A Ciência e Deus
Recebi por e-mail um texto de Luis Dufaur, intitulado “A ciência se depara face a face com Deus, após séculos de cientificismo antirreligioso”. O texto aborda as ideias do matemático norte-americado Almir D. Aczel, no livro, “Por que a Ciência não Desaprova Deus?” A ideia é que, após estrondoso desenvolvimento científico, o ateísmo cientificista se vê cada vez mais na berlinda. A cada nova descoberta, mais o mistério se amplia, e fica sempre mais difícil “amarrar” tudo sem se recorrer a uma poderosa inteligência criadora.
No século XIX, o filósofo e cientista norte-americano Charles Sanders Peirce já havia antecipado tudo isso. Foi ele quem preconizou, pela primeira vez, que a ciência é conhecimento provisório e falível, tese que fez sucesso no século XX através de Karl Popper.
Mas além de desmitificar o cientificismo iluminista, Peirce voltou a valorizar a metafísica, tida como resquício de medievalismo. Para ele, o papel da ciência é levantar hipóteses que devem ser testadas para que, a partir de suas falhas, se possa progredir com novas hipóteses. Ora, naquilo que não é possível ainda experimentar, o espírito humano não sossega, e continua perguntando. Esse é o campo da metafísica!
Então, o filósofo se pergunta: como é possível essa imensa variedade, perfeição , leis e acaso, liberdade e regra? Como é possível que a matéria inanimada dê origem à inteligência, que permeia o universo inteiro?
Então, ele propõe a hipótese de que não foi a matéria que originou tudo, afinal, a mente não pode derivar da matéria, pois o mais não deriva do menos. Só a mente pode ter gerado a matéria. Assim, o universo seria, primordialmente, inteligência, mente. Os cientificistas replicariam, dizendo que isso é mera hipótese. E Peirce responde: “Ok, é uma hipótese que não pode ser testada, portanto é metafísica. Mas ao admiti-la, temos uma explicação melhor para o fato do universo do que a hipótese materialista”.
O materialismo, de igual modo, é uma hipótese metafísica. Nenhuma descoberta científica pode sustentar que a matéria bruta originou a inteligência.
Aliás, essa hipótese é muito mais absurda. O milagre deveria ter sido muito maior para que isso acontecesse. Ou seja, o materialismo é uma religião muito menos plausível do que a religiosidade que os ateus combatem como ignorância.
Mas eles estão tão cheios de sua “sabedoria” que não conseguem perceber essa contradição flagrante.
O desenvolvimento da ciência vem confirmando a filosofia de Peirce, e tenho esperanças de que o século XXI nos leve a um pensamento menos contaminado, mais iluminado e menos “iluminista”.
Amir D. Aczel é um ótimo presságio!