Suspensão de cirurgias eletivas com anestesia geral causa transtornos a hospitais de Brusque

Medida tem objetivo de economizar medicamentos para o tratamento da Covid-19

Suspensão de cirurgias eletivas com anestesia geral causa transtornos a hospitais de Brusque

Medida tem objetivo de economizar medicamentos para o tratamento da Covid-19

A portaria 421 da Secretaria de Estado da Saúde (SES) de Santa Catarina, publicada em 23 de junho, determinou a suspensão de todos os procedimentos cirúrgicos eletivos de média e alta complexidade que necessitem de anestesia geral, e os hospitais de Brusque, naturalmente, precisaram realizar alterações. O Hospital Imigrantes, mesmo sem ser diretamente afetado com a portaria, por ser 100% privado, precisou tomar medidas em um momento de dificuldade na reposição do estoque de tais medicamentos.

O objetivo da medida é garantir que sejam economizados fármacos anestésicos, bloqueadores neuromusculares para pacientes de unidades de terapia intensiva, em virtude da pandemia da Covid-19. As novas determinações da SES valem pelos 30 dias seguintes à data de publicação.

No Hospital Azambuja, 200 procedimentos do tipo estavam previstos, nas áreas de cirurgia geral, urologia, cirurgia vascular, ortopedia e neurocirurgia. O administrador, Evandro Roza, explica que foram elaborados protocolos diferentes para a anestesia cirúrgica e para a sedação na UTI, para que o consumo de um setor não interferisse no outro. A prioridade é utilizar anestésicos no centro cirúrgico e sedativos na UTI.

Os anestésicos são usados no tratamento mais intensivo contra a Covid-19, especialmente para a sedação de pacientes intubados. Os bloqueadores neuromusculares são medicamentos mais difíceis para o Hospital Azambuja obter no período, mas Roza afirma que tem sido possível junto a distribuidoras.

No Hospital Dom Joaquim, a medida resultou no adiamento de cerca 20 cirurgias. Estavam previstos procedimentos nas áreas de cirurgia geral e ginecológica. “A gente pode até ter alguma coisa marcada mais pra frente, mas não sabemos se vai retornar ao normal, como vai ser, se a medida vai se prolongar. Estamos aguardando”, comenta o administrador, Raul Civinski.

Ele estima que cerca de 60% das cirurgias realizadas no Hospital Dom Joaquim sejam feitas com anestesia local. Os anestésicos e analgésicos não têm sido utilizados em larga escala nas cirurgias eletivas, e, portanto, Civinski afirma que o hospital pouco contribuiria com o efeito prático esperado no estado.

No entanto, entende a ideia e acredita que a tentativa seja válida, com hospitais de todas as regiões seguindo a determinação.

“A nossa realidade é um pouco diferente. Acredito que a suspensão das cirurgias eletivas não teria este efeito de salvaguardar os medicamentos analgésicos e anestésicos da maneira esperada. De qualquer forma, o momento é complicado e toda ordem que vier será naturalmente acatada pelo hospital.”

O Hospital Imigrantes não atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas também é afetado com a situação que leva às restrições: está há quase um mês com dificuldades de repôr os estoques dos chamados relaxantes musculares, medicamentos utilizados nas cirurgias eletivas e na sedação dos pacientes de terapia intensiva.

O motivo é a grande procura do momento, muito maior do que a capacidade de produção da indústria, conforme relata a gerente de operações do hospital, Fernanda Rodrigues.

“Independente do decreto, a questão em manter as cirurgias com anestesia geral tem relação com o uso desses medicamentos, que podem ficar em falta caso tenhamos um grande volume de pacientes em UTI. Estamos com pedidos colocados em diversos fornecedores, mas eles não têm previsão de entregar. Então atenderemos apenas cirurgias de urgência e emergência, além daquelas cujas anestesias não forem gerais.”

A medida não vale para as cirurgias com anestesia local ou regional. Entretanto, as unidades hospitalares permanecem autorizadas a limitar o quantitativo a 50%, conforme determinado pela portaria 342 de 20 de maio, que havia liberado os procedimentos.

A nova portaria ainda determina que as unidades hospitalares de Santa Catarina ficam obrigadas a informar a situação dos estoques de fármacos anestésicos intravenosos e bloqueadores neuromusculares e enviar informação semanal de estoque e dispensação para o Centro de Operações de Emergências em Saúde (COES).

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