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1968, o ano do Macaco

Depois de várias sessões de cinema, folheando o que passou nas telas em 1968, faltou falar do filme que talvez tenha sido o mais bem-sucedido daquele ano. Um universo que, com alguns hiatos, continua firme, forte, ativo e se reinventando até hoje: O Planeta dos Macacos.

Talvez seja, desde o primeiro filme, a franquia que melhor conversa com a evolução tecnológica da indústria cinematográfica, ao mesmo tempo em que valoriza os recursos clássicos do cinema, como a maquiagem.

Sem contar que o final do filme original deve estar entre os mais impactantes da História do Cinema!

Mas… não há porque ficar tentando analisar a longa saga iniciada em 68, quando temos pertinho da gente o cara que é, sem dúvida, o maior especialista em Planeta dos Macacos no Brasil. Ele ultrapassou, faz tempo, os limites que definiriam um fã. É um pesquisador, com livros publicados e uma paixão que não acaba nunca.

Portanto, com a palavra, o quase símio Saulo Adami.

 

O Planeta dos Macacos (1968) é meu projeto de arqueologia cinematográfica vitalício. O assisti uma única vez como fã, todas as outras como pesquisador. Ele e seus derivados são minha vida de escritor e pesquisador desde 1975, eu tinha 10 anos quando o vi em preto e branco na TV.

O impacto das imagens (cidade cenográfica, maquiagem, Estátua da Liberdade soterrada) e as atuações de Charlton Heston (Taylor), Kim Hunter (Zira) e Roddy McDowall (Cornelius) me levaram a querer saber mais sobre seus bastidores.

Li o romance de Pierre Boulle (La Planète des Singes, 1963) na década de 1980. Criei fã clube (1984), fãzine (Century City News, 1985) e lancei o primeiro livro sul-americano sobre o tema (O único humano bom é aquele que está morto!, 1996). O livro me levou a Los Angeles (1998-1999) para entrevistar os maquiadores John Chambers (vencedor do Oscar 1969) e Bill Blake, a atriz Natalie Trundy (viúva do produtor Arthur P. Jacobs), os atores Booth Colman, Buck Kartalian, Ron Harper, Don Pedro Colley e Jeff Corey.

Fui maquiado por Bill Blake e conheci o acervo de Jacobs, na Universidade de Marymount; e troquei cartas por cinco anos com Kim Hunter. Escrevi Diários de Hollywood: Um brasileiro no Planeta dos Macacos (2008) e outras obras, incluindo Homem não entende nada! Arquivos secretos do Planeta dos Macacos (2015), reunindo tudo o que pesquisei, entrevistas exclusivas e colaborações de um punhado de amigos que esta paixão me trouxe! Fiz exposições temáticas, palestras e produzi curtas-metragens (A Cidade dos Macacos, 2015; A Nave, 2016). Estou escrevendo Planeta dos Macacos: Arquivos Revelados! – para lançamento em 2020.

 

Sobre O Planeta dos Macacos

O Planeta dos Macacos foi o único filme da série clássica (1968-1973) a receber indicações ao Oscar: melhor música original (Jerry Goldsmith) e melhor figurino (Morton Haack). John Chambers recebeu um Oscar honorário pela criação da maquiagem.

► O filme de 1968 custou US$ 5,8 milhões, 17% deste montante foi investido em maquiagem, o que levou o filme para o Guinness Book;

► A sessão de maquiagem durava em média 3 horas a 3,5 horas para aplicação, e até 1 hora ou 1,5 hora para retirada pois usava adesivos cirúrgicos em alguns pontos, a retirada poderia ser “dolorida” para os atores;

Charlton Heston ficou rico com este filme: ele recebeu US$ 125 mil para atuar e 10% sobre o seu rendimento. O filme original rendeu sozinho, até o final do século XX, perto de US$ 100 milhões;

► O conceito da maquiagem dos chimpanzés, gorilas e orangotangos foi desenvolvido por John Chambers em um fim de semana. Seu trabalho revolucionou a indústria cinematográfica, usando látex como base para a face dos personagens e cabelos naturais;

► O escritor Pierre Boulle, autor do livro original (1963), também é o autor de A Ponte do Rio Kwai (1952), livro que deu origem ao filme de David Lean. Bolle não acreditava que O Planeta dos Macacos pudesse ser filmado, por isso festejou ao receber os cerca de US$ 100 mil pelos direitos de filmagens, em 1964. “Vocês jamais conseguirão filmar isso”, disse ele ao produtor Arthur P. Jacobs, que também achou graça, respondendo: “Você vai ver!”;

► A maquiagem do filme influenciou várias gerações de profissionais da área, e é imitada até hoje.