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30 anos do real: relembre como foi a chegada da moeda nas mãos dos brusquenses

População reagiu com muitas dúvidas sobre o funcionamento da economia após troca do cruzeiro real

Nesta segunda-feira, 1º, completou-se 30 anos que o real foi implantado como moeda no Brasil, substituindo o cruzeiro real, corroído pela hiperinflação. Em alusão ao marco, o jornal O Município relembra como foi divulgada a chegada da nova moeda e como a população local foi afetada pelo Plano Real nos primeiros dias de julho de 1994.

À época governado por Itamar Franco, o Brasil vivia um momento de instabilidade econômica. Assim, para resolver o problema de hiperinflação, surge o Plano Real, processo de estabilização econômica iniciado em 1993.

No acumulado de 12 meses, às vésperas do lançamento do real como moeda, a inflação chegou a 4.922% em junho daquele ano. Ao final do ano, o índice finalizou em 916%, e atingiu 22% em 1995. Desde então, mesmo com diversas crises internacionais e internas que prejudicaram a estabilização econômica, o IPCA acumulado em 12 meses passou de 9% em poucas ocasiões.

O Plano Real foi dividido em três partes: criação do Fundo Social de Emergência (FSE), criado para aumentar a arrecadação tributária e a flexibilidade da gestão orçamentária em 1994/1995; implantação da Unidade real de Valor (URV) como unidade de conta, uma moeda que foi utilizada para fazer transição para o real, última parte do plano.

“Dinheiro novo” em Brusque

No dia 24 de junho de 1994, noticiado ainda de forma semanal, o jornal impresso de O Município trazia em uma de suas chamadas de capa “Dinheiro novo chega dia 1º”, que informava quando a distribuição das cédulas e moedas, já no formato de real, chegaria aos bancos de Brusque, neste caso, via Banco do Brasil.

Capa do jornal que informava a chegada do real como nova moeda no Brasil | Vitor Souza/Arquivo O Município

Para a chegada da nova moeda, um grande esquema de policiamento havia sido montado.

A troca do dinheiro começou no dia 1º de julho. Os bancos funcionaram em horário especial para atender a população. Até então eram aceitas trocas da moeda e saques até o valor máximo de R$ 100, com cheque de próprio punho, que naquele momento era equivalente a CR$ 275.000.

Os mais de 60 mil moradores do município teriam até o dia 15 de julho para fazer a troca, prazo que seria prorrogado caso a data não fosse suficiente.

Agora é real

À época, um real era equivalente a 2.750 cruzeiros reais, essa conversão foi fixada e utilizada durante todo o período de troca da moeda. O jornal impresso do dia 2 de julho, um dia após o lançamento do real, informava que o movimento nos bancos no dia anterior havia sido pequeno.

Vitor Souza/Arquivo O Município

Fiscalização dos preços

Após a implantação do novo sistema monetário, as notícias traziam a atuação do Procon de Brusque e da Vigilância Sanitária para fiscalizar se o comércio estava abusando dos preços, ainda em processo de atualização.

Na quinta-feira, 30 de junho, um dia antes do lançamento da moeda, diversos supermercados do município ficaram fechados para fazer a conversão, alguns atuaram em meio expediente. Todos os itens das prateleiras deveriam estar com os valores atualizados em reais. Para a fiscalização, foi feita uma pesquisa de preço dos principais produtos.

A matéria da época menciona que o Procon não divulgou as irregularidades encontradas, mas que produtos localizados com preço acima da média foram lacrados.

“Em seguida as notas de compra do supermercado eram levadas para cálculo da média dos últimos meses. Caso constatada a irregularidade, os estabelecimentos teriam um prazo de cinco dias para contestar ou voltar atrás”, consta no impresso. A pena para os comerciantes que estivessem abusando dos preços era de multa.

Foto da matéria de 1º de julho que mostra agentes da Vigilância Sanitária na fiscalização contra preços abusivos | Vitor Souza/Arquivo O Município

Anúncios de mercados divulgados antes da conversão para o real mostram quanto alguns dos principais alimentos da casa dos brasileiros custavam no município. Um pacote com 100 gramas de fermento era comercializado por CR$ 680; 5 quilos de farinha de trigo eram anunciados por CR$ 2.490; o quilo do peito de frango, com osso, custava CR$ 2.430, e o pacote com 500 gramas de café era vendido por CR$ 2.495.

Anúncio de produtos no jornal mostra quanto itens custavam em cruzeiro real | Vitor Souza/Arquivo O Município

O valor para a compra do jornal impresso naquele 1º de julho também foi adaptado após a mudança para o real, deixando de custar CR$ 1.200 para R$ 0,50.

Capa da edição de 2 de julho, a primeira em valor de real | Vitor Souza/Arquivo O Município
Capa da última edição do jornal impresso de O Município comercializada em cruzeiro real | Vitor Souza/Arquivo O Município

Aposentadoria

Uma preocupação da época era se o salário dos aposentados e pensionistas seriam afetados com a implantação do real. O conteúdo explicativo em forma de perguntas e respostas informava os moradores sobre o que aconteceria com os benefícios dos moradores.

Vitor Souza/Arquivo O Município

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