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As mídias sociais geram um fenômeno curioso. Ao mesmo tempo em que vivemos uma era de superexposição da individualidade, nossa vida real nunca esteve tão bem acobertada.

Estudos apontam que as redes sociais podem despertar sentimentos negativos como aflição psicológica, tristeza e até mesmo causar sintomas de depressão.

E não é por menos, nas redes sociais todos os casais são perdidamente apaixonados, todos os solteiros são bem resolvidos, todas as férias são fantásticas, nenhuma mãe está cansada, todos tem o trabalho dos sonhos, as pessoas estão sempre arrumadas e bonitas.

O contraste entre a perfeição da vida alheia e da nossa vida imperfeita grita na tela. Embora a maioria das pessoas não processe tudo isso de imediato, o acúmulo dessas informações acaba por gerar, inconscientemente, uma sensação de que só a nossa vida passa pelos desafios usuais. E nada é mais mentiroso do que isso.

Fato é que, atrás da perfeição da vida exposta, existe uma vida real para todo mundo. A mãe que postou a foto falando proezas da maternidade também está cansada, o solteiro que está feliz em todas as baladas, também se incomoda com a solidão vez ou outra, o casal apaixonado também briga e por aí vai. Eu mesma, tenho um bocado de fotos de paisagens incríveis das minhas viagens nas mídias sociais, mas em nenhuma delas aparece todas as vezes que tive que checar se não tinha pulgas na minha cama, os transportes precários que tive que pegar para chegar lá, todo o lixo que tinha nos arredores e etc.

No fundo é natural que cada um exponha o seu melhor e é bom que seja assim. Expor experiências positivas gera um ambiente positivo e agradável. O importante é não cair na armadilha de pensar que a vida dos outros se resume ao que é exposto, embora aquela seja uma parte da realidade, as mídias sociais só dão conta de meias verdades sobre a vida das pessoas, que seguem com seus desafios cotidianos, assim como você e eu.

 

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Mariana Imhof – economista