Surdos reclamam de falta de filmes legendados nos cinemas de Brusque

Tendência dos cinemas em exibir produções dubladas tornou-se um problema para os deficientes auditivos

Surdos reclamam de falta de filmes legendados nos cinemas de Brusque

Tendência dos cinemas em exibir produções dubladas tornou-se um problema para os deficientes auditivos

A tendência dos cinemas brasileiros em exibir, em sua maioria, filmes dublados – mostrado pelo Município Dia a Dia na última semana, com repercussão nas redes sociais – mostrou-se um problema para os deficientes auditivos.

O acesso desse público ao cinema, que já era baixo devido às poucas opções, ficou ainda menor com o quase desaparecimento dos filmes legendados. “Gosto muito de cinema, porém, ultimamente, vem deixando a desejar, pois 95% dos filmes são dublados”, diz a estudante de fonoaudiologia, Aline de Souza e Silva.

Ela é deficiente auditiva e, desde os três anos usa aparelho auditivo. A brusquense consegue ouvir barulhos e palavras isoladas, mas não uma complementação de frases em filmes, por exemplo. “Independente se usamos ou não aparelho auditivo e/ou implante coclear, esse é um problema enfrentado pelo surdos. Como reduziu muito o número de filmes legendados no país, isso é lamentável para nós, pois não teremos igualdade em termos de acessibilidade”, lamenta.

Para Aline, uma programação equilibrada, mesclando sessões dubladas e legendadas seria o ideal. “Em nenhum momento acho que tirar os filmes dublados é a solução, já que pensando em acessibilidade, os cegos não conseguirão assistir um filme legendado e, com sua audição refinada, o melhor seria dublado. Mas para o surdo, a melhor opção é legendado. Precisamos de respeito e solidariedade”, afirma.

Os integrantes da Associação de Surdos de Brusque (Asbru) também questionam a falta de opções nos cinemas. De acordo com o conselheiro da Asbru, Altair Voss, Brusque tem 105 deficientes auditivos. Desses, pelo menos 50 frequentam com assiduidade o cinema. “Principalmente nos fins de semana, quando eles estão de folga. Todos gostam muito, mas com filmes dublados não tem como ir ao cinema. Ou exibem filmes legendados, ou colocam dublado, mas com um intérprete de Libras para eles”, diz.

A diretora de esportes da associação, Camila Nascimento Costa, afirma que sem a legenda, mesmo para um surdo que usa aparelho auditivo, o filme não é compreendido.

Voss, que também é membro do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência, destaca que levará o assunto na próxima reunião do conselho para mobilizar e tentar trazer a opção legendada de volta. “Vamos nos mobilizar em cima disso, eles também têm o direito de se divertir”.

Na matéria publicada na semana passada, o gerente do Cine Gracher, Carlos Burigo, diz que a opção pela exibição dos lançamentos dublados se deve ao resultado de uma pesquisa feita com frequentadores de cinema de todo o país. “Fizemos a pesquisa aqui na nossa região também e o resultado é que 92% do nosso público prefere o dublado”, explica.

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