Trecho de Brusque da rodovia Antônio Heil está totalmente liberado para tráfego

Primeiros quilômetros da rodovia Antônio Heil estão prontos por meio de parceria entre Irmãos Fischer e governo do estado

Trecho de Brusque da rodovia Antônio Heil está totalmente liberado para tráfego

Primeiros quilômetros da rodovia Antônio Heil estão prontos por meio de parceria entre Irmãos Fischer e governo do estado

O trecho brusquense da rodovia Antônio Heil (SC-486) foi totalmente liberado para o tráfego ontem. Com a finalização dos viadutos, o trecho de três quilômetros da rodovia está duplicado e pronto para receber com mais segurança os milhares de veículos que por ali trafegam diariamente.

Oficialmente inaugurada pelo governador Colombo Machado Salles em 25 de outubro de 1974, a rodovia conclui mais um importante capítulo de sua história: a duplicação. Quatro décadas após ser inaugurada, a estrada já não comportava o tráfego intenso de veículos e o transporte constante de cargas das indústrias de Brusque, Guabiruba e Botuverá e também Itajaí.

A empresa brusquense Irmãos Fischer S/A teve um papel fundamental no projeto de duplicação. Foi durante uma reunião com o atual governador Raimundo Colombo, que o empresário Ingo Fischer falou sobre os problemas enfrentados pela própria empresa, com a rodovia.

O fluxo de funcionários, aproximadamente mil, somado a abertura de uma creche com 300 vagas, que beneficiam tanto os filhos dos trabalhadores como a comunidade local, mais o entra e sai de cerca de 100 caminhões por dia na empresa, tornava-se muito difícil com a situação da rodovia, que possuía apenas uma pista em cada sentido.

O custo total da obra foi de de R$ 35 milhões | Foto: Comphany Studio/Divulgação

“O governador foi muito lícito quando eu conversei com ele para duplicar essa parte, e expliquei os motivos. Veio dele a ideia de fazermos um convênio com a Secretaria de Estado da Fazenda, através do adiantamento de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços]. O Deinfra faria o projeto, nós o executaríamos e pagaríamos a obra com o recurso do ICMS. Eu fiz isso e agora a obra está pronta”, lembra Ingo.

O trecho municipal, pago com os recursos do ICMS da empresa Irmãos Fischer, é o primeiro a ser concluído, e compreende 3,2 quilômetros. O custo total desta obra foi de R$ 35 milhões.

Somam-se a isso as desapropriações de terrenos ao longo desse trajeto, os quais a Fischer também indenizou com o valor do ICMS, que foram quase R$ 10 milhões. Já o trecho estadual, que vai até o trevo com a BR-101, são quase 21 quilômetros sendo duplicados pelo governo do estado com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no valor de R$ 130 milhões. A empresa responsável por essa parte da obra é a Triunfo, já a parte municipal foi realizada pela empresa Augusto Terraplanagem.

Os serviços de duplicação iniciaram em fevereiro de 2015 e também no trecho estadual, os primeiros quatro quilômetros estão em fase de conclusão. O grande desafio dessa obra será o entroncamento com a BR-101. O projeto desse trecho foi aprovado recentemente pela ANTT e Auto Pista Litoral Sul. Nesse local será feito um trevo completo, o que vai mexer muito com o trânsito no período de execução.

Desde o início da duplicação, o trecho municipal sempre apresentou um avanço maior nos trabalhos. Segundo Ingo, o cronograma até teve pequenos atrasos, porém, nada que comprometesse o resultado final.

“É uma obra que tem muitas particularidades, é muito complicada de se fazer por conta, principalmente, dos viadutos. Mas a empresa contratada construiu essa obra dentro do projeto que o Deinfra fez, está dentro do prazo que esperávamos e dentro do fluxograma de pagamento mensal de ICMS”, explica.

Mudança de cenário
Nos 43 anos de história da rodovia, a Irmãos Fischer está presente nos últimos 21 anos, já que se instalou às margens da via em 1996. A partir daí, mudou completamente o cenário local: muitos trabalhadores dos bairros próximos passaram a se instalar mais perto da empresa e toda uma localidade se desenvolveu nos arredores da Fischer, que comemora uma trajetória de 51 anos no município.

Hoje a empresa possui 130 mil metros quadrados de área fabril, sendo quatro unidades à margem esquerda da rodovia e uma à direita (antiga fiação da empresa Renaux, hoje pertencente à Fischer).

