1978: filmes cabeça, filmes estranhos…
Nosso roteiro nostálgico é bem repetitivo, já notou? Quando falamos em filmes que marcaram determinado ano, começamos pelos mais “sessão da tarde”, chegamos nos premiados e mais aplaudidos pelos críticos… e terminamos falando daqueles inclassificáveis, sempre variadíssimos. Hoje é o dia desses. Os “estranhos” que fazem 40 anos neste ano.
Mas não vamos começar pelos estranhos, não. Vamos dar preferência aos filmes “cabeça”. Temos aqui uma classificação que meio que saiu de moda e que servia para identificar filmes difíceis, menos palatáveis do que as típicas obras hollywoodianas e assinados por diretores muito conceituados. Há quem ame, há quem não entenda e há quem não tenha paciência para eles.
1978 teve exemplos clássicos de filmes cabeça. Sonata de Outono, de Ingmar Bergman, uma daquelas histórias intimistas que revela, camada a camada, a relação entre mãe e filha, vividas por Ingrid Bergman e Liv Ullman.
O segundo filme “cabeça” do ano foi uma homenagem ao diretor sueco, feita pelo super nova-iorquino Woody Allen. Interiores é um dos seus filmes tidos como mais pretensiosos mas, com todo o respeito e deixando bem claro que é uma opinião totalmente pessoal, é apenas um filme muito chato. Um dos poucos que me fez querer sair do cinema antes de terminar. E isso apenas um ano depois do lançamento do maravilhoso Annie Hall (aqui conhecido, infelizmente, como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa).
Voltando ao formato mais padrão de Hollywood, 1978 foi o ano do suspense Os Olhos de Laura Mars, protagonizado por Faye Dunnaway. A história da fotógrafa de moda que começa a “enxergar” através dos olhos de um serial killer teve roteiro de John Carpenter, o que pode explicar parte do seu magnetismo.
Ah, sim: esse também foi o ano de lançamento de Halloween, dirigido por Carpenter.
Outro filme inesquecível da época, mas que parece ter sido esquecido depois, é a adaptação do livro Os Meninos do Brasil, que mistura História com ficção científica (para a época) ao imaginar como seria se Hitler tivesse sido clonado e se seus clones fossem criados em ambientes familiares parecidos com o que o ditador cresceu. Teríamos uma repetição da História? No elenco, entre outros, Gregory Peck, Laurence Olivier e James Mason. Vale a redescoberta!
78 foi também o ano de muitas continuações, o que nos faz lembrar que continuações (quase sempre caça-níqueis) não são um fenômeno contemporâneo. Teve Tubarão 2, A Profecia II… e até uma não continuação com cara de continuação, Até Que Enfim é Sexta-Feira – que popularizou expressão que gerou a hashtag #TGIF, thank God it’s Friday. Um bom legado para um filme menor.
Por falar em nomes de filmes, 1978 é o ano do melhor filme e melhor conceito sem noção de todos os tempos. Foi quando O Ataque dos Tomates Assassinos foi lançado. A mistura de terror com comédia se revelou uma das fórmulas mais duradoras do cinema.
Também, vamos pensar bem… o que mais poderiam inventar depois de Piranha? Tubarões que caíssem do céu em um fenômeno climático? Ops.