Conta de luz subirá 3,6% mês que vem
Aumento se deve ao custo de compra energia por parte da Celesc
Cinco meses após aumentar o valor da tarifa de energia elétrica em quase 25%, a Celesc irá reajustar o custo da eletricidade em 3,61% em média, novamente. O novo percentual – autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) passa a vigorar no dia 7 deste mês e já incidirá na conta que chegará na casa do consumidor no início de setembro.
O reajuste tarifário será de 3,63% para consumidores residenciais e de 3,59% para a indústria. O aumento é abaixo da inflação do período, por isso foi recebido com surpresa pelo mercado, que esperava outra subida substancial nos preços.
O gerente regional da Celesc de Blumenau, Cláudio Varella, afirma que o presidente da estatal, Cleverson Siewert, já indicava que o reajuste seria abaixo dos 12%. Varella diz que o aumento abaixo do acumulado no período é resultado de algumas medidas adotadas pela estatal. “A Celesc fez alterações na sua estrutura interna, o que resultou no aumento menor”, diz.
Como o Município Dia a Dia já informou em matérias anteriores, a companhia estava com problemas de falta de pessoal para manutenção. O gerente afirma que as contratações foram ponderadas para evitar que o custo da energia subisse muito, mas que o sistema está funcionando a contento. Este aumento em agosto é ordinário – ou seja, acontece todos os anos – e é menor do que o aplicado em 2014, quando a estatal aumentou a tarifa em 22,63%. Já neste ano, a Aneel autorizou a Celesc a realizar um reajuste tarifário extraordinário médio de 24,77% em março.
Também neste ano, a agência reguladora instituiu o sistema de bandeiras, que impõe aumentos conforme a necessidade de compra de outros tipos de energia. A bandeira vermelha, por exemplo, significa que mais energia está sendo comprada das termelétricas, por isso é cobrado mais R$ 5,50 a cada 100 Kilowatt (Kw). A justificativa da empresa era que a Celesc, assim como outras concessionárias do setor, precisava promover o reequilíbrio financeiro de seu caixa.
Com os sucessivos aumentos, que no acumulado do ano somam quase 30%, a indústria catarinense foi afetada em sua competitividade, tanto que a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) manifestou-se contrária ao custo da energia.
“Preço represado” Andriei José Beber, especialista no setor elétrico, explica que a situação de aumentos consecutivos é resultado de uma política de governo adotada em 2012. Nesse ano, o governo federal mudou o marco regulatório do setor. “Houve um processo de antecipação das renovações das usinas hidrelétricas com o objetivo de baratear o preço”, diz. No ano seguinte à esta alteração, o governo de Dilma Rousseff utilizou-se um decreto para baixar o valor da tarifa em 19,3%.
A medida foi anunciada em rede nacional pela presidente. Beber afirma que com o barateamento produzir ficou menos interessante e produtores independentes deixaram de se interessar em vender. O que o governo não contava é que faltaria dinheiro para custear esta redução por decreto, diz Beber. Desta forma, a União apelou ao Tesouro Nacional para bancar a diferença entre o custo da energia e aquilo que os brasileiros pagavam. “O que aconteceu foi que o filho entrou no cheque especial e o pai começou a pegar a mesada”, diz o especialista.
Enquanto pôde, o governo federal segurou as pontas e pagou a conta, mas a situação apertou neste ano. O resultado foi uma onda de aumentos expressivos em agosto de 2014, março deste ano e agora novamente. Beber afirma que também contribuiu para este cenário desfavorável a crise hídrica, que ele classifica como “imponderável”. “O que pagamos hoje é o preço de dois anos. Era o preço represado que estava sendo pago por terceiro”, afirma o especialista no setor elétrico.