leite materno
Luiz Antonello/O Município

Entre janeiro e junho, o programa Amamenta Brusque coletou 338 litros de leite materno na região. O alimento foi destinado a vários bebês que, por diversos motivos de saúde, não puderam mamar diretamente no seio materno. Deste total, cerca de 25 litros foram doados pela vendedora Manuela Schlindwein de Oliveira, de 42 anos.

Recentemente, ela teve o terceiro filho, o pequeno Tiago, de dois meses, e faz a doação desde 16 de maio. Porém, essa não foi a primeira vez: ela já doou leite materno por oito meses quando teve o primeiro filho, Lucas, há 11 anos.

“Eu sabia que existia a possibilidade, porque a minha irmã tinha doado. Eu já conhecia a Angelina [Tarter], do Anjos do Peito, e chamei ela para me ajudar. Eu tinha muito leite, então empedrava com muita facilidade. Ela explicou sobre a doação, trouxe os vidros e comecei”, recorda.

Manuela voltou a procurar o Instituto Anjos do Peito e a doar quando nasceu o segundo filho, André, de 8 anos. Nesta segunda vez, doou por volta de cinco meses e meio. “Agora, eles estão em parceria com o Amamenta Brusque e me passaram o contato. Logo já comecei a pegar os vidros para doação”, continua.

A mãe salienta que produz uma grande quantidade de leite materno e, geralmente, ela tira duas vezes por dia para doação, com a ajuda de um extrator. Caso não tire, Manuela explica que o excesso de leite prejudica o mamar do bebê e o bem-estar dela, pois o peito fica dolorido.

Ela detalha que cada vidro contém cerca de 450 mililitros (mL). “Tiro de 150 a 350 ml cada vez. Às vezes, eu encho um vidro inteiro em um dia. A extração do leite é um benefício tanto para o bebê quanto para mim”, reforça.

Com o terceiro filho, Manuela tirava um vidro e meio por dia no começo, agora enche um por dia ou um dia e meio | Foto: Manuela Schlindwein de Oliveira/Arquivo pessoal

Conforme Manuela, os vidros esterilizados são levados até a casa dela pela equipe do Amamenta Brusque. A mãe precisa cuidar com o processo, para que seja higiênico e não contamine o leite materno. Principalmente com o extrator de leite, que precisa ser lavado após o uso.

Após a retirada, a mãe coloca o leite para congelar. Uma vez por semana a equipe do Amamenta passa na residência para buscar a doação. A quantidade de vidros entregues pelo programa depende da necessidade da mãe. No caso de Manuela, semanalmente são levados de cinco a sete vidros de leite materno.

“Eu me sinto bem e orgulhosa de poder contribuir com a causa, ajudando. Enquanto eu puder tirar, continuarei. Acredito que até eu voltar ao trabalho vou conseguir manter essa doação”, afirma.

Fazer a diferença

Manuela relembra que na primeira vez ela tirava o leite em excesso na mão, pois não tinha o extrator. “O Instituto Anjos do Peito tinha uma bombinha, mas não achava bom para mim e era mais prática tirar na mão. Do segundo em diante, eu estive mais ligada, comprei um extrator e foi mais fácil, mais rápido e prático”, conta.

Caso a mãe não tenha esse equipamento, Manuela adianta que o Anjos do Peito e o Amamenta possuem ele disponível para emprestar ou alugar. “Não é a falta dele que impedirá uma mãe de doar”, pontua.

Manuela vive com o marido, Vagner de Oliveira, e os três filhos; a família inteira se envolve com a doação | Foto: Luiz Antonello/O Município

 

Para ela, divulgar a doação do leite materno é importante para conscientizar as mães a doarem. Ela explica que um vidro pode amamentar nove bebês. “Um pouquinho delas faz muita diferença para um bebezinho”, diz.

“Na primeira semana, levaram 11 vidros meus. Ou seja, eu devo ter ajudado mais de 100 bebês. Acredito que têm muitas mães que, por não terem muito ou tirarem pouco leite, pensam não ter o suficiente para ajudar. Mas cada 50 ml alimenta um bebê. Por mais que tirem pouco e encham um vidro numa semana elas fazem a diferença. Aquele pouco leite de excesso que acabam sendo jogados fora fazem a diferença”, completa.

Agosto dourado e o leite materno

A enfermeira e coordenadora do Amamenta Brusque, Sheila Neves, explica que o Agosto Dourado é o mês dedicado à intensificação das ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. A cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. No Brasil também escolheu-se este como o Mês do Aleitamento Materno.

De acordo com Sheila, o Posto de Coleta Amamenta Brusque vai intensificar as ações em diversos segmentos da sociedade, inclusive nas unidades básicas de saúde. O Serviço é ponto de apoio para as mães que têm dúvidas ou estão com dificuldades na amamentação, assim como um posto de coleta de doação de leite materno.

Para doar, a mulher precisa ser saudável e não fazer uso de nenhum medicamento que interfira na qualidade do leite materno. No caso de Manuela, foi necessário apresentar todos os exames feitos no último trimestre de gravidez.

“Todo leite que a gente manda é analisado. Por mais que eu tenha passado de uma primeira fase, cada remessa de leite que vai é analisada”, explica a mãe.

As interessadas podem entrar em contato com o Posto de Coleta, no Whatsapp (47) 99698-1221 ou com a secretaria no telefone 3255-6840. Após isso, a equipe fará uma breve entrevista e as orientações para a doação.

“Para as mães que têm excesso na produção do leite, eu peço que procurem pelo Amamenta Brusque para doar. O leite materno é o principal alimento e faz muita diferença para o bebê, não jogue fora”, finaliza Manuela.