Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

150 Anos da Imigração Polonesa no Brasil – Brusque – Parte VI

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

150 Anos da Imigração Polonesa no Brasil – Brusque – Parte VI

Rosemari Glatz

Os poloneses que chegaram em Brusque em agosto de 1869, um grupo composto por 16 famílias originárias da aldeia de Stare Siołkowice, Alta Silésia, território polonês ocupado pelo Império da Prússia, só ficou por aqui acerca de dois anos. Graças ao esforço de Edmund Sebastian Woś-Saporski para concretizar o seu ideal colonizador, em setembro de 1871, a maioria dos poloneses de Brusque foi transladada para Pilarzinho, em Curitiba, Paraná, onde deram início ao movimento que, mais tarde, deslanchou no processo imigratório polaco. Só anos mais tarde, já no final do século XIX, a partir de 1889, é que Brusque vai receber novamente imigrantes poloneses e, dentre eles, os “tecelões de Lodz”.

Febre migratória brasileira

A leva migratória que corresponde ao período entre 1890 e 1891 ficou conhecida na Polônia como “febre migratória brasileira”. Por aquele tempo, caiu o preço dos cereais, agricultores se endividaram e muitos venderam as suas terras. O agravamento dos problemas sociais e econômicos na região, combinado com a propaganda de imigração do governo brasileiro, disseminada principalmente pelas agências de navegação que descreviam o país como uma terra de oportunidades, impulsionou a imigração maciça de poloneses para o Brasil.

Brusque recebe novos grupos de imigrantes poloneses

No período da febre migratória, Brusque recebeu colonizadores poloneses que se dedicavam à agricultura. Mas recebeu, também, um tipo especial de imigrantes: os profissionais da indústria têxtil. A maioria desses imigrantes vinha de importantes centros têxteis da Polônia, como Lodz, e foram eles os responsáveis pela pioneira atividade da indústria têxtil em Brusque no final do século XIX. Eles tinham formação técnica, conheciam bem o oficio têxtil, e contribuíram, de forma decisiva, para que Brusque recebesse, anos mais tarde, o título de “Berço da Fiação Catarinense”. Desta vez, os imigrantes poloneses vieram para ficar e para mudar a história regional.

Os tecelões de Lodz

O início da atividade fabril em Brusque deve-se a um pequeno grupo de pessoas vindas da região de Lodz. Os “tecelões de Lodz”, como são rememorados localmente os artesãos poloneses, foram os responsáveis pelo treinamento inicial da mão de obra em Brusque, orientada, até então, para o trabalho na lavoura. Esses imigrantes, geograficamente provenientes da Polônia, que era então província da Rússia, eram, na verdade, tecelões da Silésia e da Saxônia, ali radicados desde o século XVIII, atraídos pelo governo russo para iniciar, na região, a atividade têxtil. Em decorrência disso, a indústria têxtil do algodão em Lodz e adjacências desenvolveu-se acentuadamente. Mas, a partir de 1853, os tecidos de Lodz entraram em concorrência com a produção de Moscou. Com as manobras da praxe comercial, a situação dos tecelões de Lodz foi piorando dia após dia, levando-as a emigrar a no final da década de 1880.

Da Polônia para Brusque

Dentre os imigrantes, encontramos a família de Gustav Schlösser, que veio da Polônia ocupada pela Rússia. A família fazia parte de um grupo de tecelões da Silésia que haviam sido atraídos pelo governo russo para iniciar a atividade têxtil em Lodz, Ozorków, Zgierz e adjacências, onde estavam radicados desde o final do século XVIII. Em Brusque, depois de trabalhar 15 anos como mestre na fábrica de Carlos Renaux, em 1911 Gustav Schlösser constituiu sua própria empresa em sociedade com os filhos, a “G. Schlösser & Filhos”. Em 1933, a empresa passou a ser denominada “Companhia Industrial Schlösser”.
Também vieram outros imigrantes poloneses, que se dedicaram a agricultura.

Continua na coluna do dia 8 de novembro.

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