O mundo passa ser outro. Penso mesmo que se trata daquilo que é, em toda a sua potência. Basta prestarmos atenção. Requer contemplação. Somente quando nos permitirmos olhar como uma criança em ascensão, crescendo, vivendo cada momento como único é possível ver o poder ser para além do ser. Mas, ainda mais, é prazeroso ver um adulto que se disciplina para ter esse olhar. Não é fácil, e ao mesmo tempo tão simples…Nos ensinaram que refletir é difícil, cansativo…Ah, que lorota! Karline Beber Branco nos mostra isso com sua delicadeza e profundidade. E não tenho dúvidas de que ela aprende e ensina nesse ato. Cada questão que seu filho aponta é motivo para rever e repensar atitudes e construir a partir disso poesia. Quando fui convidada para participar dessa mostra, também me senti reencantada pelo mundo. Onde o desenho, a cor e as cenas não tinham necessidade alguma de serem eternizadas, mas vê-las como instantes totais e únicos, como somente a voz de uma criança faz possível ser. Nas ilustrações consegui me libertar de condições formais, de suportes imperiais e de cores realistas, para adentrar o mundo proposto pela belíssima relação entre mãe e filho. Nesse cordão umbilical que não se desmancha ao ser cortado, mas que se mantém vivo nas peculiaridades de cada um, construtores de histórias e de rimas, ressignificando o cotidiano e a vida, de tal forma que somente a poesia do existir possibilita.


Sílvia Teske
– artista

 

 

O número passa dos dedos das mãos, de papais e mamães, que já me disseram que suas crianças lhes chacoalharam com perguntas de tirar o fôlego. É nesse ritmo que a mostra literária “UÉ” se envolverá.

Queremos pausar os questionamentos infantis e provocaremos quem nos lerá e apreciará a embarcar na máquina do tempo que lançará os adultos ao momento em que quiseram pular na poça, ignorar o relógio ou acompanhar formigas carregando borboletas mortas.

“UÉ” era palavrinha cismada na fala de meu filho Isaac, e alguns motivos – que se revelarão na mostra – fizeram com que eu me habituasse a registrar suas perguntas mais encrenqueiras, as mais importunas, as mais poderosas. Tais investidas não são exclusividade dele, estão por toda parte e “UÉ” pretende nos sensibilizar para isso.


Karline Beber Branco
– professora e mãe

 

 

Eu sou a madrinha. Fui uma das primeiras a vê-lo, logo depois de nascer. Peguei no colo e inventei brincadeiras mil. Fui acarinhada sendo escolhida pela Karline, recebi a tarefa de ajudar, orientar.

Não me refiro somente ao meu afilhado Isaac, que acabou de completar 9 anos, mas também a esta coletânea de poesias propostas por ele ao longo de sua caminhada e tão atentamente transformadas pela escuta materna.

Fui a madrinha ao ser escolhida para produzir a mostra que teve projeto aprovado pelo Fundo Municipal de Cultura, através de edital, e que agora estreia, com frases e diálogos recheados de doçura e sapiência. Fiz a conexão entre as palavras e as imagens da Silvia, propondo uma conversa que “tinha que acontecer”.

O conteúdo da mostra nos desconcerta pela simplicidade, pelo jogo do imaginário, por nos investigar como crianças que já fomos. Talvez se não tivéssemos parado de perguntar e nos encantar com o que nos cerca seríamos todos Manoel de Barros.


Lieza Neves
– atriz, escritora, produtora cultural…

 

 

Ué! Mostra literária e visual (programação gratuita)

06/09, às 19h – Abertura e palestra “A importância do reencantamento pelo mundo por meio da voz da criança” com Karline Beber Branco, no auditório da Faculdade São Luiz

Visitação:
06 a 18/09 – Faculdade São Luiz
18/09 a 29/09 – Fundação Cultural
29/09 a 09/10 – Uniasselvi/Assevim
09/10 a 20/10 – Sesc