atenção de outros empresários ligados à indústria de brinquedos e novas campanhas foram lançadas com o objetivo de alavancar as vendas. Resultado: aos poucos, a data se consolidou mercadologicamente e o dia 12 de outubro passou a integrar nosso calendário como o dia especialmente dedicado às crianças. Mas, infelizmente, a data se consolidou no Brasil por razões muito diferentes das constantes da Declaração dos Direitos da Criança.

Quando a Declaração dos Direitos da Criança fez 30 anos, a ONU aprovou a “Convenção sobre os Direitos da Criança”, em documento que contém um conjunto de normas para proteção dos nossos pequenos. Em 1990, a convenção se tornou lei internacional e, dentre seus vários artigos, alguns pontos merecem ser aqui destacados: adultos e governos devem trabalhar em conjunto para que as crianças gozem dos seus direitos; as crianças têm direito a descobrir coisas e expressar o que pensam através da fala, da escrita, da expressão artística, respeitados os direitos dos outros; as crianças têm direito à liberdade de pensamento e a prática da religião, sendo competência dos pais ajudarem a criança a compreender o que está certo e o que está errado. Como exemplificado, os direitos vêm atrelados a deveres impostos às próprias crianças, mas, especialmente, aos pais, aos responsáveis, às famílias e, complementarmente, ao poder público.

Os tempos agora são outros. Muitas vezes, pai e mãe trabalham fora e a família passa menos tempo junta. Em tempos sem pandemia, os filhos passam algumas horas do dia na escola, onde recebem educação formal, mas a obrigação primária continua sendo da família. É uma missão que, embora possa ser compartilhada, é indelegável. É no seio da família que se formam e se consolidam os valores fundamentais da sociedade, destarte alguns queiram “delegar” a sua própria responsabilidade à escola, ao poder público ou – na pior das hipóteses –, deixam que “as ruas” cumpram esse papel, e aí perdem seus filhos de vez.

Mais do que de presentes materiais que logo são deixados de lado, as nossas crianças precisam é da força, da união, do amor e do bom exemplo da família. Precisam de limites, de um não de vez em quando, e de motivação quando preciso. À família, cabe a consciência de que nem sempre “estar junto” é sinônimo de qualidade. E se alguém te disser que criar filhos é tarefa fácil, não acredite. Ele não sabe o que diz.

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