Sandbox Regulatório: entenda nova ferramenta da Prefeitura de Brusque para empresas testarem inovações
Projetos aprovados por comitê terão cinco anos de testes com isenção de imposto
Projetos aprovados por comitê terão cinco anos de testes com isenção de imposto
Um decreto estabelecido em maio criou o Sandbox Regulatório em Brusque, nova ferramenta da prefeitura que permite a empresas focadas em inovações testarem suas tecnologias. O documento foi assinado em 27 de maio e já está em funcionamento.
O decreto consiste na regulamentação da Zona de Desenvolvimento, Inovação e Tecnologia, que compreende apenas empreendimentos estabelecidos nas imediações do Centro Universitário de Brusque (Unifebe) até o Centro de Inovação Tecnológica. Esse perímetro havia sido definido na lei municipal de inovação, criada em 2021.
O diretor do Escritório de Projetos da prefeitura, Matheus de Oliveira, explica que essa prática já é realizada em grandes cidades do estado, como Joinville, Jaraguá do Sul e Criciúma.
Ele diz que o principal objetivo do decreto é o fomento a novas ações inovadoras e a criação de mecanismos facilitadores para a inovação no município.
“Brusque é uma cidade que segue tratando a inovação de forma prioritária. Essa é mais uma ação do projeto Brusque + Inteligente, que segue fomentando essa área tão importante para o município”.
Entre os benefícios para a empresa em integrar o Sandbox Regulatório estão o teste e validação de um novo sistema, apoio técnico e consultoria especializada do Poder Executivo, Conselho Municipal de Inovação e entidades parceiras e isenção da taxa de licença, localização e funcionamento e do IPTU durante cinco anos. Além disso, a empresa também participa de feiras sobre o tema.
Matheus cita o exemplo de uma empresa que criou um novo sistema de gestão de estoque. No programa, ela pode testar essa inovação durante cinco anos improrrogáveis, podendo trazer benefícios para o município.
“Nós podemos oferecer nosso ambiente para que ela possa fazer esse teste do sistema de gestão de estoque dentro das limitações e respeitando a legislação, para o teste ser feito antes do lançamento para o mercado. O sandbox nada mais é do que um ambiente para testes de empresas e startups”, diz.
Em contrapartida, a empresa deverá apresentar relatórios do andamento dos testes para o Conselho de Sandbox Regulatório e manter a transparência sobre os avanços junto à prefeitura.
É frisado no decreto que a empresa deve, majoritariamente, garantir a proteção dos dados dos usuários e clientes, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com a criação de travas de segurança.
Já no âmbito da prefeitura, que mantém uma boa expectativa de adesão ao programa, o principal benefício do Sandbox Regulatório é a retenção de serviços de tecnologia para o município. O secretário de Parcerias, Concessões e Convênios, José Henrique Nascimento, afirma que o município possui um grande foco industrial, principalmente têxtil, e que deve haver atenção ao setor de inovação.
“Estivemos em Lisboa e vimos que o local é um dos principais destinos do mundo para nômades digitais. Isso aconteceu porque definiram que a região central seria um distrito de inovação, o que acabou atraindo muitas empresas. Esperamos fazer a mesma coisa em Brusque”, diz.
José também destaca que a reforma tributária fará com que grande parte da produção de Brusque seja consumida na região e não exportada para outros locais. Nesse aspecto, a participação das empresas no Sandbox contribui para o desenvolvimento do setor tecnológico.
“A partir da reforma, o tributo passará a incidir no destino. Para que uma região prospere, os serviços são muito bem-vindos, então temos que focar em turismo e tecnologia. A atração de serviços de tecnologia fará com que o município prospere nos próximos 20 a 30 anos. Isso [Sandbox Regulatório] é uma construção a longo prazo, que começa agora”.
O principal critério de participação é ter o foco em inovações que possam, futuramente, contribuir para o desenvolvimento do município. Um ponto importante é que o projeto deve ter sido validado por prova de conceito ou protótipo, não podendo estar em fase de conceitual de desenvolvimento.
Além disso, também é imprescindível que a empresa tenha meios de se proteger de ataques cibernéticos e conte com mecanismos de produção e guarda de registros e informações, inclusive para fins de realização de auditorias e inspeções.
“A responsabilidade pela instalação, operação e remoção dos protótipos será exclusivamente da empresa interessada, e qualquer intervenção deverá ser previamente e expressamente aprovada pelo poder público”, diz o decreto.
A partir disso, os interessados poderão se inscrever no processo seletivo do Sandbox Regulatório. Caso haja alguma irregularidade nas normas previstas no decreto, riscos à segurança e saúde públicas, ao meio ambiente ou ainda informações falsas, o projeto será encerrado.
O formulário de inscrição pede os dados principais da empresa, além de uma descrição detalhada da inovação enviada ao projeto e o motivo da participação. Todas as propostas serão analisadas por um comitê avaliativo, que também irá acompanhar as atividades das empresas participantes.
O grupo será formado por três integrantes indicados pelo prefeito, sendo um deles obrigatoriamente atuante na Secretaria da Fazenda, e outros dois membros transitórios, que participarão conforme o caso.
É dito que, sempre que necessário, o comitê pode convocar outros membros do poder público, bem como das esferas estadual e federal. Durante a análise das propostas, os avaliadores podem solicitar mais informações às empresas.
O formulário consta apenas no decreto municipal e deve ser enviado via e-mail para a Diretoria de Inovação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. O contato de envio é sde@brusque.sc.gov.br.
Apesar de o formulário constar apenas no decreto, a prefeitura já recebeu propostas de algumas empresas e busca, com o tempo, divulgar amplamente o projeto. “Nossa intenção é fazer com que esse pedaço da cidade seja o berço da inovação e tecnologia”, finaliza.
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