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77% das mortes no trânsito no primeiro semestre são de motociclistas, em Brusque

Ao todo, nove pessoas morreram em acidentes nos primeiros seis meses de 2019

No dia 16 de janeiro, por volta das 22h45, Adriel Nascimento Andrade, de 23 anos, estava transitando de motocicleta pela rua Ernesto Bianchini, no bairro Rio Branco, quando um veículo D10 invadiu pista na qual ele estava e o atingiu. A vítima foi levada ao pronto-socorro, mas morreu às 0h40 de 17 de janeiro.

Adriel era natural da Bahia e morava há dois anos em Brusque. Ele foi a primeira vítima fatal no trânsito de Brusque em 2019. Depois dele, outras oito pessoas morreram durante os primeiros seis meses do ano. Destas, seis também eram motociclistas. As outras duas vítimas morreram uma por atropelamento e outra em uma colisão entre dois veículos na rodovia Antônio Heil.

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No caso de Adriel, o condutor do veículo estava embriagado e fugiu sem prestar socorro. O motorista se apresentou à Polícia Civil no dia 17 de janeiro, mas negou ter participação no acidente.

“O para-choque é a tua cabeça”

Sete motociclistas morreram em acidentes de trânsito de janeiro a junho deste ano em Brusque. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) de maio deste ano, o município conta com 108.966 veículos. Destes, 61.438 são automóveis e apenas 18.757 são motocicletas.

A motocicleta representa apenas 17,2% da frota de veículos e os motociclistas que morreram no trânsito representam 77% das mortes. “Isso deixa claro o quanto esse tipo de veículo é perigoso”, avalia o comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar de Brusque, tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho.

Na visão do comandante, a motocicleta é um veículo bastante perigoso. “O para-choque é a tua cabeça. Não tem proteção alguma, o corpo está exposto e as pessoas ainda não desenvolveram a consciência do quanto é arriscado”, comenta.

Das sete mortes de motociclistas, em três as próprias vítimas foram as prováveis causadoras do acidente. Ferreira Filho analisa que os condutores são irresponsáveis e imaturos. “As motos usam e abusam da forma de transitar, se expõem muito ao risco” afirma o tenente-coronel. “[O motociclista] Tem sempre que saber que é o mais frágil no trânsito”, complementa.

Para evitar qualquer tipo de lesão e principalmente a morte, o comandante alerta para o uso correto da cinta jugular do capacete, que muitas vezes está aberta ou frouxa. “O capacete voa”, diz Ferreira Filho, e acaba causando sérios ferimentos, o que pode levar ao óbito.

Imprudência

Nos três casos em que os motociclistas foram os prováveis causadores do acidente, e nos demais três, que tiveram suas vidas ceifadas pela imprudência de outro condutor, a imprudência é a principal causa dos acidentes. “Quando ocorre um acidente, houve uma falha humana”, enfatiza o comandante.

Os acidentes são causados geralmente por negligência, imprudência ou imperícia. A negligência é uma falta de cuidado com a situação, como no caso do atropelamento. Na imprudência, presente na maioria dos casos, é quando o condutor executa uma ação sem pensar, faz sem precauções. E a imperícia consiste na falta de habilidade para realizar uma atividade.

Na maioria destes acidentes com mortes, os condutores, tanto a vítima quanto terceiros, estavam transitando em excesso de velocidade, embriagados ou ambos, o que pode ser caracterizado como imprudência.

Em três dos acidentes os condutores de veículos que atingiram motociclistas estavam embriagados. No caso do motociclista que colidiu com o muro, no relatório consta que ele havia ingerido bebida alcoólica.

O tenente-coronel considera que o “o pior é beber e dirigir de forma agressiva”, causando perigo a si e aos outros. Quando a polícia realiza blitz, ele diz que as pessoas mudam de comportamento.

