Rosemari Glatz

Reitora da Unifebe

​A indústria têxtil em Brusque – Parte IV

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​A indústria têxtil em Brusque – Parte IV

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A primeira fábrica de tecidos que logrou êxito em Brusque foi a Fábrica de Tecidos Renaux, constituída por Carlos Renaux em 1892. O início da atividade fabril só foi possível graças a um pequeno grupo de alemães, conhecidos como “auslandsdeutsche”, que estavam estabelecidos em território polonês quando, a partir de 1889, emigraram para o Brasil.

Com base nas pesquisas de Dirschnabel (2019), as famílias Weber, Kreidlow, Oziemowski, Kosel e Schultz, dentre outras, estavam entre os “Tecelões de Lodz” que ajudaram a criar a Renaux. Inicialmente eles se estabeleceram na linha do Sternthal, Guabiruba do Norte Alta, e por isso Guabiruba ficou conhecida como a Terra do Tecelão.

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Os primeiros anos da fábrica foram duros e, devido às dificuldades de venda dos tecidos, a fábrica ficava parada frequentemente, o que dificultava a conservação de uma turma de operários experimentados.

A tenacidade do fundador, Carlos Renaux
O maior empecilho do desenvolvimento da empresa era, no entanto, a falta de capital. Buggenhagen (1941) escreveu que a soma empatada na montagem da fábrica foi muito além do orçamento, de sorte que parecia impossível cobrir regularmente as despesas de movimento. A venda, através da qual Renaux havia conseguido os recursos para fundar a fábrica de tecidos, não produzia os lucros necessários para suprir a escassez financeira da fábrica e para mantê-la em operação. Era preciso recorrer a empréstimos temporários, feitos por amigos, e aos créditos concedidos pelos fornecedores de fios.

De 1892 até 1900, a nova fábrica tinha um quê de grotesco no meio dos contratempos em que se debatia, tanto que não se poderia imaginar sua existência, senão longe dos grandes centros. Não fosse a extraordinária tenacidade de seu fundador, ela teria fechado as portas, logo no princípio, diante da força das circunstâncias aniquiladoras. Renaux resistiu até o extremo sem esmorecer, conseguindo, dessa forma, acomodar, paulatinamente, tudo às circunstâncias e adquirir a prática que lhe faltava no início. A fábrica, tal como se apresentava em 1900, não era uma empresa robusta; resistira, apenas, às perigosas moléstias da primeira idade e prometia, para o futuro, alguma esperança de melhoras.

A próxima etapa: a montagem de uma fábrica de fiação
O ano de 1900 marcou uma nova etapa no desenvolvimento da firma. A situação começou a melhorar, embora perdurassem certas dificuldades. Coube a Renaux, primeiramente, a tarefa de assegurar, com o acréscimo de seu capital, as bases de sua empresa.

Convencera-se ele que, numa praça como a de Brusque, não poderia vingar a fábrica de tecelagem sem possuir a sua própria fiação. Por essa razão propôs à firma A. O. de Freitas, de Hamburgo, a montagem de uma fábrica de fiação. Aprovado esse plano, a firma Freitas fez um pedido de algumas máquinas de fiação com um total de 1.000 fusos à firma Platt Bros & Co, de Oldham, Inglaterra. Em 1900, montada a fábrica, não tardaram a surgir as mesmas dificuldades que se haviam verificado nos primeiros tempos da fábrica de tecidos.

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As dificuldades para trabalhar com algodão
A experimentação indispensável das máquinas, funcionando ainda sem o material de fabricação, levou pouco tempo, mas depois foi preciso iniciar a produção de fios com homens que nunca tinham visto uma máquina de fiação e menos ainda haviam manejado. Além disso, havia as questões do clima, ora muito úmido, ora muito seco. A preparação inicial do algodão para a fiação tinha que ser feita à mão, por falta das máquinas apropriadas. O algodão era pesado em pequenas balanças. Só aos poucos, tudo foi se acomodando e os operários foram se habituando ao manejo das máquinas.

Continua na próxima semana.

Fonte:
BUGGENHAGEN, E. A. von. História Econômica no Município de Brusque e a obra do Cônsul Carlos Renaux. [SI]. Brusque, 1941. Não publicado.
DIRSCHNABEL, Roque Luiz. Advogado e escritor, reside em Guabiruba. É pesquisador da história de Guabiruba.

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