No olho do furacão da música brasileira do final dos anos 60, algumas coisas em comum se destacam: álbuns batizados com o nome de seus intérpretes… e intérpretes que, juntos, formam o time mais representativo daquela época. Duvida?

A gente começa por Caetano Veloso, lançando o álbum que tem Irene, Atrás do Trio Elétrico e Marinheiro só, entre os destaques – que foram, também, lançados em compacto. Um disco com uma pegada radiofônica e popular inegável.

Os discos dos demais baianos inseparáveis foram lançados pela mesma gravadora, Philips, com o mesmo produtor, Manoel Barenbein. Uma unidade compreensível.

Temos o álbum de Gilberto Gil, no ano do single Aquele Abraço, de sucesso eterno, mas talvez a única música com apelo mais popular do repertório de 1969 do compositor. Talvez Cérebro Eletrônico se encaixe na categoria – assim como Dois Mil e Um, mais conhecida na versão dos Mutantes. Ouça e tire suas conclusões…

Gal Costa lançou dois discos solo em 1969. Para deixar tudo bem confuso, os dois foram lançados só com o nome da cantora. O primeiro, que devia ter sido lançado no ano anterior, tem Não Identificado, Divino Maravilhoso, Que Pena, Baby. O segundo, com um inegável gostinho psicodélico, talvez seja, entre os destacados aqui, o trabalho mais afinado com seu tempo. Tem que ouvir Cinema Olympia, País Tropical… e, principalmente, Meu Nome é Gal.

Fechando o “quarteto” baiano, Maria Bethânia. Ela investe em uma seleção de compositores variadíssima, representativa de vários estilos e períodos – tudo filtrado pela interpretação cheia de personalidade da irmã de Caetano. Destaques? Pra Dizer Adeus (de Edu Lobo e Torquato Neto) e o pout-pourri com tempero carnavalesco que juntou Agora É Só Cinza (Bide/Marçal), A Fonte Secou (Monsueto Menezes / Tufic Lauar / Marcléo), Eu Agora Sou Feliz (José Bispo / Mestre Gato), Nosso Amor (Antonio Carlos Jobim / Vinicius de Moraes) e Cidade Maravilhosa (André Filho).

Ainda na zona de influência da tropicália, os Mutantes também marcaram presença em 1969. Seu disco, também homônimo, é praticamente uma coletânea de destaques duradouros, como Don Quixote, Não Vá se Perder por aí, 2001, a regravação de Banho de Lua, Rita Lee e Qualquer Bobagem… aquela que virou sucesso, totalmente irreconhecível, anos depois, com o Pato Fu.

Tem mais? Claro. Tem Jorge Ben, cujo sexto trabalho também cai na categoria “homônimo”. Moda é moda, não é mesmo? O álbum de Ben, muito antes dele virar Benjor, tem alguns de seus clássicos: Domingas, Cadê Teresa, País Tropical, Take it Easy my Brother Charles e Charles Anjo 45.

Detalhe: este é mais um disco lançado pela Philips e produzido por Manoel Barenbein. Domínio total.

Claro, não dá para deixar de fora o que deve ter sido o campeão de vendas e execução daquele ano, assim como dos anos anteriores e posteriores: afinal, naqueles tempos, quem vivia sem o lançamento anual de Roberto Carlos? Destaque para As Flores do Jardim da Nossa Casa, Não Vou Ficar, As Curvas da Estrada de Santos e Sua Estupidez.

É um bocado de música para relembrar…