No entanto, a ação tem diminuído por conta da falta de efetivo. Atualmente a Polícia Militar de Brusque conta com 95 policiais. “Nos acidentes de pequenos danos, os nossos policiais estão orientados a não atender mais. Nós não damos mais conta de atender o número de ocorrências”, explica Ferreira Filho.

O esperado é que com o concurso da Polícia Militar de Santa Catarina neste ano, o município seja contemplado e receba mais policiais.

Perfil dos acidentes

Os acidentes aconteceram principalmente entre a tarde e a noite. Confira o gráfico:

Em um dos acidentes, que aconteceu em no dia 21 de maio, pela manhã, havia forte neblina no local da colisão entre dois veículos, na rodovia Antônio Heil. Um vídeo mostra o momento do acidente, mas devido à neblina é difícil identificar o que aconteceu.

Acidente aconteceu em maio na rodovia Antônio Heil | Foto: Reprodução

O mês com mais vítimas foi junho: três pessoas morreram em acidentes de trânsito no mês passado. Em maio foram duas mortes. Veja o gráfico:

Com relação ao provável culpado do acidente, o quadro é meio a meio. Em quatro acidentes a própria vítima pode ter causado o acidente, em outros quatro outra pessoa foi culpada e em um deles não foi possível identificar.

Dentre os tipos de colisões dos acidentes fatais, a mais presente é entre carro e motocicleta. Em um dos casos, o acidente também envolveu um caminhão no qual o motociclista foi parar embaixo do veículo.

Com relação às causas dos óbitos, na maioria deles no relatório consta “a apurar”. Uma das vítimas morreu em decorrência de hemorragia interna no crânio, abdômen e tórax e também por traumatismo crânio encefálico (TCE). Outra vítima sofreu polifaturas.

Comportamento

Na avaliação do tenente-coronel, os condutores, tanto de automóveis quanto de motocicletas, precisam adotar uma direção defensiva, prestando atenção em si, mas também nos outros e além disso, despertar um amor próprio. “A pessoa que se respeita vai se cuidar mais e vai ter mais respeito às outras pessoas também”.

Das nove vítimas, uma era criança, quatro tinham entre 23 e 28 anos, duas tinham 32 e 38 anos e duas tinham 49 anos. Para Ferreira Filho, o envolvimento de principalmente pessoas jovens mostra que os condutores dessa faixa etária são mais imaturos e irresponsáveis.

O oficial acredita que, para mudar isso no futuro, é preciso educar de forma mais rígida as crianças. “O sistema de educação tem que ser mais disciplinador”, afirma o oficial. Ele diz que é preciso “resgatar valores sociais para criar um jovem mais responsável”, que consequentemente torna-se um condutor mais maduro e consciente.

Na avaliação do comandante, é preciso que as crianças aprendam desde cedo que se fizerem algo de errado, serão punidas. “Hoje infelizmente tudo se passa a mão na cabeça”.

No entanto, para mudar o comportamento dos condutores que já são habilitados, o comandante não vê outra solução se não a fiscalização preventiva e também a eletrônica. “Não adianta querer conversar, tem que tocar no bolso”, ressalta.

Veja no mapa onde os acidentes aconteceram e clique nos ícones  para ver as informações sobre cada um. 

Décima morte

No dia 4 de julho, o motociclista Mateus Meira Gomes, 21 anos, morreu em um acidente na rodovia Antônio Heil, em Brusque. Ele é a décima vítima fatal no trânsito neste ano, a primeira neste segundo semestre.

Corpo de Bombeiros Militar de Brusque/Divulgação

O acidente aconteceu na quinta-feira, 4, por volta das 21h50, em frente ao posto São Lucas, na rodovia Antônio Heil.

A condutora de um veículo Sandeiro, uma mulher de 22 anos, transitava sentido Centro-Itajaí, quando fez uma conversão à esquerda, em frente ao posto. A conversão no local é proibida pois a pista tem faixa contínua e tachões.

O motociclista estava transitando em alta velocidade, no sentido contrário do automóvel, o que combinado à conversão causou a colisão entre os dois.

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