Costumamos reclamar da falta de fiscalização por parte das autoridades, que não forçam o cumprimento da lei, mas temos agido como crianças mal-educadas, que se a mãe ou a professora não estiverem vigilantes, desandamos a infringir as regras legais – que foram feitas para organizar a sociedade, de modo a vivermos todos em paz, na reciprocidade do respeito aos direitos de todos e de cada um.
Na capital do país, morreram seis jovens, de 16 a 19 anos, porque estavam bêbedos dentro de um carrinho, sem cinto de segurança e dirigido por um mocinho sem habilitação. Nenhum dos seis estava preparado para viver em ambiente civilizado e a morte cobrou o despreparo. Não aprenderam em casa ou na escola que se usa cinto de segurança, que só se dirige com permissão do Detran, não se mistura álcool e direção e em carrinho com cinco lugares não podem entrar seis.
O Fantástico mostrou gente pilotando jet-sky, bote motorizado e lancha sem o arrais da Marinha. E fazendo manobras perigosas entre banhistas. Volta e meia alguém é morto nessas manobras. Queixam-se de que a Marinha não fiscaliza. Quem deveria fiscalizar é a cidadania de cada um. Os infratores que fazem isso certamente não o fariam em Punta del Este ou Cancún, porque não encontrariam ambiente. Aqui, o ambiente é solidário com o infrator. Basta ver o motorista piscando os faróis para os outros, a fim de prevení-los da presença da lei.
Não temos formação para viver em sociedade organizada. Um brasileiro se sentiria peixe-fora-d`água – na Alemanha ou no Japão, por exemplo. Nesses países todo mundo vive bem porque desde criancinha se ensina a ser cidadão. Aqui, se ensinava, quando eu estava no grupo escolar, nos anos 40. Desde cedo aprendíamos os deveres do cidadão brasileiro; e, depois, os direitos. Em casa, eram lições diárias dos pais, dos tios e dos avós, sobre como se portar à mesa, como respeitar os mais velhos, como obedecer as leis, como ser responsável pelo bem público. Quando vejo mães arrastando crianças para atravessar a faixa de pedestre com o sinal fechado, em Leblon e Ipanema, fico com a sensação de que o futuro pode ser de selvageria.