Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Voto-faxina

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Voto-faxina

Pe. Adilson José Colombi

Em Brasília e, por contaminação, em quase todas as categorias políticas (federais, estaduais e municipais), só se respira um ar das eleições de 2018. Tudo ou quase tudo é visto e tratado à luz dessas futuras eleições. O povo, porém, ainda não parece estar muito ligado ainda nessa corrente eleitoral. Pouco a pouco, todavia, vai aparecendo alguma manifestação, aqui e ali. De modo geral, porém, aparentemente, não há grande interesse no assunto. Isso não quer dizer que haja “desligamento” total. Creio que não é o caso. Contudo, o bom seria que houvesse uma maior participação popular, em todos os momentos da vida nacional. Não, apenas, nos momentos de eleições.

E, por falar em eleições, as perspectivas não são as melhores para o próximo ano. Os que estão se apresentando como possíveis candidatos, nas várias esferas do poder, não inspiram grandes mudanças nos rumos de nossa política. Sobretudo, se se pensa em termos de uma renovação no trato da “coisa pública”, com mais lisura no lidar com o dinheiro público. Portanto, com mais ética, consequentemente, com menos corrupção. Os nomes são praticamente os mesmos, raras exceções. E, por enquanto, as exceções também não dão grandes esperanças de “algo novo”.

O descrédito da política e do político chegou a tal grau que quem gostaria de participar desse setor de nossa vida nacional, sente-se desestimulado. Mais ainda, torna-se difícil alguém entrar nessa via de participação na vida da Nação, na situação atual. Muitos, com uma vida honesta e respeitada, têm receio de entrar na vida pública. Com efeito, têm medo de também serem “tratados e considerados” como corruptos. Isso porque, infelizmente, criou-se o estereótipo que “todo político é ladrão” ou “candidato a ladrão”. Claro que isso não é verdade. Mas, formou-se esse conceito de político e também da política em nossa mentalidade política, em geral.

Assim, muitos que teriam condições para dar uma boa colaboração se omitem, simplesmente, porque não querem arriscar a “sujar seu nome” e até comprometer a sua família. Dessa forma, o campo fica aberto para os que já têm o “carimbo de corrupto” ou querem fazer parte daqueles que já estão repartindo o bolo da corrupção. Muitos políticos já nem se importam com o que o povo pensa ou fala deles. Estão “curtidos”, já criaram uma “película impermeável”. Ou porque já se convenceram que a ideia que se difundiu que “o povo tem memória curta” ainda está em voga. Mais ainda que boa parte dos eleitores se vende ou comercializa seu voto, fazendo leilão de quem dá mais.

Por isso, julgo que no estado atual de nossa situação política nacional, uma boa medida seria o voto-faxina. Não confundir com o voto-nulo. Esse, talvez, seja o voto até pregado pelos corruptos mais notórios. Simplesmente, porque sabem que os seus eleitores e aqueles que querem tirar uma “casquinha” não vão se omitir. Sabem que não vão seguir a pregação do voto-nulo. Por isso, o voto mais acertado é aquele que se propõe fazer uma limpeza geral. Assim como uma casa, de vez em quando, necessita de uma faxina, e uma boa limpeza, do mesmo modo, nossa política está pedindo uma faxina geral. Por isso, uma boa medida seria o voto-faxina. Isto é, todo político, mesmo que tenha, apenas, indícios razoáveis de suspeita de corrupção, seja faxinado. Seja eliminado do exercício do poder público, seja qual for o patamar desse poder. Certamente, não acabaria com a corrupção, mas seria um duro golpe nela.

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