Como as escolas de Brusque e região se previnem contra atentados

Após chacina de Suzano, pais ficam em alerta quanto à segurança nas unidades escolares

Como as escolas de Brusque e região se previnem contra atentados

Após chacina de Suzano, pais ficam em alerta quanto à segurança nas unidades escolares

O ataque em uma escola do município de Suzano (SP) no dia 18 de março, no qual jovens entraram atirando e assassinaram oito estudantes, acendeu o alerta quanto à segurança e a prevenção de novos atentados em unidades escolares de todo o Brasil. Em Brusque e região o estado de cautela e total atenção se mantém.

Recentemente um estudante de escola de Guabiruba publicou ameaças de atentado a uma escola do município em redes sociais. Embora a Polícia Militar esteja monitorando o jovem e trate o caso como uma brincadeira de mau gosto para chamar a atenção, pais de alunos da unidade escolar afirmaram estarem aflitos e com medo de levarem seus filhos para a aula.

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Com isso, surge uma preocupação com a prevenção de novos casos de atentados, além de uma atuação mais direta de policiamento nas escolas.

A reportagem entrou em contato com gerentes da educação municipal e estadual, assim como representantes das polícias, para compreender o que é feito na intenção de inibir e monitorar ações como as que ocorreram em Suzano ou outras práticas criminosas no ambiente escolar.

Parceria com a PM
Após as ameaças do estudante, as atenções se voltaram para Guabiruba. De imediato a PM fez o jovem assinar boletim de ocorrência na presença dos pais e ele também é acompanhado por psicólogo. A atuação policial no município, inclusive, é destacada pelo secretário de Educação, Alfred Nagel Neto, o Freddy.

Segundo Freddy, há uma parceria com a PM não como força ostensiva, mas preventiva. “Os policiais militares se fazem presentes com ronda escolar e visitam as escolas. Temos agentes que inclusive conversam com os alunos, e isso ajuda na resolução de possíveis problemas”.

Conforme explica o secretário de educação, há também um cuidado na entrada de pessoas alheias ao ambiente escolar. “Os nossos serventes monitoram para que a entrada seja exclusiva de alunos e pessoas do corpo docente, demais pessoas somente se forem autorizadas previamente”.

Na busca de reforçar a prevenção desse tipo de caso, Freddy, que também é professor, explica que todo o corpo docente é orientado a conversar sobre o tema da violência na sala de aula.

“São temas transversais. Eu sou professor de português, mas às vezes a gente sai do currículo para tratar sobre isso. É a questão da boa formação do cidadão. Temos que moldar os alunos para o bem não somente dentro de sala de aula”.

Segurança nas escolas
Em Brusque, a Secretaria de Educação vem elaborando uma série de projetos pedagógicos, além de parcerias com forças policiais para não só reforçar a segurança das unidades escolares, mas também inibir o desenvolvimento de potenciais infratores.

Para a secretária Eliani Busnardo Buemo, não se deve dar ênfase ao caso específico de Suzano, mas sim à segurança dos alunos como um todo.

“Nosso trabalho é mais voltado aos professores e funcionários, para que medidas de segurança padrão sejam adotadas em todas as escolas, bem como a observação de comportamentos estranhos em meio aos alunos”.

Nas escolas da cidade a orientação é de se manter sempre os portões fechados, com campainha. Conforme explica a secretária, várias escolas possuem um sistema de monitoramento integrado, com câmeras e portão eletrônico. “De forma geral, analisamos que nossas escolas são seguras”.

Eliani destaca a parceria de longa data com a PM, seja com palestras, rondas ou visitas a escolas. O Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) também é um modelo apontado como importante para o contato do policial com o estudante.

Para além da presença da polícia na escola, as unidades contam também com diálogos entre os estudantes e os professores sobre a importância de valores da cidadania.

“Ofertamos a disciplina de Cidadania e Ética nas escolas de Brusque e temos observado uma maior conscientização na base, na construção de uma sociedade melhor e mais segura. Trabalhando isso já nos anos iniciais, acreditamos que seja uma forma de criar cidadãos mais responsáveis, com respeito e amor à vida”.

