Reaproveitamento de água representa ganho para o meio ambiente e alívio para o bolso
Brusque tem lei direcionada a prédios públicos, e empresas privadas também aderem a soluções sustentáveis
Bruno da Silva
bruno@omunicipio.com.br
O uso consciente da água é um assunto cada vez mais importante, não apenas em grandes cidades, onde a dificuldade de abastecimento é agravada, mas também em municípios médios, onde o crescimento populacional aliado à falta de planejamento, em alguns casos, culmina em problemas constantes para a população.
Ao mesmo tempo, a sociedade está evoluindo, gradualmente, na conscientização em relação à importância de cuidar e usar de forma consciente o recurso, que não é infinito. Em Brusque, empresas, moradores, empresários e também o poder público dão passos nesse sentido.
Uma lei aprovada pela Câmara de Vereadores em 2019 definiu que obras públicas precisam adotar algumas medidas relacionadas à sustentabilidade. A partir daquele momento, a prefeitura precisa adotar solução para reserva e aproveitamento das águas pluviais para usos não potáveis como regas de jardim e lavagem de calçadas, além de prever outra fonte de energia para aquecimento de água e priorizar a utilização de material de construção civil dotado de certificação ou selo de sustentabilidade.
A primeira obra que está sendo realizada sob essa legislação é a nova creche do bairro Limeira, o Centro de Educação Infantil (CEI) Tia Ana. A verba para a construção da nova escola vem do governo do estado e dos cofres municipais, superando os R$ 5 milhões em investimento. A unidade contempla dez salas para os alunos, espaço administrativo, área coberta e descoberta para vivências, solário e área de serviços.
No projeto do CEI Tia Ana estão previstos sete reservatórios para armazenamento da água da chuva. Com isso, é prevista uma economia considerável na utilização do recurso que vem do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) e, além disso, essa estrutura pode ser utilizada como ferramenta pedagógica, assim como outras unidades do município fazem.
“Vale muito a pena na questão da sustentabilidade. O Samae trabalha no limite com o município crescendo cada vez mais. Se cada um fizer sua parte, é algo que gera menos custos no fim para o poder público. Hoje, o município tem que fazer uma ETA nova na Cristalina, que vai custar entre R$ 90 milhões a R$ 100 milhões. Se mais pessoas tiverem cisternas, será uma demanda cada vez menor. Atualmente, a gente vê as pessoas limpando carro, calçada e garagem com água potável, o que não é necessário. Há um custo, mas no fim vale a pena para todos e o poder público pode empenhar dinheiro e esforço para outras áreas”, destaca o engenheiro da Secretaria de Infraestrutura Estratégica de Brusque, Rafael Kniss.
Sustentabilidade e redução de custos
Além da questão ambiental, a redução de custos pela adoção de métodos de reaproveitamento de água pode ser um diferencial para empreendimentos.
A Renaux Empreendimentos, há mais de uma década, adota em seus edifícios técnicas sustentáveis como política da empresa. A ideia é harmonizar com o meio ambiente, desde o período de construção até o pós-construção, reduzindo o máximo possível os resíduos e utilizando com eficiência os materiais e bens naturais, como água e energia.
O primeiro edifício com o sistema de captação de água foi entregue pela empresa em 2009. O recurso que vem da chuva é utilizado em atividades que não exijiam agua potável, como lavação de garagens, calçadas e irrigação de jardins.
Um dos quatro empreendimentos da Renaux com esse sistema é o Edifício Madrid, que fica no Centro de Brusque.
“Esse sistema já foi instalado assim que o prédio foi construído. Eles fizeram o sistema para receber água da chuva e cada ponto de área útil do condomínio tem duas torneiras indicando qual é a água da chuva e qual é a do Samae. A uitlização da água da chuva é para manutenção, limpeza de calçadas, pisos, garagem, para molhar as plantas”, conta o síndico David Wagner.
O edifício conta com uma bomba para a água da chuva, que aumenta a pressão e facilita a utilização nas áreas úteis do prédio. A água vem do telhado e já é enviada para a cisterna e passa em um filtro para retirar as impurezas para ela estar pronta para usar.
“Nossa conta de água é bem baixa. Utilizamos bem pouco a água do Samae já que temos a água da chuva”, relata.
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