Guardada a sete chaves, a receita da famosa empada do Leba, de massa crocante e sequinha, está na família Willrich há mais de 50 anos. O salgado é uma das tradições culinárias mais duradouras de Brusque, mantendo-se fiel ao legado construído por Ernesto Willrich.

A família não sabe ao certo quando ele aprendeu a fazer a empada, acredita-se que foi na década de 1930. O que é certo, é que Ernesto Willrich conheceu a receita por meio de um homem que veio da Alemanha para Brusque e o ensinou. “Não sabemos se era alguém que trabalhava com padaria na Alemanha, se era um amigo dele. Sabemos apenas que foi com este alemão que ele aprendeu a fazer a empada”, diz Rolf Ernesto Willrich, 59 anos, neto de Ernesto e o responsável por continuar a história da empada em Brusque.

Ainda adolescente, Rolf começou a ajudar o avô a produzir as empadas que, naquela época, já eram famosas. “Lembro que meu avô fazia as empadas e eu ia com a bandeja levar para assar na panificadora Zen”, conta.

Enquanto o avô fazia o salgado, o pai, Rolf Willrich, se encarregava de sair vender pela cidade. Aos 15 anos, Rolf começou a trabalhar na Irmãos Zen e o pai e o avô continuaram a fazer as empadas. O negócio começava a engrenar.

Empada de massa crocante e sequinha é famosa em Brusque | Foto: Bárbara Sales

O tempo longe da cozinha, entretanto, não durou muito. Ernesto logo adoeceu e a família achou melhor que Rolf voltasse para aprender a receita da empada. “Ele me ensinou a fazer a massa. Aprendi a fazer antes que o meu pai”, lembra.

E, assim, Rolf continuou a produção das empadas após a morte de seu avô. Ele produzia o salgado e o pai fazia as entregas nas fábricas, colégios e clubes da cidade.

Aos 20 anos e recém-casado, Rolf decidiu mudar de vida e foi ser caminhoneiro. As empadas e outros salgados continuaram sendo produzidos pela avó, pai e mãe. Foram quase sete anos na estrada, quando a família pediu para que ele voltasse, já que a avó estava muito doente.

“Quando voltei, optei por fazermos somente as empadas. Era muito sofrido. A gente começava a trabalhar 1 da manhã. Quando trocava o turno das fábricas às 5 horas da manhã, a gente ficava com o carro na porta pra vender nossos produtos. Mas tinha dias que não vendia tudo, então tinha que ficar rodando pela cidade até vender. Foi aí que começamos a entregar direto para os estabelecimentos, na quantidade certa e focados somente na empada”.

Duas mil por dia
Mais de 50 anos após o início, são produzidas diariamente em torno de duas mil empadas com a mesma receita e dedicação de quando tudo começou.

A produção está localizada nos fundos da casa da família, na rua Barão do Rio Branco, no Centro. Na produção, atuam Rolf, a esposa Janete, a filha Taciane e uma funcionária. As empadas são fornecidas para mercados e panificadoras da cidade e também são vendidas para particulares.

São quatro recheios: palmito, frango com palmito, camarão com palmito e carne com azeitona. O preferido, sem dúvida, é o de palmito. “A de palmito é a que mais vende. As outras três juntas não vendem o quanto vende a de palmito. Acho que é porque o início foi com recheio de palmito, aí o pessoal lembra muito”, diz.

Taciane, Janete e Rolf mantém a tradição da família Willrich | Foto: Bárbara Sales

O salgado é feito praticamente de forma artesanal e, por isso, leva tempo para ser produzido. A família começa a produção das duas mil empadas, diariamente, às 4h30 da manhã e só finaliza depois das 11 horas.

“A nossa empada é um produto artesanal. Se eu quiser fazer a massa em máquina não dá certo. Já tentamos, mas para dar certo precisaria mudar a receita. Todo o acabamento é manual e por isso não é todo mundo que pega a prática”, conta Rolf.

A receita que faz tanto sucesso é segredo de família. Hoje, só Rolf sabe fazer. A filha Taciane ajuda, mas ainda não teve revelados todos os segredos da massa folhada tão querida pelos brusquenses.

“Já está na hora de ela começar a aprender”, brinca. “As pessoas sempre querem saber a receita, mas este é o nosso segredo. Como é manual, tem muito macete pra deixar ela no ponto que precisa”, observa.

A família é apaixonada pelo ofício iniciado por Ernesto Willrich. Mesmo precisando acordar de madrugada todos os dias, mantém a tradição com muito amor e não dispensa a chance de tomar um café com o famoso salgado. “Eu costumo dizer pras pessoas que a empada é tão boa que até eu como todo dia”, brinca Rolf.

Para ele, é um orgulho manter viva a história da famosa empada do Leba, como era conhecido seu pai, e como ele próprio também é conhecido. “É gratificante saber que as pessoas gostam da empada, que muitas pessoas de fora quando vem pra Brusque procuram por ela. Fazemos tudo com muito amor e dedicação”.

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