José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Sobre vivos e mortos

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Sobre vivos e mortos

José Francisco dos Santos

Na semana passada, celebramos o tradicional “Dia dos Mortos”, tão arraigado na nossa cultura. O historiador francês Fustel de Coulanges, em sua obra “A Cidade Antiga”, atesta que foram as crenças sobre a morte e os cultos fúnebres que formaram a base da cultura dos povos indo-europeus, muito antes que as civilizações grega e romana dessem forma decisiva ao que é a cultura ocidental. Para o autor, as gerações antigas, muito antes que existissem filósofos, já acreditavam numa segunda existência, para além desta terrena.

A morte, para eles, não era a aniquilação do ser, mas apenas uma mudança no estado de vida. Eles acreditavam que os mortos se tornavam divindades protetoras da família e, desse modo, eram cultuados. Esse culto influenciou inúmeros aspectos da cultura antiga, com reflexos até os dias atuais. A evolução do pensamento religioso foi dando novas formas a essa crença, sempre ressaltando, porém, a ideia fundamental de que nossa existência não se conclui neste peregrinar terreno, por vezes obscuro e aparentemente sem sentido.

A morte – como a vida – para além do que a física, a química ou a biologia podem nos ensinar a seu respeito, constitui um grande mistério, que, desde os primórdios, evoca no ser humano temor, respeito, admiração e muitas perguntas. Seria estúpido negar-se ao apelo dessa reflexão sob o pretexto de que, para ela, não há resposta científica. Afinal, o que acreditamos sobre a morte define, de certo modo, o que fazemos da nossa vida. Se fazemos da vida um meio para satisfazer aos impulsos imediatos dos nossos sentidos, estamos professando a crença de que a vida é apenas o que estamos experimentando agora, e que não podemos perder tempo. Se a vida é curta, curta a vida! Mas se a vida é eterna, não se expirando no último suspiro do corpo físico, talvez seja conveniente avaliar a qualidade que imprimimos às nossas experiências, pois elas serão fundamentais para o destino da nossa existência. Talvez elas sejam colocadas à nossa disposição para propiciar evolução e crescimento, e não apenas curtição. Se olharmos para o modo de vida que levamos, vamos descobrir as verdadeiras crenças que nos movem. Muitos deixam essas preocupações mais para “o fim da vida”. Mas quando é o fim da vida? Se olharmos para as lápides dos túmulos, veremos quantas vidas foram ceifadas em plena juventude.

Tal como nossos ancestrais mais primitivos, estamos diante do mesmo mistério, das mesmas indagações, que produzem em nós algum tipo de crença. A partir dessa crença organizamos nossa existência. Portanto, seu conteúdo é fundamental para nós. A pior atitude, a meu ver, é ignorar o apelo, e continuar vivendo como se o mistério não fizesse parte de nós. Pessoalmente, acredito que a própria existência da consciência se que depara com a questão é indício suficiente para acreditar que a vida não se encerra nessa existência, pois não vejo como consciência e liberdade possam provir unicamente da matéria perecível. Que a homenagem aos falecidos nos ajude a refletir acerca da nossa vida atual e do nosso destino para além dela.

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