Em meio à crise econômica no país, associada à crise política e moral, vemos diversas iniciativas de caráter educativo, social ou esportivo tentando sobreviver, correndo pelo acostamento, com mais riscos, mas na busca por seu objetivo. Por conta de desgovernos, vemos o dinheiro público escoar, as verbas dedicadas a projetos sólidos e importantes sumirem. Então, resta àqueles que querem fazer acontecer, os “sem cargos”, a busca pelo apoio das empresas ou da população. Estas, que não tem obrigação.

Parece injusto que a responsabilidade de manter um museu aberto ou que um evento cultural ocorra dependa da “vaquinha” da população, do trabalho voluntário de alguns e do apoio de empresários. Mas necessário, se quisermos construir algo bom para o futuro, algo que fique, que frutifique, que eduque para a cidadania, para a mudança de conceitos e valores.

 

Portas abertas

A casa onde viveu o maestro Aldo Krieger e sua família virou museu e abriga diversos materiais sobre a vida e obra deste importante compositor catarinense. Entrar no Instituto Aldo Krieger é como viajar ao passado, nas milhares de histórias que lá estão, na memória da música brasileira, tão bem representada em nossa cidade.

A casa se localiza na rua Paes Leme, número 63, nos fundos da Escola Feliciano Pires, no centro. Desde o início do seu funcionamento em 2002 o IAK recebe apoio do Governo Municipal, por meio de ações de conservação e, nos últimos anos, por repasse de recursos financeiros, via convênio. Nos últimos anos o valor repassado era de 12 mil reais (por ano!), o suficiente para pagar contas de água, luz, faxina e impostos. Mesmo assim, milhares de estudantes puderam visitar a casa, com monitoria, oficinas e atividades culturais. Mesmo assim, diversas apresentações artísticas lá ocorreram, a maioria com entrada franca. Tudo graças a parcerias de instituições, de projetos e por meio de editais de incentivo.

Porém, neste ano, até agora o Instituto não recebeu nenhuma verba pública para poder pagar suas contas e tentar manter as portas abertas. Por força da Lei nº 13.019 de 31.07.2014 a nova administração pública de nosso município está verificando juridicamente o “modus faciendi” para viabilizar a renovação dos convênios e respectivos repasses aos três museus da cidade (soma-se Casa de Brusque e Museu de Azambuja).

Diante da situação crítica, por consideração ao enorme valor cultural do Instituto e pela gratidão ao sempre receptivo Carmelo Krieger – administrador e filho do maestro, diversos artistas de Brusque e região organizaram um evento beneficente, que ocorrerá neste domingo.

Com ingresso único de 20 reais, das 15 às 21h, ocorre o “Artistas Reunidos pelo IAK”, com diversas atrações musicais. Também a partir das 15h ocorre oficina de reciclagem com Marcelo Gomes e mini esquetes com a atriz Patricia Souza, na pele da divertida Adalina.

Esta que vos escreve não poderia ficar de fora, afinal o IAK é a casa de vó que não tenho.

Artistas Reunidos pelo IAK – neste domingo, a partir das 15 horas. Ingressos, a R$ 20,00, estão à venda na V.Kings, Kaldi Café, Sonata Escola de Música e loja Chili Beans.
Apresentações de Beto Dunker e João Guilherme, Vitor Soltau, Diego Hobus, Ricardo Pauletti, John Mueller e Mazin Sinva, Música Orgânica, Karina Bianchini Stoll e banda, Marcio Bicaco, Mimi Reis e Bia Barros, Lumi Noso e Didi Maçaneiro, Giana Cervi, Bruno Kohl, Vê Domingos, Trio Forró Brasil, Oficina Reciclando a Vida – Marcleo Gomes, Pati Souza e Lieza Neves.

 

Livros abertos

Também criada e mantida pelo Fundo Municipal de Apoio à Cultura desde 2009, a Feira do Livro de Brusque ocorre de forma ininterrupta, com programação voltada a todos os públicos. São cinco dias de evento, com contação de histórias, sessões de cinema, exposições, shows musicais e oficinas, tudo gratuito à população.

Até o momento, a Fundação Cultural não se posicionou com relação ao repasse do recurso e por conta de o evento ocorrer em junho, a organização procurou uma forma alternativa de captar o valor necessário para arcar com estrutura, divulgação e programação.

Então você, caro leitor, pode ajudar a fazer acontecer. Trata-se de uma ferramenta moderna e muito eficaz, que é o financiamento coletivo. Foi utilizado o Catarse, que é um mecanismo de nível nacional e que tem funcionado muito bem.

Quem quiser colaborar (a partir de 10 reais) basta entrar no site e realizar o pagamento via cartão ou boleto bancário. Lá estão descritas as contrapartidas para alguns tipos de colaboração.

 

 

Lieza Neves – atriz, escritora, produtora cultural…