2025, ano santo, da serpente e de xangô
Pois é, já estamos vivendo as alegrias e tristezas, as emoções e preocupações de um novo ano que, é claro, não significa um novo tempo. Este, cumprindo as leis da cinética, segue inexoravelmente a sua marcha sem paradas, sem recomeço e sem fim. O ser humano é que, a fim de ordenar a vida social, […]
Pois é, já estamos vivendo as alegrias e tristezas, as emoções e preocupações de um novo ano que, é claro, não significa um novo tempo. Este, cumprindo as leis da cinética, segue inexoravelmente a sua marcha sem paradas, sem recomeço e sem fim. O ser humano é que, a fim de ordenar a vida social, decidiu dividir o tempo em décimos de segundo, horas, meses, anos e até eras de passados distantes. Afinal, precisamos contar os anos das nossas vidas, o tempo de duração do trabalho e do descanso e, também, marcar as datas para comemorações, como a festança de fim de ano.
Cada povo tem os seus deuses, as suas religiões e o seu tempo. Para os católicos, 2025 será mais um Ano Santo. A enorme e pesada porta de bronze da Basílica de São Pedro, no Vaticano, ficará aberta para garantir uma indulgência plenária e o perdão de todos os pecados dos fiéis que por ela passarem. Pelas previsões, serão 30 milhões de turistas pecadores a serem perdoados.
Já os adeptos do Candomblé acreditam que 2025 será um ano regido pelos orixás Xangô, o deus da justiça e Iansã, a senhora dos ventos e tempestades. Dizem os pais e mães de santo que será um ano marcado por “mudanças rápidas, decisões importantes e a busca por equilíbrio em meio a desafios”. Como se vê, é uma previsão tão vaga e genérica que servirá para explicar o que der e vier pela frente.
Os chineses seguem um calendário baseado nos doze ciclos da lua. Por isso, o Novo Ano Lunar chinês vai começar em fevereiro e será o tempo da serpente, que eles veneram no altar, mas adoram comê-la num prato como iguaria dos deuses. Nós ocidentais, no entanto, herdeiros da cultura judaico-cristã, não podemos gostar desse réptil que, segundo a bíblia, foi o responsável pelo pecado original que nos condenou a trabalhar para comer o pão de cada dia com o suor do rosto.
É claro que uma coisa é o mandamento bíblico, outra a realidade. Assim, muitos privilegiados dessa nossa injusta sociedade banqueteiam-se todos os dias sem fazer força nenhuma.
Não precisamos ser filósofos. A experiência nos ensina que o tempo caminha sem que possamos pará-lo por alguns minutos sequer. Muito menos, aprisioná-lo numa redoma de aço inexpugnável de onde só saísse por uma porta, cuja chave pudéssemos guardá-la com segurança absoluta. Se assim fosse, logo que algo de ruim acontecesse, poderíamos parar o tempo até que a maré do flagelo tivesse baixado e o mal já não nos atormentasse mais.
Como não há parada no relógio do tempo, uma semana já se passou desde que, no instante final da última noite do ano de 2024, os fogos de artifício explodiram para iluminar os céus desta terra tupiniquim e as taças borbulhantes tilintaram na grande festança que anunciou a chegada de 2025.
Desejo a todos os meus queridos leitores e leitoras um Novo Ano de muita paz e realizações pessoais.