Durante mais de um século, as trocas mercantis realizadas entre o planalto serrano e o litoral catarinense eram transportadas por tropeiros. O principal produto do planalto era o gado, e do litoral vinham os derivados da cana-de-açúcar, da mandioca e o sal. Parte desse caminho ainda existe – às margens da BR 282 -, e se você aprecia natureza e gosta de história, sugiro que aproveite um dia de sol para conhecer – ao vivo e a cores, a parte da Rota dos Tropeiros que ainda sobrevive ao tempo. É um passeio que vale a pena!

Caminho dos Tropeiros
Caminho dos Tropeiros

Você sabia que a Estrada de Lages (então vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Lages) foi aberta em 1790 e tinha como objetivo ligar Lages a São José da Terra Firme, no litoral catarinense? Inicialmente, a estrada fazia parte de uma estratégia militar de segurança da Ilha de Santa Catarina e o Alferes Antônio José da Costa foi encarregado de abrir o caminho. Após um período de abandono, em 1830 o caminho voltou a receber melhorias, mas foi somente no início do século XX que efetivamente foram realizadas obras mais pesadas que deram condições de tráfego para veículos automotores.

Pela chamada “estrada velha” ou “caminho antigo”, a Estrada de Lages seguia pelas margens do Rio Maruim, passando por São Pedro de Alcântara e Angelina, de onde partia para o Alto Garcia, até Taquaras, de onde seguia para a Serra do Trombudo e Boa Vista até chegar ao rio Canoas, em direção a Lages.

Antigas instalações de gado
Antigas instalações de gado

O segundo caminho, a “ estrada nova”, seguia pelas margens dos rios Cubatão e São Miguel, passando pela colônia de Teresópolis e Rancho Queimado, seguindo até Taquaras, de onde acompanhava o mesmo percurso da estrada velha. Em ambas as estradas não havia um comércio dinâmico que justificasse grandes investimentos na estrada e somente a partir de 1888, sob supervisão do engenheiro Hercílio Pedro da Luz (futuro governador), é que as frentes de trabalho iniciaram as obras. Embora não se saiba ao certo a data em que as obras foram concluídas, na década de 1910 já era possível fazer o percurso com automóveis e caminhões.

Monumento aos Tropeiros
Monumento aos Tropeiros

Ao longo da história que marcou o “Caminho dos Tropeiros”, algumas colônias foram fundadas às margens da Estrada de Lages, a exemplo da colônia São Pedro de Alcântara, da colônia de Santa Izabel, da Colônia Militar de Santa Tereza (atual município de Alfredo Wagner) e da Colônia Nacional de Angelina, fundada em 1859. A última colônia instalada às margens da estrada foi Teresópolis, em 1860. Nessas colônias o comércio era estabelecido principalmente com os tropeiros que passavam pela estrada. No entanto, nenhuma das colônias fundadas obteve o êxito esperado, e o objetivo de promover melhorias constantes na Estrada de Lages por meio da colonização não foi alcançado.

Cachoeira às margens do caminho dos  Tropeiros
Cachoeira às margens do caminho dos Tropeiros

Em 2016, ainda é possível trafegar por um pedaço da Rota dos Tropeiros que sobrevive ao tempo…. Se você quiser conhecer, siga pela BR 282 e, quando chegar à cidade de Rancho Queimado, saia da rodovia, entre na cidade e siga sentido Distrito de Taquaras. São aproximadamente 15 km do Centro da cidade até o Distrito, mas a estrada é boa, parte pavimenta, parte estrada de chão (bem) batido. À direita, na parte de estrada de chão, você vai encontrar uma linda cachoeira, palco de ensaios fotográficos. Mais alguns km e você chega à casa de campo do Governador Hercílio Luz, parada obrigatória: o espaço é cheio de história e abriga um museu e um jardim deslumbrante.

 

Se o tempo estiver bom, rode mais alguns km e aproveite para ir até o Mirante da Boa Vista, de onde é possível, inclusive, avistar Florianópolis…

 Mirante da Boa Vista Rancho Queimado - SC
Mirante da Boa Vista
Rancho Queimado – SC

Mágico, histórico, turístico e simplesmente fantástico!