65% dos moradores de Brusque preferem passar os fins de semana e feriados fora da cidade

Número foi apresentado durante audiência pública da revisão do Plano Diretor do município

65% dos moradores de Brusque preferem passar os fins de semana e feriados fora da cidade

Número foi apresentado durante audiência pública da revisão do Plano Diretor do município

Pesquisa apresentada na audiência pública de revisão do Plano Diretor, na semana passada, mostra que 65% dos moradores preferem passar o tempo de lazer nos feriados e fins de semana fora de Brusque.

De acordo com o questionário, que foi respondido por moradores de várias regiões do município, 50,6% preferem ir para cidades próximas com praia. Outros 15% passam os fins de semana e feriados em cidades vizinhas sem praia. Somente 30,8% responderam que preferem passar os dias de folga em Brusque. Outros 3,6% apresentaram outras opções de local para ir nos fins de semana.

Desses que preferem ficar em Brusque, 48,4% responderam que ficam em casa durante os dias de folga. Outros 28,7% vão para casas de amigos ou parentes, e 10,1% utilizam os fins de semana e feriados para aproveitar em parques e praças do município.

Ed Carlos/O Município

Karol Carminatti, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Brusque (Unifebe), que integra a comissão que comanda os trabalhos de revisão do Plano Diretor da cidade, avalia que este é um dado preocupante.

“Esses dados mostram que precisamos de atrativos para a cidade. Muitos. Precisamos ter coisas para fazer em Brusque e justamente essa falta de opção é uma das questões que mais aparece na nossa discussão e leitura técnica dos questionários aplicados”.

De acordo com ele, essa questão reflete um desafio econômico para a cidade. “As pessoas saem daqui, então não deixam seu dinheiro na cidade. E esse dado corrobora com a situação do nosso turismo de compras. As pessoas chegam nas bordas da cidade e não entram”.

O professor afirma que o número surpreendeu, pois reflete mais da metade da população. “Soa como um desafio melhorar os nossos espaços coletivos para potencializar as questões econômicas, para que as pessoas fiquem aqui, que a cidade não seja só boa para trabalhar, mas que seja boa para se divertir também”.

Ademir José Jorge, secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, observa que esta é uma questão histórica de Brusque.

“Muitas famílias de Brusque têm propriedades no litoral e aos fins de semana acabam indo para aproveitar as outras cidades. Isso acontece há muito tempo”.

De acordo com ele, a secretaria tem se preocupado em fazer com que a população permaneça na cidade nos momentos de lazer, com a realização de diversos eventos.

“O objetivo é ter atrativos de entretenimento no município. Hoje vários eventos ocorrem na cidade, o calendário do pavilhão é recheado de atrações, com feiras, festas temáticas, feijoadas, shows. A secretaria vem fazendo com que a população tenha opções o ano todo, incentivando a realização de qualquer tipo de evento cultural aqui na cidade”.

Praças em falta

O professor Karol destaca que os números também identificam uma carência de espaços públicos como praças e parques na cidade. “As pessoas saem de Brusque para ir para a praia não para utilizar os serviços das outras cidades, mas o maior espaço público do lugar, que é a praia. Quando as pessoas vão a Curitiba, por exemplo, voltam encantadas falando sobre os parques de lá, não sobre os shoppings”.

Hoje, Brusque tem 143.111.67 metros quadrados de praças, parques e áreas públicas que podem ser frequentadas pela população, ou seja, a cidade tem 0,93 metros quadrados de praças por habitante, bem abaixo do considerado ideal, que é de 15 metros quadrados por habitante.

Ainda segundo a pesquisa, o Centro 1 e o Jardim Maluche são os bairros com mais praças.

Já os bairros com menos praças disponíveis para a população são Cedrinho, Limoeiro, Nova Brasília, Planalto, Thomaz Coelho e Zantão.

“A maioria das praças e parques estão na região central e a taxa de crescimento populacional aponta para a região da Limeira, por exemplo. Lá não tem essa proporção de praças e equipamentos públicos de lazer. Todos estão concentradas no Centro, mas o crescimento da cidade é para as bordas, a população fica deslocada. Esse é um desafio, entendemos os espaços públicos como um elemento chave para a transformação da cidade”.

O turismólogo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Ademir Moraes, destaca que o poder público precisa investir na diretamente na infraestrutura e, assim, atrair equipamentos de lazer, para que as pessoas possam permanecer na cidade. “Cidades turísticas estão sempre inventando atrativos para que não apenas o turista vá conhecer, mas para que os próprios moradores fiquem na cidade”.

De acordo com ele, é fundamental que a cidade tenha novos empreendimentos voltados ao lazer. “A preocupação quando se fala em empreender em Brusque é justamente essa, já que as pessoas, por hábito, saem muito daqui, muitos empreendedores não se arriscam em investir”.

Ele cita como exemplo as cidades de Balneário Camboriú e Pomerode, que estão sempre se renovando as atrações. “Todos os anos essas cidades investem em novas ideias, seja eventos, parques, atrações como a roda gigante. São esses os equipamentos necessários para se destacar. Esta é uma obrigação não apenas do poder público, mas também dos empreendedores”.
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