José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

A Ciência e Deus

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

A Ciência e Deus

José Francisco dos Santos

 

Recebi por e-mail um texto de Luis Dufaur, intitulado “A ciência se depara face a face com Deus, após séculos de cientificismo antirreligioso”. O texto aborda as ideias do matemático norte-americado Almir D. Aczel, no livro, “Por que a Ciência não Desaprova Deus?” A ideia é que, após estrondoso desenvolvimento científico, o ateísmo cientificista se vê cada vez mais na berlinda. A cada nova descoberta, mais o mistério se amplia, e fica sempre mais difícil “amarrar” tudo sem se recorrer a uma poderosa inteligência criadora.

No século XIX, o filósofo e cientista norte-americano Charles Sanders Peirce já havia antecipado tudo isso. Foi ele quem preconizou, pela primeira vez, que a ciência é conhecimento provisório e falível, tese que fez sucesso no século XX através de Karl Popper. 

Mas além de desmitificar o cientificismo iluminista, Peirce voltou a valorizar a metafísica, tida como resquício de medievalismo. Para ele, o papel da ciência é levantar hipóteses que devem ser testadas para que, a partir de suas falhas, se possa progredir com novas hipóteses. Ora, naquilo que não é possível ainda experimentar, o espírito humano não sossega, e continua perguntando. Esse é o campo da metafísica!

Então, o filósofo se pergunta: como é possível essa imensa variedade, perfeição , leis e acaso, liberdade e regra? Como é possível que a matéria inanimada dê origem à inteligência, que permeia o universo inteiro?

Então, ele propõe a hipótese de que não foi a matéria que originou tudo, afinal, a mente não pode derivar da matéria, pois o mais não deriva do menos. Só a mente pode ter gerado a matéria. Assim, o universo seria, primordialmente, inteligência, mente. Os cientificistas replicariam, dizendo que isso é mera hipótese. E Peirce responde: “Ok, é uma hipótese que não pode ser testada, portanto é metafísica. Mas ao admiti-la, temos uma explicação melhor para o fato do universo do que a hipótese materialista”.

O materialismo, de igual modo, é uma hipótese metafísica. Nenhuma descoberta científica pode sustentar que a matéria bruta originou a inteligência.

Aliás, essa hipótese é muito mais absurda.  O milagre deveria ter sido muito maior para que isso acontecesse. Ou seja, o materialismo é uma religião muito menos plausível do que a religiosidade que os ateus combatem como ignorância.

Mas eles estão tão cheios de sua “sabedoria” que não conseguem perceber essa contradição flagrante.

O desenvolvimento da ciência vem confirmando a filosofia de Peirce, e tenho esperanças de que o século XXI nos leve a um pensamento menos contaminado, mais iluminado e menos “iluminista”.

Amir D. Aczel é um ótimo presságio!

 

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