As redes sociais modificaram o modo como as pessoas se relacionam e compartilham informações na internet. Tornou-se comum expor a rotina de trabalho, lazer e momentos familiares. Entretanto, tal comportamento pode não ser saudável, quando mães e pais começam a publicar de modo excessivo a intimidade dos filhos nas redes sociais, visto que, atualmente, antes de nascer, aprender a falar ou escrever, algumas crianças já tem perfil no Instagram, mesmo que a idade mínima para criar uma conta seja de 13 anos.

Quais as consequências para a formação da criança? O que esse comportamento revela sobre os pais? A superexposição é uma invasão da intimidade da criança, momentos como a hora do sono, amamentação, banho, choro, birra, entre outros comportamentos, são íntimos da criança. Ao compartilhar de modo exagerado, os pais estão invadindo a privacidade da criança, assim como impondo suas personalidades e desejos em seus filhos. A criança passa a entender que é o centro das atenções e precisa manter-se desta forma, buscando chamar a atenção de maneira inadequada, desenvolver uma personalidade narcisista, distorções da autoimagem (não achar-se boa ou bonita o suficiente) e resultar em quadros depressivos quando para de obter reforçadores positivos (elogios ou comentários) na fase da adolescência.

E quanto aos pais? Estes podem estar buscando uma afirmação positiva quanto as suas habilidades parentais, os comentários dos amigos/seguidores tornam-se reforçadores de que estão educando adequadamente, mesmo quando o que é compartilhado não condiz com a realidade familiar. Nesse sentido, ao postar vídeos/stories/fotos de seus filhos, pense: Qual seu objetivo com esta postagem? Por que compartilhar exageradamente a intimidade da sua criança? Será que a criança gosta de estar sempre exposta nas redes sociais? Será que ela compreende o que significa aparecer para dezenas, centenas ou até milhares de pessoas? De que forma isto é bom para o seu filho(a)?

Tais questionamentos são imprescindíveis para a reflexão, a fim de que o uso das redes sociais não seja abusivo à criança e/ou contribua para o adoecimento psíquico ao longo do seu desenvolvimento.


Ketlyn Lais
– Psicóloga