Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Nosso namoro com as escolas

Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

Nosso namoro com as escolas

Rosemari Glatz

Passando defronte de algumas escolas, tenho me deparado com pátios e jardins com capim, grama crescida e flores secas, remetendo à tristeza do abandono. As escolas não estão com aulas presenciais em função da pandemia decorrente do Covid-19, é fato. Professores estão trabalhando de forma remota e, certamente, estão trabalhando ainda mais que o normal.

Mas, tanto os professores, quanto os funcionários e os pais não estão impedidos de ir até o prédio escola. E essa possibilidade abre uma janela de oportunidades para a renovação e revitalização dos espaços escolares para preparar o ambiente para o retorno às aulas presencias.

Ao discorrer sobre o assunto manutenção das escolas, convém relembrar que a educação sempre foi uma questão de fundamental importância para o nosso povo. E o modelo de escola que conhecemos atualmente, onde o governo é considerado o responsável por tudo, inclusive por prover a manutenção dos espaços escolares, data da história recente.

Nem sempre nós esperamos que o governo suprisse a educação das nossas crianças e jovens pois, se fôssemos esperar, não haveria escola, não haveria professor. Basta lembrar dos primórdios da imigração para Brusque, em 1860. Os alemães emigrados eram, na sua maioria, alfabetizados, uma vez que a escolarização infantil era obrigatória nos Estados alemães desde o início do século XIX.

Por aqui o Governo raramente se preocupava com as escolas e, em Santa Catarina, foi comum a organização de sociedades escolares com o objetivo de suprir as deficiências relativas à educação. A iniciativa de dar aulas era assumida pelos próprios colonizadores. Muitas vezes o professor era o chefe de alguma família da localidade e sobrepunha sua atividade de ensino à atividade agrícola. Inúmeras escolas comunais, caracteristicamente locais, foram construídas em mutirão pelos colonos.

Surgiram vários conjuntos de “casa do professor e escola”, onde o “colono-professor” era a figura central. Além disso, era comum o professor concentrar também as tarefas religiosas e recreativas. A escola era mantida pela comunidade, que dava ao professor moradia, alimentação e uma pequena ajuda financeira. E, por dezenas de anos, as igrejas e as escolas comunitárias se constituíram nas principais instituições das comunidades.

Voltando aos espaços escolares atuais, o momento de afastamento social que estamos vivendo, imposto pela pandemia do coronavírus, pode ser uma oportunidade para renovar o namoro das famílias e da comunidade com as nossas escolas. Afinal, é nelas que o nosso futuro coletivo está sendo construído.

Dificuldades podem se transformar em oportunidades de resgate, inclusive dos espaços físicos. Guardando os devidos cuidados sanitários, como o distanciamento, o uso de máscaras e a higienização das mãos e dos espaços, é possível aproveitar esse tempo em que as crianças e jovens não estão nas escolas e, coletivamente, fazer uma grande revitalização. Se a APP da escola não possuir os recursos financeiros para comprar os materiais, talvez alguma pessoa ou empresa da comunidade possa fazer doações para a escola.

Lavar e pintar paredes, pisos, quadras e muros. Roçar a grama. Podar as plantas. Arrancar o capim. Adubar. Preparar a terra. Semear. Plantar novas mudas de árvores e/ou flores são ações possíveis, pois, normalmente, não é preciso grande investimento para ter um espaço bem cuidado. Mas é necessário ter iniciativa, vontade, determinação e, acima de tudo, ser exemplo e colocar “a mão na massa” de forma coletiva, corresponsável e compartilhada, pois o futuro que estamos construindo depende de cada um de nós.

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