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1968, dividindo a História

Este ano, nossa sessão nostalgia fez um movimento de ré. Começamos por 1988 (que rendeu um resgate necessário da nossa cena rock brusquense!), passamos por 1978 e agora… chegamos ao fundamental ano de 1968.

O ano da Primavera de Praga, do Maio de 68 em Paris, o assassinato de Martin Luther King e de Bobby Kennedy, das manifestações contra a guerra do Vietnã. Para nós, foi o ano que fechou com o  AI-5, instrumento que a ditadura usou para acabar de vez com nossos direitos civis.

Essa mistura de movimentos libertários com gestos autoritários deu à produção cultural daquele ano, ecoando pelos anos seguintes, características muito próprias. Aqui, com a censura, foi tempo de usar e abusar da poesia, mais difícil de “enquadrar”. Aqui e lá fora, a experimentação virou quase regra.

Hoje vamos focar nos lançamentos de disco que definem 1968.  E a gente começa, é claro, pelas duas maiores bandas da época: Beatles e Rolling Stones. Ambas já estavam consolidadas, donas de uma quantidade sólida de hits que passaram com louvor a todos os testes do tempo.

White Album

O famoso Álbum Branco dos Beatles meio que separa crianças de adultos. Se bem que entre as suas músicas está a que a gente pode considerar uma das mais infantis da banda, Ob-La-Di, Ob-La-Da. Mas também tem clássicos como Dear Prudence, Black Bird, Helter Skelter, While My Guitar Gently Weeps  e o melhor exemplo de música não pop em todo o repertório dos Beatles, Revolution Number 9.

Beggar’s Banquet

Os Rolling Stones, por sua vez, preferiram o caminho do choque ao da experimentação “cabeça”. A partir da capa – proibida e substituída por uma versão super light – o disco que marcou a última participação efetiva de Brian Jones em um disco da banda. Oo álbum seguinte, Let it Bleed, lançado no ano seguinte, o ano da morte do músico, tem Brian Jones em pouquíssimas faixas.

Beggar’s Banquet, o banquete dos mendigos, não economiza em clássicos. Ou você acha pouco um disco que tem Street Fighting Men e Sympathy for the Devil, além da linda Salt of the Earth, que ganhou uma versão maravilhosa de Joan Baez em 1971?

Waiting for the Sun

É o terceiro disco do The Doors, onde encontramos seu segundo maior hit, Hello I Love You. É um disco que, por um lado, foi criticado como uma virada comercial da banda. Por outro lado, mostra aquela inquietação e necessidade de rejeitar papéis estabelecidos pela indústria e pelos fãs, caminho que levaria ao final da banda e à morte de Jim Morrison.

Electric Ladyland

O terceiro disco de Jimi Hendrix é, digamos assim, caudaloso. Mostra um músico no auge do seu ímpeto criativo. É o álbum que tem a cover incrível de All Along the Watchtower, de Dylan e um dos clássicos de Hendrix, Voodoo Chile. Obrigatório para que se compreenda a importância do guitarrista para as gerações posteriores.

Cheap Thrills

Embora seja o segundo disco da parceria de Janis Joplin com a Big Brother and the Holding Company, vale como se fosse o primeiro, já que foi quando as coisas aconteceram. Também, o que dizer de um disco que tem a versão rasgada de Summertime, além Piece of My Heart e Ball and Chain?

Ah, sim, como bônus não musical, o disco tem uma capa inesquecível, assinada por ninguém menos que Robert Crumb.

White Light White Heat

Começamos com um álbum branco… para terminar com um disco que tem uma capa quase inteiramente preta: o segundo álbum do Velvet Underground.

“Divorciados” de Andy Warhol, Lou Reed, John Cale & companhia seguiram um caminho experimental e barulhento, com aquelas letras ligadas ao submundo urbano que são a assinatura de Reed. Mais uma vez, venderam pouco… mas influenciaram muito. A faixa título merece ser ouvida em looping, até cansar.