A arte de escrever
Convite: Noite de lançamento do livro “Spleen”
Quando: 15 de março, às 19 horas
Local: Salão Cristo Rei, Guabiruba
Aberto: à toda comunidade
“a verdade fica mais bonita nua”. Arthur Schopenhauer
Chegando o dia do lançamento do meu segundo livro, o “Spleen”, decidi ler o livro A arte de escrever, do filósofo alemão, Arthur Schopenhauer. Algo me dizia que me prepararia para o dia após, para os novos projetos: “O canto do cisne” e o meu primeiro romance “M de Virginia Woolf”.
Uma das coisas que descobri foi de que embora, escrever seja uma técnica, para alguns uma profissão, o autor de uma obra, oferece ao leitor, o equivalente à sua disposição. Eis, a diferença entre as obras quaisquer e aquelas com maior potencial de tornarem-se atemporais. Fora isto, o leitor, absorve somente aquilo que precisa. E em seguida desaparece, em meio a uma infinita potencialidade de saberes que se espalham por todos os lados.
“A palavra dos homens é o material mais duradouro. Se um poeta deu corpo à sua sensação passageira com as palavras mais apropriadas, aquela sensação vive através de séculos nessas palavras e é despertada novamente em cada leitor receptivo”
Cada escritor, fala a sua língua e traduz o seu mundo simbólico em palavras, aromas, cheiros, conforme o autoconhecimento que tem de si e o domínio da forma. Proporcionalmente, será a facilidade em conhecer o estilo do autor, que é “a fisionomia do espírito” dele.
“Scribendi recte sapere est principium et fons – O saber é o princípio e a fonte para se escrever bem”, sentença de Horácio.
Schopenhauer, é um defensor, da “originalidade, do pensamento por si mesmo, do caráter de resolução e determinação, da clareza, da simplicidade”. Citando Ariosto: “Lo fece natura, e poi ruppe lo stampo – A natureza o fez, depois perdeu o molde”. Uma ode: aos que “pretendem parecer que têm algo a dizer, quando não têm coisa alguma”. Para ele existem apenas dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever.
No caso da minha experiência como escritora, vejo que o ofício é equivalente a presença de quem se ama. E o luxo literário, é o esgotamento dos exemplares da obra. É uma relação digestiva, onde o mastigado alimenta o ente criador.
Exigente, argumenta que a maioria dos livros são ruins e não deveriam ter sido escritos. Ensina ao escritor a ter parcimônia: “… é preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor, de modo a receber dele o crédito de considerar o que foi escrito digno de uma leitura atenta e capaz de recompensar o esforço empregado nela. Diga o que tem a dizer como uma pessoa deste mundo! ”
Palavras como preciosismo, solenidade, formalidade, afetado, obscuridade, subjetividade, não cabem no dicionário do filósofo. Para Schopenhauer, “toda palavra supérflua age diretamente contra seu objetivo”. Para Voltaire, “o adjetivo é inimigo do substantivo”.
Para mim, o eterno exercício de:
escrever: o que é digno de ser dito!
Méroli Habitzreuter – escritora, pintora e ativista cultural