O tempo assusta. São 15 anos sem Paulo Francis, hoje. A  morte dele é uma daquelas que eu sei
exatamente onde eu estava e como reagi, quando soube. O que não vem ao caso, é claro, não se preocupe. 

O mundo poderia ser dividido entre quem gosta ou detesta
Paulo Francis. claro, há uma outra fatia, bem grande, lotada de gente que não o conhece
ou nunca se importou com ele. Azar de quem habita esta parte do gráfico.

Ok, Francis era controverso. Polêmico, impaciente, certeiro
em suas opiniões antipáticas. E tudo isso era bom. Não era necessário concordar
com ele ou odiá-lo por discordar dele. Era muito melhor encarar cada declaração
publicada ou falada (Manhattan Connection nunca mais foi nem será o mesmo, sem
ele) como um desafio, uma cutucada renovadora no que tínhamos como certo.

Uma cutucada muitíssimo bem escrita e que faz uma imensa
falta. Mesmo que ele desprezasse toda a cultura pop que ocupa nossas
existências. Mesmo que uma de suas formas preferidas de avacalhar o próximo
fosse chamar a criatura de middlebrow.

Hoje, para marcar a data, vou começar a reler mais uma vez Cabeça de Papel – e sei
que vou mais uma vez me surpreender com o estilo Paulo Francis de contar uma
história. 

15 anos. O tempo podia desfilar com um pouco mais de calma.


Dando aquela googlada básica sobre ele encontrei este texto,
escrito pelo escritor e tradutor Alexandre Soares da Silva. Uma daquelas tropeçadas ao acaso que
rende uma bela leitura.


Para terminar, um vídeo que fez parte do Arquivo N (Globo News) sobre
Francis que comentei na coluna da última sexta-feira. A imitação de William
Bonner
naquela campanha de final de ano da Globo de 1992, que Rodrigo Vechi
(agora vizinho de papel… e pixels!) relembrou há pouco tempo.  Porque tudo acaba sendo circular. Genial.