Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

75 anos da deportação dos alemães romenos para a antiga União Soviética

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

75 anos da deportação dos alemães romenos para a antiga União Soviética

Rosemari Glatz

Em janeiro de 2020 lembramos os 75 anos da deportação de alemães instalados na Romênia para campos de trabalho da antiga União Soviética e para compreender essa história, é preciso voltar três séculos no tempo. Trata-se da história de alemães que colonizaram as terras do Banat, Romênia, e que, ao final da 2ª Guerra Mundial, foram deportados para campos de trabalho forçado da antiga União Soviética.

A povoação das terras da coroa dos Habsburgo na Hungria pelos suábios

Após a expulsão dos Turco otomanos do Leste Europeu, o desgoverno turco tinha transformado as planícies do Banat em um vasto deserto, habitado principalmente por pastores nômades. Após o tratado de paz assinado entre os austríacos e os otomanos em 1722, tornou-se evidente que o território precisaria ser habitado por leais súditos da coroa dos Habsburgos.

A monarquia dos Habsburgos da Áustria governava a Hungria, e a Imperatriz Maria Tereza, filha do Imperador Carlos VI, do Sacro Império Romano Alemão, mandou povoar o Banat, região despovoada da Hungria, com alemães católicos suábios, austríacos e húngaros. A partir de 1720, os alemães suábios começaram a ocupação. Partiam de Ulm (Baden-Württemberg, Alemanha) até as férteis planícies do Banat, onde fundaram novas aldeias. Eram chamados de “suábios do Banat” (Banater Schwaben) e esta colonização veio a ser conhecida como “Der Grosse Schwabenzug”, a “Grande Marcha Suábia”. Até 1790, na Hungria cerca de 800 aldeias foram fundadas por colonos alemães.

O acordo Waffen-SS

Após a 1ª Guerra Mundial, como consequência do Tratado de Trianon selado em 1920, o Reino da Hungria que estava conectado a Áustria, incluindo o Banat, foi dividido em três: uma parte passou para a Sérvia, uma pequena parte permaneceu na Hungria e a maior parte passou para a Romênia. Quase ao final da 2ª Guerra Mundial, em 1943, Ion Antonescu, presidente da Romênia entre os anos de 1940 e 1944, firmou o acordo Waffen-SS e se aliou ao Terceiro Reich (Alemanha de Hitler). Como consequência, a população étnico alemã foi convocada para o exército alemão e os homens nascidos entre os anos de 1908 e 1926 foram convocados para a guerra, onde cerca de 1/3 sucumbiu. Em 23/08/1944, Antonescu foi preso, entregue aos comunistas, condenado à morte e, em junho de 1946, foi executado.

Deportação dos alemães romenos para a antiga União Soviética

Em janeiro de 1945, os soviéticos pediram ao governo romeno que extraditasse para campos de trabalho da antiga União Soviética os alemães romenos aptos ao trabalho. Mulheres de etnia alemã com idade entre 18 e 30 anos, e homens com idades entre 16 e 45 anos começaram a ser deportados. As pessoas foram tiradas de suas casas por patrulhas mistas romeno soviéticas e levadas para as áreas industriais e de carvão.

Entre janeiro de 1945 e dezembro de 1949, entre 70 e 80 mil alemães romenos foram deportados. Destes, cerca de 33 mil eram alemães suábios que viviam no Banat que foram conduzidos para a fronteira leste em carros de transporte de gado.

Foram cinco anos de trabalho forçado, privações, muita fome e frio. Cerca de 20% dos deportados morreram. Dentre os alemães romenos que foram deportadas do Banat para a União Soviética, estava Josef Bücher, então com 42 anos de idade, casado com minha tia-avó, Anna Bitto. Josef retornou para casa na Romênia e, depois de 1989, emigrou para a Alemanha com o que restou da família.

Para nunca esquecer

Passados 75 anos, testemunhas contemporâneas da deportação dos alemães romenos para a antiga União Soviética têm relatado suas experiências, levando-nos à reflexão de que, para que tais atrocidades não se repitam, devemos conhecer e lutar para manter nossa história viva.

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