No meio de uma estrada sinuosa e de barro, está o campo do Misto, clube do Lageado Alto, que movimentou o afastado bairro de Guabiruba e abrigou diversos torneios nas últimas décadas. O time existe desde 1972 e persiste graças ao esforço de Caciano e Josimar Polheim.
O time sempre foi de propriedade da família Polheim. Caciano conta que a equipe surgiu por iniciativa de seus tios em 1972 e, por isso, ele tem lembranças de jogar no campo que fica próximo de sua casa desde criança.
O campo do Misto, que fica na rua Alois Zimmermann, foi por muito tempo de areia e nunca foi palco de partidas do campeonato amador de Guabiruba, que o clube faz questão de sempre participar.
Apesar disso, foi um local onde o futebol fervilhava. Caciano lembra de filas de carros que se formavam nas ruas ao redor do campo com pessoas que se deslocavam para disputar os torneios organizados pelo Misto.
“Já teve muito torneio aqui, quando o campo era de areia. campeonatos muito bons. O bar, que está fechado, também já foi muito movimentado. Um dia esperamos retomar”, diz.
Depois que os mais velhos deixaram o time, o campo ficou por um tempo abandonado. Ele foi construído por cerca de 20 pessoas, irmãos e cunhados, que deixaram de lado por um tempo.
“Deixei três anos abandonado, o mato cresceu alto no campo de areia. Meu tio um dia foi na casa de um por um e disse que a parte dele era minha e que eu poderia cuidar de tudo. Aí, eu assumi mesmo”, lembra Caciano.
Hoje, ainda a estrutura que abrigava o bar do Misto está com diversas avarias e com uma parte do teto desabada.
Bar passou por reforma em 2019.
Durante a pandemia, Caciano decidiu instalar grama no campo, com dinheiro do próprio bolso. “Não temos intenção de jogar o campeonato aqui, até porque não tem alambrado, não teríamos permissão. Fizemos grama mesmo porque é melhor para jogar. Vamos ficando velhos e começa a doer tudo, então decidi mudar”, ri.
Sem ter um campo adequado para as regras do campeonato municipal, o Misto normalmente aluga o campo do Lageadense, que fica no bairro vizinho, para mandar suas partidas. Este é mais um investimento que Caciano precisa fazer para financiar a existência do clube.
“Vem um pouco de patrocínio, um pouco a gente ganha, mas a maioria é eu e meu irmão que mantemos. Os gastos que a gente tem para os campeonatos são do nosso bolso. Clube pequeno, sabe como é… A gente que mantém”, explica.
Além do campeonato municipal, o Misto participa esporadicamente de torneios em Guabiruba e Brusque, e também forma times de futsal. Caciano conta que, há um tempo atrás, era comum também que eles viajassem para Botuverá e Vidal Ramos.
Para os campeonatos municipais, Caciano conta que o time tem uma base de cerca de sete jogadores e que eles procuram outros colegas e conhecidos para completar o elenco. O time não conseguiu ir para o mata-mata das últimas edições do campeonato. “Às vezes temos chance de chegar e não chegamos, mas fazemos o time para competir, para participar, é pelo gosto mesmo”.
Mesmo com essas dificuldades e com pouco destaque nos campeonatos municipais recentes, que acabam, em alguns momentos, desgastando quem mantêm o Misto, Caciano conta que a paixão pelo futebol e a vontade de se manter no meio do esporte, dão um gás para que eles persistam.
“Não se vai ter alguém para passar para frente, a piazada nova não se interessa muito. Quer só vir aqui e jogar quando estiver tudo limpinho. Joga e vai embora. Continuamos firmes enquanto eu e meu irmão conseguirmos”.