Escolas estaduais
No âmbito das escolas estaduais, também há programas e políticas públicas para a prevenção da violência.

Em nota para a reportagem, a Secretaria de Estado da Educação afirma que conta com a Política de Prevenção às Violências na Escola. O sistema orienta e prevê a criação de Núcleos de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola (Nepre) nas Gerencias Regionais de Educação (Gered) e nas unidades escolares estaduais – em Brusque, segundo a Unidade de Atendimento de Educação do estado na cidade, os Nepres funcionam nas escolas.

Além de existir o Nepre na maioria das unidades escolares, o assunto é tratado a qualquer tempo como conteúdo das disciplinas. O Nepre realiza palestras, encontros, discussões e trabalha a prevenção.

Existe o Nepre Online, que possibilita o registro das ocorrências, identificando por tipo e motivo da violência para que sejam tomadas as devidas providências e articulando a rede de serviços no âmbito da assistência social, da saúde, da segurança pública.

O programa tem apoio do Ministério Público, do Conselho Tutelar e, principalmente, da família. O Nepre Online gera dados, que são usados para elaborar das políticas educacionais preventivas feitas pela Secretaria de Estado da Educação.

Ações da polícia
Segundo o delegado Fernando de Faveri, que comanda a 17ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Brusque, por enquanto os sinais que levantam suspeitas na região não são ameaças reais de atentado, mas mesmo assim merecem atenção e monitoramento constante.

A Polícia Civil acompanha de perto todas as ocorrências relativas aos fatos, conforme explica Faveri. Ele afirma que há uma fundamental importância no posicionamento e controle dos pais para com seus filhos, no intuito de entender o que está sendo consumido na internet e em redes sociais.

“O que se vê, no Brasil como um todo, são brincadeiras de mau gosto, que difundem pânico na comunidade escolar de forma irresponsável por motivos diversos, por adolescentes. Recomenda-se aos pais o monitoramento das redes sociais dos filhos, e, à sociedade em geral, que tenham cautela no repasse de informações em mídias sociais sem antes checar minimamente a veracidade”.

“Estamos em uma época em que o jovem está com a vida muito vazia. O acesso à tecnologia deixa o jovem com a vida vaga, sem ocupação. Ele cresce vendo vídeos incompatíveis, conversando com pessoas estranhas, e isso só vem a lhe prejudicar”, tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho, comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar

Para o tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho, comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, o consumo de informações nocivas em redes sociais é o que resulta em determinadas atitudes controversas de jovens estudantes.

“Estamos em uma época em que o jovem está com a vida muito vazia. O acesso à tecnologia deixa o jovem com a vida vaga, sem ocupação. Ele cresce vendo vídeos incompatíveis, conversando com pessoas estranhas, e isso só vem a lhe prejudicar”.

Otávio afirma que seu principal projeto desde que assumiu o comando do 18º BPM foi justamente a ação de prevenção da violência nas escolas. Em parceria com a Secretaria de Educação de Brusque, foi formado o projeto Amigos da Segurança da Escola. Neste programa, duplas de policiais tem por obrigação visitar entre duas e quatro escolas periodicamente.

Nas visitas, os policiais conversam em salas de aula e também dedicam um tempo para dialogar com estudantes com situações mais delicadas, que estejam em estado de vulnerabilidade, apresentando em alguns casos sinais de agressividade ou de interesse pelo consumo de drogas.

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“Os policiais se interam sobre a situação dos problemas de disciplina e fazem um acompanhamento. Algumas vezes ocorre a visita aos familiares, para orientar pai e mãe sobre as posturas a serem tomadas”.

Segundo o tenente-coronel, a figura do policial é mais respeitada pelos estudantes. “O aluno indisciplinado pode até engrossar a voz com professores e orientadores, mas com o policial é diferente, se pensa duas vezes antes de responder. Por isso prestamos este apoio, e também no intuito de inibir um futuro infrator”.

Os policiais são também orientados a sempre conversar com alunos na presença de um profissional da escola e a dialogarem com os alunos indisciplinados, de modo que haja uma reflexão sobre a atitude que parta do próprio estudante.

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