Se no começo de sua história o Brusque teve dificuldades para atrair torcedores – resquícios da rivalidade entre Carlos Renaux e Paysandú -, o tempo ajudou a formar uma horda de apaixonados pelas quatro cores do clube. Representando o município há 30 anos, o Bruscão virou xodó e caiu nas graças da torcida, que não mede esforços para acompanhar o time, dentro ou fora do berço da fiação catarinense.

Muitos moradores de Brusque que conviveram com o período do tricolor e do alviverde deram o braço a torcer e são facilmente encontrados nas arquibancadas do Gigantinho para torcer pelo quadricolor. Crianças da época da fundação do time viram ele crescer e, entre os altos e baixos, viajaram quilômetros de distância, onde o Brusque estivesse, para demonstrar apoio. Já jovens que já nasceram com o time em plena atividade ajudam a compor uma massiva onda de crianças e adolescentes que abrilhantam o Augusto Bauer.

Cativado pelo título

Célio com a primeira camisa do Brusque da história. Foto: Arquivo Pessoal

Diferente da maioria, o empresário Célio Bruns não tinha escolhido por Carlos Renaux ou Paysandú na juventude. “Quem morava em bairro afastado não conseguia acompanhar os jogos, isso era mais para quem ficava próximo do Centro. O que dava era para ver os jogos do campeonato amador, mas profissional não”, explica.

Com o passar do tempo, porém, Bruns decidiu ir mais para o estádio, justamente no período em que o Brusque era o representante da cidade no Catarinense. Deu sorte: ele estava no Augusto Bauer naquele 13 de dezembro de 1992. “Todo mundo falava de Palmito, Claudio Freitas, Washington, mas pra mim o nome daquele título foi o goleiro Carlos Alberto. Eu vi ele defender uma bola fundamental na prorrogação”.

A glória fez com que Bruns seguisse apostando até hoje no quadricolor: o empresário é figurinha carimbada nas cobertas do Augusto Bauer. “Vou em praticamente todos os jogos. É bom, principalmente por causa da rivalidade com times da região. Tenho amigos de Blumenau que gosto de pegar no pé quando o Brusque vence”, brinca.

Décadas de dedicação
Um dos torcedores mais emblemáticos do quadricolor é Rafael Roncaglio, o Puff. O fanatismo pela equipe é tanto que ele acompanha não somente as partidas dentro e fora de casa, mas também é facilmente encontrado pelo Centro de Treinamentos Rolf Erbe assistindo a treinos, rachões, coletivos e amistosos.

Mostrando boa memória, ele relembrou seu primeiro contato com o Bruscão. “Meu primeiro jogo foi em 1989, Brusque contra o Próspera. O jogo terminou em 1 a 1 e nosso gol foi do Martinho Bin, que depois fez sucesso no Inter de Lages”. Mais tarde, com apoio dos pais, ele passou a frequentar o Gigantinho. Os anos se passaram e a paixão apenas aumentou. “Pelo Brusque eu viajei para Madureira (RJ), Sorocaba (SP), Porto Alegre (RS) e outros vários lugares”, diz.

Puff também foi presidente da Torcida Força Independente (TFI), a qual, antes de se desvincular, era membro desde 2002. Ainda presente nas arquibancadas em todos os jogos do Bruscão, o torcedor sonha com um futuro melhor para o clube. “Quero ver esse time se consolidar a nível estadual e nacional, tanto dentro de campo quanto fora. Meu sonho ainda é que o time tenha um estádio e vá para a Série A”, completa.

Presença jovem

Antônio Neto em Tubarão, acompanhando partida do Catarinense. Foto: Arquivo Pessoal

Com apenas 17 anos, Antônio Neto é a cara da jovem torcida brusquense. Membro da TFI, ele não perdeu sequer um jogo do Brusque em 2017, seja dentro ou fora do município. Acompanhando a organizada quadricolor, o jovem viajou até, por exemplo, Piracicaba (SP) para ver o Bruscão jogar com o XV em partida válida pelo Brasileirão Série D.

Quando Neto nasceu, o Bruscão já tinha 13 anos, e há oito havia conquistado o título catarinense. Prova de que o clube consegue atrair a torcida dos mais novos, mesmo que não tenham acompanhado a trajetória dos campeões de 92 . “Hoje o Brusque é uma das maiores coisas da minha vida, não me vejo sem esse time. É o meu único vício”.

Como quase todas as histórias de torcedor, a paixão de Neto foi semeada ainda na infância. Seu pai o levou para assistir a um jogo do time aos 10 anos. A memória da partida ainda é fresca na cabeça. “Saímos perdendo por 3 a 0 para o Joinville. Depois diminuímos o placar e ainda tivemos um pênalti que Viola foi cobrar. Tinha tanta gente que não vi o segundo gol. Naquele dia o Brusque perdeu, mas ganhou um torcedor”.

E um torcedor e tanto. Neto não se conforma em assistir ou ouvir as transmissões de casa. “Hoje se eu não vou a um jogo do Brusque, me dá uma tristeza! Além disso, em viagens você conhece novas pessoas, faz vários amigos”, explica.