João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Salve Brusque Imortal – 157 anos

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Salve Brusque Imortal – 157 anos

João José Leal

Depois de amanhã, Brusque estará comemorando 157 anos de fundação. Liderados pelo Barão de Schneeburg, aqui chegaram os primeiros 55 colonos, no dia 4 de agosto de 1860. Vinham de terras distantes, de uma Alemanha pobre, sem terras para muitos que viviam do árduo trabalho no cabo da enxada. Muitos tocados pela fome, todos sem esperança numa Alemanha ainda em pedaços, sem unificação política nem territorial, haviam atravessado o Atlântico para realizar o sonho de construir uma nova vida em terras do sul do Brasil.

Haviam desembarcado da canhoneira Belmonte, da Marinha Imperial brasileira, junto à foz do Itajaí-Açu, necessária escala para a viagem de cinco dias rio acima, sofrida navegação por águas desconhecidas, serpenteando pelas curvas sem fim do Itajaí-Mirim, homens, mulheres, crianças, embarcados em precárias canoas, alguns poucos utensílios domésticos e roupas, porque tudo teria que ser construído na terra prometida.

Dolorosa navegação de quatro noites dormidas ao relento. Viagem açoitada pela saudade dos familiares e dos amigos para sempre abandonados e pelo medo do misterioso ataque indígena, atormentando o pensamento de cada colono. Enfim, o merecido descanso por alguns dias no rústico engenho de farinha de Pedro Werner. Depois, o trabalho sem descanso, o enorme desafio para aqui plantar, à margem direita deste rio companheiro, a semente da Colônia que prosperou e se transformou nesta comunidade de gente trabalhadora chamada Brusque.

Não é de hoje, o reconhecimento da extraordinária saga dos pioneiros e destemidos colonos, para transformar a terra recebida numa cidade próspera e de bem-estar. Em sua edição de 09 agosto, de 1924, a Gazeta Brusquense já homenageava os fundadores de Brusque, pelo histórico feito, lembrando que, “ontem, era a pequena colônia. Hoje, é a cidade e, amanhã, será o grande centro de indústria”.

O entusiasmado editorialista continua, para lembrar que “ontem, eram os primeiros colonos, desbravando mattas, luctando contra as cheias, contra a onça pintada, enfrentando os ímpetos selvagens dos aborígenes e semeando o progresso no dorso da terra”. Hoje, é a vez da “indústria, do comércio, da lavoura e do trabalho moderno, aumentando as forças econômicas do município, tornando-o forte e grande”.

Numa época em que Brusque já havia conhecido as primeiras três grandes tecelagens, a Gazeta refere-se ao passado agrícola, escrevendo que, “ontem, colonos enérgicos e sorridentes cruzavam os caminhos, negociando os frutos da lavoura, hoje, os operários nobres e felizes mourejam nas fábricas, produzindo manufacturas que dignificam a terra onde nasceram”.

Na Brusque dos nossos dias, parece-me exagero dizer que “operários nobres e felizes mourejam nas fábricas”. Mas, Brusque é, sim, uma cidade de trabalho, de bem estar social e de gente boa. Por isso, a nossa homenagem aos colonos pioneiros que fundaram uma cidade onde vale a pena viver.

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