Primeira edição da Fenarreco teve sucesso maior que o esperado e pavimentou caminho para edições seguintes
Caça e Tiro Araújo Brusque abrigou as três primeiras edições da festa
Depois de muito sofrimento e destruição na enchente de 1984, o Caça e Tiro foi o local onde a comunidade teve um momento para comemorar e seguir em frente. A ideia era realizar a primeira Fenarreco já em 1985, um ano após a primeira edição da Oktoberfest de Blumenau.
Prefeito da época, José Celso Bonatelli aceitou a ideia de prontidão, mas a realização da primeira Fenarreco só aconteceu em 1986. Apesar da vontade do poder público, o secretário de Turismo na época, Rolf Kaestner, lembra que faltava um local para a realização do espaço como se imaginava. “Tinha que ser uma coisa central, porque era difícil de se locomover naquela época”.
Como o Caça e Tiro tinha sido muito atingido pelas enchentes, o evento foi realizado em 1986, quando o clube já teria um bom tempo para melhorias serem feitas, já que o poder público tinha outras demandas na época. A ideia era de um evento não só para a cidade, mas também para atingir turistas.
Foram várias as dificuldades para a realização da Fenarreco. A organização teve que pensar em questões sanitárias, arrumar o pátio. Na véspera, choveu muito. Eles haviam alugado uma lona, que começou a ter bolhas de água. Para não desmoronar, tiveram que fazer furos para conservar o que tinham montado.
“Não tinha fornos suficientes. Tivemos que usar fornos de padaria, de outros locais da cidade, decoração também. Tudo isso foi feito em casa. Não tínhamos muito recurso, a equipe interna da prefeitura recortava flores de cartolina, papel machê, para poder dar um ambiente para aquilo que a gente imaginava da festa”.
Sucesso acima do esperado
A ideia da organização era realizar um evento gastronômico onde as pessoas iriam até o local para almoçar ou jantar, ouvir uma música, e deixar o evento, no máximo, às 23h. Ledo engano. Filas se formaram já no primeiro dia da Fenarreco, uma sexta-feira.
“Tínhamos contratado a banda até as 23h, mas ainda tinha uma multidão ainda lá dentro. Ninguém estava entendendo nada, mas era uma pena parar. Tivemos que correr e pedir para que o pessoal da banda continuasse pelo menos mais uma hora. E eles toparam”, lembra Kaestner.
No mesmo dia, a equipe da prefeitura se reuniu, porque percebeu que a proposta era equivocada.
“A própria organização ia para a cozinha para lavar louça, ajudar a preparar a comida. A fila era imensa. Foi uma dificuldade bastante grande, contando até com as limitações do clube, número de pratos, talheres. Mas o presidente da época foi muito solícito, se empenharam muito”.
Moradoras da rua Hercílio Luz, Rut Ulber Chaves e Rosita Horner, a Hita, participaram das edições da Fenarreco e de outros tantos eventos no Caça e Tiro. Elas se recordam que até a polícia teve que ser chamada para dar conta de alimentar tanta gente.
“No começo, não deram conta dos marrecos. Eram 30 a cada três horas que conseguiam fazer porque estava tudo estragado por causa da enchente. A organização pediu ajuda da polícia para buscar os marrecos nas padarias. Nessas três edições, estava sempre lotado”, lembra Rosita.
Ótimas memórias
Outra dificuldade que a organização teve que enfrentar foi a dificuldade para comprar itens básicos por causa do momento econômico do país. Até conseguir cerveja foi um desafio.
“Era difícil comprar carne, sabonete, papel higiênico, ninguém podia subir o preço das coisas. Alguns dias, no meio da festa, tivemos que servir cerveja. Abria, colocava no copo de meio litro e colocava no copo como se fosse chope. Mas as pessoas estavam conscientes da dificuldade, não reclamaram”.
Rute, Hita e outras pessoas da rua montaram, desde 2016, um grupo para representar o Caça e Tiro na Fenarreco. Primeiro, enfeitaram uma bicicleta e, nas edições seguintes, uma carrocinha para participar do desfile e não deixar a tradição morrer. Depois, eles se reúnem para uma festa em casa, que ficou apelidada de “Fenarrute”.
Foram três anos de Fenarreco no Caça e Tiro, até que a festa ficou grande demais para o local. Apesar disso, as lembranças são as mais afetivas, pela integração que o evento permitia.
“Mesmo com todas essas dificuldades, os três eventos lá foram um sucesso. As pessoas, anos mais tarde, ainda lembram como era bom, mesmo com as improvisações. Era um momento de integração, todo mundo se sentava junto, o prefeito, os empresários, junto com todo o povo. Ali, todos eram iguais”, lembra Kaestner.
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