Setembro é mês de prevenção de suicídio. Mês de pensar com empatia e compaixão sobre o quanto, para alguns de nós, a vida pode ser tarefa muito complicada. Nem todos sentimos da mesma forma; nossas vivências, dores e alegrias são únicas, e eu nunca vou saber qual a tempestade de pensamentos se passa por dentro de alguém só de olhar por fora.

É tempo de se colocar no lugar do outro. Dar amparo, ouvir com atenção, até mesmo quando o outro faz silêncio.

Apesar do título, desta vez não vou reclamar das desventuras do correr do relógio. Quero falar sobre relaxar mesmo. Dar um tempo do trabalho, das obrigações, das pressões sociais e até de nós mesmos.

E quando falo em dar um tempo, não quero que a pessoa tire férias de 30 dias e vá para o Havaí. Pode ser um tempo possível, podem ser 20 ou 5 minutos. Pode ser um banho relaxante. O que importa é que esse tempo seja totalmente SEU.

 

Foto de Ashlee Baez publicada nas redes sociais do Projeto Semicolon (ponto e vírgula, em inglês), que, entre outras ações, publica fotos e histórias de quem luta contra as tendências suicidas, dando visibilidade às questões que costumam ser invisíveis.
Foto de Ashlee Baez publicada nas redes sociais do Projeto Semicolon (ponto e vírgula, em inglês), que, entre outras ações, publica fotos e histórias de quem luta contra as tendências suicidas, dando visibilidade às questões que costumam ser invisíveis.

Viver sem pausas pode ocasionar uma sobrecarga pesada demais para aguentar, e, em alguns casos, com algumas pessoas, esse descaso com a gente mesmo pode acabar gerando sérios transtornos ou piorando os que já estão ali. A depressão é só um deles. Foi com essa ideia de respeitar nosso próprio tempo que surgiu a ideia de uma tatuagem bastante simbólica, que desenha na pele um ponto-e-vírgula.

Na língua portuguesa, o ponto-e-vírgula é usado quando o autor de um texto poderia terminar uma frase, mas escolhe não fazer. Ele decide fazer uma pausa na ideia, para continuá-la em seguida. A tatuagem vem com essa mesma intenção: que as pessoas com tendências depressivas e suicidas tatuem esse sinal em alguma parte do corpo e, sempre que olharem para ele, escolham seguir em frente, sem precisar desistir, se permitindo fazer as pausas necessárias antes de continuar.

É um sinal de que é preciso se dar um tempo de vez em quando, para aguentar a dor de viver e a série de obstáculos que a vida nos impõe. Alguns concretos – como a perda de um emprego ou de alguém querido. Outros abstratos, que vivem apenas dentro de nós – a intensidade da dor causada pela perda, mas que mesmo com tudo isso, é possível seguir e sobreviver, sim!

 

avatar Eduarda 2

 

Eduarda Paz – psicóloga