“Quando a gente começa num negócio, não tem nem ideia da dimensão onde pode chegar. Eu jamais poderia imaginar que um dia eu teria um parque industrial fabril desse tamanho, começando com o conserto de bicicletas. Eu pensava na época apenas como eu ia consertar uma bicicleta. Depois a coisa foi se desenvolvendo, crescendo, até chegar a essa realidade. E o crescimento disso tudo é uma história. Você não tem noção de onde pode chegar”, lembra o empresário.

“Fazer a duplicação desse trecho da rodovia é um presente que a Fischer está dando para a cidade de Brusque, através do ICMS. Ao invés de mandarmos esse imposto para o estado, fizemos a obra. Então é um presentão para Brusque! Fica caracterizado o nosso trabalho, o nosso compromisso. É uma obra que vem beneficiar em muito o nosso município”, acredita Ingo.

Desenvolvimento de Brusque
Para o presidente da ACIBr, Halisson Habitzreuter, a duplicação da rodovia representa um marco para alavancar ainda mais o desenvolvimento socioeconômico do município e de toda região.

Ele lembra que a obra é uma reivindicação antiga da entidade, um assunto recorrente nas pautas da Acibr há alguns anos, em que muitos presidentes tiveram essa preocupação, pois sabiam da importância da ligação com o litoral e a região, que gera desenvolvimento econômico, potencializa o turismo, traz maior conforto e comodidade à população de Brusque e municípios vizinhos que utilizam essa rodovia.

Segundo Habitzreuter, o fato da empresa Fischer ter colaborado de forma tão determinante para essa obra acontecer, é extremamente gratificante para a ACIBr, que tem em seu hall de ex-presidentes, dois proprietários da empresa, Ingo e Edemar Fischer.

“São duas pessoas que se comprometeram muito pelo associativismo de Brusque e região e estão deixando seus nomes e da empresa registrados na história, por meio da parceria que fizeram com o Governo do Estado e que possibilitou a duplicação da Antônio Heil. Acredito que se não fosse o comprometimento da Fischer, a possibilidade era de não termos essa rodovia duplicada”, ressalta.


Um pouco da história

A construção da rodovia Antônio Heil foi uma verdadeira novela no fim da década de 60 e início da década de 70. A obra teve início ainda no governo de Ivo Silveira, que a deixou quase toda implantada. Na época, esperava-se que o próximo governador, Colombo Machado Salles, a concluísse e inaugurasse logo no primeiro ano de sua administração. O que não ocorreu.

Enquanto lideranças políticas e empresariais do município cobravam constantemente a conclusão da obra, o Estado acusava a empresa construtora de incapacidade financeira e esta se defendia alegando falta de pagamento por obras executadas. Isto durou muito tempo até que o governo se dispôs mesmo a intervir na empreiteira.

A conclusão da rodovia Antônio Heil, obra que teve início exato em 22 de agosto de 1969, integrou a cidade ao sistema rodoviário nacional | Foto: Arquivo Casa de Brusque

Em 17 de agosto de 1966, os diretores se reuniram para discutir assuntos a serem encaminhados ao Plano de Metas do Governo de Santa Catarina (Plameg), por meio do então representante da região da Bacia do Itajaí, Paulo Bauer. O presidente da Acibr na ocasião era o industrial Carlos Cid Renaux, e a reunião contou com a presença do presidente da Câmara de Vereadores de Brusque, Carlos Moritz e do próprio prefeito, Antônio Heil.

Entre as reivindicações básicas e primordiais do município discutidas nessa reunião, estava o aproveitamento imediato do leito do ramal da estrada de ferro abandonada, e que ligaria Brusque-Itajaí, em uma rodovia de “primeira classe”. O pleito foi passado a Bauer em uma reunião seguinte, realizada em outubro daquele ano, junto com as demais reivindicações, para constar no Plameg.

*Informações do jornal O Município, edições de 1974, e livros de Atas Associação Empresarial


Duplicação em números

Trecho Municipal: 3,2 quilômetros
Valor: R$ 35 milhões + R$ 10 milhões (aproximadamente) em desapropriações
Obra iniciada em 2015 e concluída em novembro de 2017
Trecho estadual: 21 quilômetros
Valor: R$ 130 milhões
Obra iniciada em 2015 e ainda em fase de conclusão
Projeto da Obra: Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra)

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